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Poder Soul
4 dezembro 2017 – 8 dezembro 2017
Segunda-feira
Innersouls
Just take your time
Plemmons
Otis Ware, Leroy Posey, Stanley Baird, John Wyatt, Norris Duckett, Sammy Bowens e Jerome Martin fundaram os Innersouls em Asheville, na Carolina do Norte, na viragem dos 60 para os 70.
Embora muito novos, eram todos músicos ultra-dotados, que tocavam juntos desde o tempo do Liceu, conseguindo que os Innersouls se transformassem rapidamente num fenómeno local que, apesar de levar os seus sofisticados concertos a toda a Costa Este, não viu a sua noteriedade reflectida em disco nem o seu talento reconhecido à escala nacional.
Estranhamente a única oportunidade discográfica que haveriam de ter surge na sequência de terem tocado na festa de anos de um filho do ex-piloto Dick Plemmons, que se apaixona pela banda e resolve financiar-lhes a gravação e edição do seu único disco, acabando por assumir o seu management.
“Just take your time”, gravado em 73 no estúdio de Harry Deal, na rural Taylorsville, é também o único disco da Plemmons Records e não teve uma distribuição convencional, sendo as reduzidas cópias prensadas oferecidas em concertos e, muitas vezes, lançadas do palco para o público em delírio.
Esta verdadeira bomba de pista de dança, aparentemente improvisada na sessão de gravação, transformou-se num dos mais raros e cobiçados discos da cena Deep Funk.
Foi, felizmente, reeditada pela subsidiária da Jazzman – Funk 45 – em 2006.
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Poder Soul
4 dezembro 2017 – 8 dezembro 2017
Terça-feira
United Sounds
It's all over (baby)
United
É praticamente nula a informação bibliográfica disponível acerca dos United Sounds e o pouco que se sabe resulta da análise atenta do rótulo do seu único sete-polegadas.
Serão nativos da West Columbia, na Carolina do Sul, base da United Records, pequena editora local de Gospel, Soul e Funk, fundada por C.B. Herndon, também responsável por discos notáveis dos Mixed Feelings, dos Black Exotics ou de Joseph Bowman, que abrigou no seu estúdio o marcante engenheiro de som Jim Stanton, o homem que presidiu à sessão de gravação deste disco antes de regressar ao Tennessee para fundar a Champ Records.
“It’s all over (baby)”, editado nos primeiros anos da década de 70, é uma autêntica obra-prima Crossover e um dos mais raros e disputados singles da actual cena Soul.
Introduzido nos clubes especializados por Mark “Butch” Dobson, como um cover-up cuja identidade acabou por ser revelada por Greg Belson, quando assegurou uma das poucas cópias que se conhecem, este impressionante double-sider tem atingido os vários milhares de euros no mercado de usados, seja qual for o seu estado, tal é loucura que gera.
Este ano, foi alvo do inevitável bootleging, o que me permite apresentá-lo aqui, no Poder Soul…
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Poder Soul
4 dezembro 2017 – 8 dezembro 2017
Quarta-feira
Lloyd Nolan
I don't know about you
King
Nativo de Bassfield, no Mississipi, Lloyd Nolan deslocou-se até Cincinnati, no princípio dos anos 60 para assinar contrato com o histórico império discográfico da King Records.
Gravou dois singles, em 62, e desapareceu sem deixar rasto.
Ainda assim fez o suficiente para deixar a sua marca nas cenas Mod, Rhythm & Blues, Soul e Popcorn.
“Fun fun”, o seu disco de estreia, cujo rótulo atropela a ortografia do seu apelido, é um clássico nos clubes onde o mais visceral e crú Rhythm & Blues reina.
“I don’t know about you”, o seu derradeiro lançamento, é o seu momento supremo e faz as delícias de quase todos os quadrantes da cultura retro.
Mais uma perola inspirada no sucesso de “Fever”, “I don’t know about you” é uma enorme canção, que cruza, de forma magistral, Jazz, Rhythm & Blues e a mais embrionária Soul e que se veio a transformar num valioso objecto de coleção.
Ambas as canções foram incluídas em volumes da imprescindível série, assinada por Mr. Fine Wine, que a Vampi Soul dedica ao espantoso catálogo da King e das várias marcas que lhe estão associadas – Hipshakers.
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Poder Soul
4 dezembro 2017 – 8 dezembro 2017
Quinta-feira
Justin
Right now
Down East
Justin é um pseudónimo de Ben Boyce, produtor e escritor de canções nova-iorquino sobre quem não existe informação bibliográfica abundante mas que, na segunda metade da década de 60, esteve por detrás de alguns interessantes lados que artistas como King George, Connie Questell, Johnny + The Expressions ou The Intrigues gravaram para marcas como a Josie, a Decca, a RCA Victor ou a Port.
Enquanto artista, apenas assinou um disco, optando pelo nome Justin.
“Right now”, que foi produzido em parceria com o mestre do Jazz de fusão LaMont Johnson, em 69, teve duas edições na Down East, editora que parece ter sido criada para o efeito, até porque cessou a sua actividade logo a seguir, e uma no selo britânico Buffalo.
Esta potente e crua canção Funky Soul foi adoptada pelos mais progressivos Djs europeus, no fim dos anos 90, e é completamente infalível quando lançada numa pista de dança.
Foi reeditada em 2010, num bootleg que a junta ao clássico Funk que Jack Hammer gravou para a Motown, “Swim”.
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Poder Soul
4 dezembro 2017 – 8 dezembro 2017
Sexta-feira
Marcia Hines
You gotta let go
Wizard
Prima de Grace Jones e de Colin Powell, Marcia Hines nasceu em Boston, em 1953, mas mudou-se para Sydney, na Austrália, com 16 anos, para integrar o elenco da produção local do musical “Hair” e se transformar numa das grandes estrelas daquela gigante ilha.
Entre 75 e os nossos dias, Marcia gravou mais de duas dezenas de álbuns e meia centena de singles, colecionou discos de platina e lugares cimeiros no Top Australiano, foi o mais popular júri da edição local dos Ídolos e recebeu os mais importantes prémios e condecorações do país.
“You gotta let go” faz parte do alinhamento de “Marcia shines”, o seu Lp de estreia, editado pela Wizard em 75 e que viria bater o recorde de vendas de uma artista feminina na Austrália.
Embora o restante Lp seja pouco mais do que sofrível, “You gotta let go” é uma deliciosa pérola Modern Soul, de acentuado sabor Disco, e transformou-se depressa num enche pistas dos clubes especializados.
Teve três edições em sete-polegadas – uma australiana e duas italianas, entre as quais um split single que, imagine-se, tem “Fernando” dos Abba no lado A – todas altamente colecionáveis, todas avaliadas na casa das centenas.
Felizmente, a ortodoxia dos Djs e colecionadores hardcore da cena Soul deixa-nos o Lp disponível a preços quase dez vezes inferiores àqueles que os singles atingem.
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