• Poder Soul

    3 setembro 2018 – 7 setembro 2018

    Segunda-feira

    Weston Prim + Backlash

    Spider web

    Memphis Express

    Multiracial e baseada em Gainsville, a Backlash era uma das mais activas bandas da Flórida, no início da década de 70.

    Num pequeno autocarro, que baptizaram Memphis Express, nome que viriam a dar à sua pequeníssima editora, percorriam os mais refundidos clubes de todo o Sudeste americano, imunes aos inúmeros problemas que a sua mistura racial causava, muitas vezes com as autoridades.

    Entre 72 e 74, editaram dois sete-polegadas, que eram vendidos nos seus concertos e que lhes garantiram um lugar na história.

    Gravado no pequeno estúdio de Jesse Boone – Gwen Record Company – em Albany, na Georgia, “Spider web” é o primeiro e o mais marcante desses discos.

    Este coeso e potente instrumental, creditado a Weston Prim + Backlash, provavelmente porque a presença em palco do seu poderoso vocalista, nativo do Alabama, com cento e quarenta quilos, era um dos factores distintivos desta competente banda, transformou-se num dos clássicos essenciais da cena Deep Funk.

    Mais um disco de raridade extrema que foi reeditado, em 2005, pela Funk 45, subsidiária da inevitável Jazzman Records.

     

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    3 setembro 2018 – 7 setembro 2018

    Terça-feira

    Johnny Moore

    Don’t let it blow your mind

    Sonic Wax

    Embora as edições da Sonic Wax não sejam completamente fiáveis, a exemplo do que sucedeu com o acetato de “Love recipe” que, na sua reedição é creditado a L.T. Davis, e na recuperação, mais tardia, da cuidadosa Numero Group é atribuído a Calvin Harris, acompanhado da sua história, tudo indica que este seja mesmo um inédito de Johnny Moore.

    Nascido em 1940, em West Point no Mississippi, Johnny Moore fixou-se em Chicago, no princípio dos anos 60, onde fez toda a sua carreira, quer como cantor, quer como compositor, assinando canções para nomes como Tyrone Davis ou Syl Johnson.

    Entre 66 e 74, editou cerca de uma dezena e meia de singles, a solo, com a Lorenzo Smith Band e como Johnny + Jake, duo que fundou com o seu irmão, para selos emblemáticos como Bright Star, Date, Chi-City, Larry-O, Blue Rock, Mod, Mercury, Brunswick, Jadan e Parral, sem que nunca tivesse conhecido o sucesso.

    “Don’t let it blow your mind” terá sido gravada nos primeiros anos da década de 70, para ficar na obscuridade até 2009, ano em que as suas fitas foram recuperadas, dando origem a esta edição, e é, na minha opinião, o seu momento de excepção.

    Uma enorme canção Crossover, com uma daquelas maravilhosas introduções faladas que só estes discos têm, uns espantosos arranjos e um belo take vocal, que parece não ser o definitivo, ganhando um outro charme, que contagia qualquer amante da melhor música negra.

     

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    3 setembro 2018 – 7 setembro 2018

    Quarta-feira

    Keisa Brown

    The dance man

    LUL

    Keisa Brown nasceu em Jackson, no Mississippi, mas cresceu em Chicago, onde começou a cantar, na escola e na igreja.

    Depois de ter dado nas vistas num concurso de talento, passou uma temporada em Los Angeles onde gravou uma série de discos com H.B. Barnum, entre 73 e 76, para editoras como a United Artists, a Little Star ou a Marsel.

    Nos anos 80 regressou à sua cidade natal para, através de uma decisiva associação a Frederick Knight e à sua Park Place Records, conhecer finalmente o sucesso que a sua marcante voz perseguia e merecia.

    “Dance man”, gravado no fim da década de 60, para a pequena editora de Atlanta, fundada por Earl Williams – LUL Records – é o seu primeiro sete-polegadas e anterior a toda esta história.

    Um disco completamente obscuro, que não terá feito o que quer seja em benefício da sua carreira mas que é, certamente, o seu mais genial momento.

    Uma enorme e incisiva canção Funk, tão crua quanto deve ser, que revela a extraordinária voz de Keisa Brown, aqui mais acutilante do que nunca, e se transformou num dos grandes hinos da cena especializada.

    Com apenas uma meia-dúzia de cópias conhecidas no seio dos mais obstinados colecionadores, a reedição de que foi alvo pela Jazzman, em 2009, na sequência do segundo volume da recolha de Ian Wright, “Sister Funk”, é um verdadeiro achado.

     

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    3 setembro 2018 – 7 setembro 2018

    Quinta-feira

    Sarah Webster Fabio

    Sweet songs

    Folkways

    Poeta, crítica literária e professora universitária, Sarah Webster Fabio foi uma activista que contribuiu decisivamente para emancipação e afirmação da cultura afro-americana, nas décadas de 60 e 70.

    Nascida Sarah Webster, em Nashville, em 1928, adoptou o apelido Fabio, depois de se casar Cyril, um dentista que se graduou na primeira grande universidade negra americana – Meharry Medical College – e de quem teve cinco filhos, circunstância que foi adiando a sua formação e carreira.

    Nos anos 60, depois de finalmente ter conseguido acabar o seu mestrado, Sarah Webster Fabio começa a dar aulas no Merritt College, em Oakland, centro de muita da actividade dos Civil Rights e Black Arts Movements, e a editar e ler publicamente a sua obra.

    Já depois de se ter divorciado, grava, entre 72 e 77, uma série de quatro Lps para a Folkways, onde declama a sua poesia e partilha o seu conhecimento, sobre ambiciosos e progressivos instrumentais da mais moderna e, simultaneamente, enraizada música negra.

    Gravada em 76, “Sweet songs” faz parte do alinhamento de “Jujus / Alchemy of the Blues”, álbum que gravou com Don’t Fight the Feeling, banda composta, maioritariamente, pelos seus filhos e que é apresentada ao longo da canção.

    Uma bela peça da mais militante música negra da década de 70, que deve fazer parte de qualquer coleção e que foi reeditada em sete-polegadas pela Tramp, em 2009.

     

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    3 setembro 2018 – 7 setembro 2018

    Sexta-feira

    Jan Jones

    Independent woman

    Day-Wood

    Jan Jones é uma misteriosa cantora de Cleveland, no Ohio, que apenas gravou um disco, aparentemente, ainda muito jovem e sobre quem não se sabe absolutamente mais nada.

    “Independent woman”, que foi escrita pela própria e produzida por J.A. Brinson, que também dirigiu discos de culto de nomes como os Four Wonders ou os Solaris, foi editada em 1980 pela pequena independente local, fundada por Bob Davis e Melvin Wood, que também nos deu singles dos Imperial Wonders e dos 7 Nombres: Day-Wood Records.

    Introduzida no circuito britânico nas míticas noites de Stafford, pouco depois de ter saído, transformou-se num tema obrigatório para os adeptos de Modern Soul e num cobiçado trofeu, apenas acessível aos mais abastados Djs e colecionadores.

    Esta pequena maravilha midtempo é, hoje, mais pertinente do que nunca, foi alvo de um bootleg em 2006 e incluída em várias compilações do género, desde 1987.

     

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