• Poder Soul

    30 julho 2018 – 3 agosto 2018

    Segunda-feira

    Ruby Lee

    I’m gonna put a watch on you

    Poptone

    Embora existam sites que afirmem que a Ruby Lee casada com Jimmy Meyers e voz do seu trio, que fez carreira nos clubes nocturnos de Georgetown e de Washington D.C. e que até cantou numa gala para Kennedy e a Ruby Lee que aqui trago sejam a mesma pessoa, isso está muito longe da verdade.

    Uma é branca, a outra, sem dúvida, negra. Uma teve a sua vida bem documentada, a outra é mais um mistério por desvendar da infindável cena Soul de Detroit na década de 60.

    Desta Ruby Lee apenas se sabe que gravou um só single, associado a Willie “Tony” Ewing, membro dos Technics, fundador dos selos Chex e Volume Records, que acolheram nomes como Othea George, The Volumes ou The Majestics e um dos activistas da mais embrionária Soul da Motor City.

    “I’m gonna put a watch on you” foi editado em 63 pela Poptone, editora que não tem qualquer outro registo e que não se sabe se foi ou não mais uma extensão das marcas de Ewing, e é um verdadeiro monstro.

    Um intenso e visceral cruzamento entre Rhythm & Blues e Soul, com uma espantosa intro e uma enorme prestação vocal, que não deixa nenhuma pista de dança indiferente e que, desde que foi introduzido nos clubes especializados no princípio dos anos 80, tem feito o pleno dos vários quadrantes da cena retro.

     

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    30 julho 2018 – 3 agosto 2018

    Terça-feira

    Sam Bros. 5

    S.A.M.

    Arhoolie

    Na segunda metade da década de 70, em Houston no Texas, o acordeonista Herbert Sam, conhecido por Daddy “Good Rockin” Sam, resolveu juntar os seus filhos Leon, Carl, Glen, Calvin e Rodney e fundar os Sam Bros. 5, um dos mais carismáticos grupos de Zydeco do estado.

    Depois de construírem um sólida reputação, através das suas constantes, enérgicas e progressivas actuações, onde começaram a incluir elementos de Funk, Disco e Boogie na sua música, os Sam Bros. 5 estrearam-se em disco em 79 e, nos dez anos seguintes, gravaram três Lps e três singles para a Arhoolie, a Blues Unlimited e a Maison de Soul e, mesmo não tendo voltado a editar, mantém-se em actividade até aos nossos dias.

    “S.A.M.” fecha o alinhamento do seu primeiro Lp e é a sua grande contribuição para as pistas de dança.

    Uma surpreendente e refrescante excursão Disco Funk, predominantemente instrumental, que parte de uma fabulosa citação do hit dos Chic – “Le Freak” – para explodir numa crua desbunda rítmica, com uma energia absolutamente contagiante.

    Introduzida na mais independente cena Deep Disco, no fim dos anos 90, continua a ser um tiro certeiro nos mais esclarecidos clubes e pode ser acrescentado a qualquer coleção pelo mesmo valor de um disco actual.

     

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    30 julho 2018 – 3 agosto 2018

    Quarta-feira

    Arnold Blair

    Trying to get next to you

    Gemigo

    Não é certo que Arnold Blair fosse a pessoa responsável pela limpeza dos escritórios da Curtom Records, durante a sua fase mais criativa, uma afirmação atribuída a Leroy Hutson, o grande responsável pelo seu curto mas marcante output discográfico.

    Nascido em 1948, este espantoso cantor e compositor foi, na verdade, um dos talentos que fez parte do rooster da histórica operação editorial de Curtis Mayfield que, nesta altura, reunia nomes como Linda Clifford, os Natural Four ou os Notations.

    Apadrinhado pelo extraordinário produtor, compositor, teclista e cantor que substituiu Mayfield na liderança dos Impressions, Arnold Blair participou em discos de Leroy Hutson ou de Ed Townsend e, em 1975, foi para estúdio com o seu tutor, para gravar o único disco que editou em vida e um dos maiores clássicos da cena Modern Soul.

    “Trying to get next to you”, editada pela subsidiária da Curtom – Gemigo Records – é uma verdadeira obra-prima midtempo, uma das mais essenciais peças da melhor Soul independente dos 70 e o exemplo perfeito do talento singular de Arnold Blair que, nos principio da década de 80 trocou a actividade artística pela imobiliária, para acabar brutalmente assassinado, aos 48 anos, na sua casa em Dallas.

    Raríssima no seu formato original esta pérola foi reeditada, recentemente, pela Soul Jazz e a Super Disco Edits recuperou dois excelentes temas registados na mesma sessão de gravação, que se mantiveram inéditos até 2016.

     

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    30 julho 2018 – 3 agosto 2018

    Quinta-feira

    Aalon Butler + The New Breed Band

    Gettin’ Soul Part 1

    PKC

    No fim dos anos 60, Aalon Butler formou a New Breed Band, em Milwakee, e gravou dois dos mais colecionáveis sete-polegadas do midwest norte-americano.

    Em 1969 o grupo mudou-se para Los Angeles e, enquanto Aalon Butler viria a acompanhar Eric Burdon, antes de assinar um contrato com a Arista do qual resultaria o seu único êxito – “Cream city” – a New Breed Band continuou a sua actividade como A Different Bag, tendo gravado mais dois singles independentes.

    “Gettin’ Soul”, gravado em 68 para a pequena editora local – PKC – é o segundo dos dois discos de culto que marcaram o arranque da sua carreira e aquele que leva os mais ambiciosos Djs e colecionadores à loucura.

    Uma crua, potente e visceral canção, registada no mais carismático low-fi, que, desde que foi desvenda durante o auge do movimento Deep Funk, rebenta com qualquer clube especializado.

    Em 2013 foi reeditada pela Tramp tornando-se acessível a todos aqueles para quem as cópias originais não passam de um sonho inalcançável.

     

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    30 julho 2018 – 3 agosto 2018

    Sexta-feira

    Mr. Wigg + Co.

    You’ve got a lot of living (Part one)

    Wiglet

    Este disco é um dos exemplos das infindáveis possibilidades que se abrem quando a fechada e, por isso, autolimitada cena especializada se cruza com as mais abertas mentes da actual cultura de clubes. 

    Gravado em 1980 e editado pela Wiglet, um pequeno selo criado para o efeito, este é o único disco deste projecto, aparentemente originário de Nashville, liderado por Ed “Mr. Wigg” Wiley e composto por Charles Maston, Henry Taylor, Tyrone Smith, Angela Coleman, Valerie Smith e Vivian Collins.

    Descoberto por Dave Haffner, mentor da Friends of Sound, de Austin no Texas, recolocado em Portland, que consegui adquirir os seus direitos, transformou-se num troféu nas cenas Modern Soul e Deep Disco, até que foi parar às malas de Djs como Floating Points, Motor City Drum Ensemble ou Optimo e se tornou num fenómeno com um alcance quase universal, algo que poderia acontecer a muitos dos clássicos que alimentam as pistas especializadas, caso fossem alvo de um idêntico crossover.

    Claro que, estando as escassas cópias originais apenas ao alcance de uns poucos eleitos, foi a reedição de 2016 da Athens of the North que acabou por permitir que esta pequena maravilha Disco Boogie, temperada pelo mais low-fi Jazz Funk, atingisse tal popularidade.

     

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