• Poder Soul

    29 outubro 2018 – 2 novembro 2018

    Segunda-feira

    Bobby Mitchell

    Well, I done got over it

    Sho-Biz Corporation

    Bobby Mitchell nasceu em 1935, em Algiers no Louisiana, para vir a ser uma figura de proa da cena Rhythm & Blues e Rock’n’Roll, iniciada por Lloyd Price e Fats Domino na New Orleans da década de 50.

    Formou o seu primeiro grupo vocal – The Louisana Groovers – com apenas dezassete anos e, nesse mesmo ano, depois de gravar uma demo com a sua primeira canção original que chegou à rádio, profissionaliza-se com os The Toppers como banda suporte, com que se estreia em disco, em 53, depois de serem “descobertos” por Dave Bartholomew.

    Nos onze anos que se seguiram, Bobby Mitchell gravou cerca de dezena e meia de singles para editoras como a Imperial, a Sho-Biz, a Ron ou a Rip, entre os quais alguns hits que o levaram ao American Bandstand.

    Gravada em 60 para a Sho-Biz e produzida por Mac Rebennack a.k.a. Dr. John, “Well, I done got over it” é uma espantosa versão do original de Guitar Slim.

    Uma explosiva bomba Rhythm & Blues carregada de Soul, com uma imensa intro vocal, que incendeia qualquer pista de dança e que, desde que foi introduzida na cena especializada, tem levado à loucura os mais empenhados Djs e colecionadores.

     

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  • Poder Soul

    29 outubro 2018 – 2 novembro 2018

    Terça-feira

    Fortson + Scott

    Sweet lover

    Pzazz

    Robby Fortson e Walter Scott juntaram-se em Los Angeles no fim da década de 60, para formarem um dos duos de maior culto no seio da comunidade Soul especializada.

    Aposta da Pzazz, editora fundada por Paul Gayten, quando este importante cantor, pianista, compositor e director de orquestra resolveu trocar New Orleans pela Cidade dos Anjos, editando nomes como Lorez Alexandria, Louis Jordan, Misty Moore, Little Janice, Soul Machine ou Warm Excursion, Fortson + Scott gravaram, entre 68 e 69, dois singles em dueto, além de mais um disco a solo de cada um, e não precisaram de mais para deixar a sua marca.

    “Sweet lover” é o derradeiro disco do duo e um dos maiores hinos Crossover de que há memória.

    Uma imensa canção que junta umas harmonias e uns arranjos que roçam a perfeição a uma intensa interpretação e a uma produção gorda e que apenas estaria ao alcance dos mais abastados djs e colecionadores se, em 2001, a Grapevine 2000 não tivesse reeditado este disco que, no seu formato original, troca de mãos por valores que rondam o milhar.

     

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    29 outubro 2018 – 2 novembro 2018

    Quarta-feira

    Buddy Miles

    I’m just a kiss away

    Columbia

    Buddy Miles nasceu em Omaha, no Nebraska, em 1947.

    Começou a tocar bateria aos nove anos e aos doze já integrava a banda de Jazz do pai – The Bebops.

    Depois de passar a sua adolescência a colaborar com grupos de Rhythm & Blues, tanto como baterista, como corista, em 66 foi recrutado por Wilson Pickett para se juntar à sua banda e iniciou um riquíssimo percurso que lhe valeu um estatuto de culto que dura até aos nossos dias.

    Fez parte dos Electric Flag, de Mike Bloomfield, e da Band of Gypsies, de Jimi Hendrix, colaborou com nomes como Muddy Waters, John McLaughlin, The Last Poets, Santana, Betty Davis ou Funkadelic e, durante as quase quatro décadas que se seguiram, gravou um sem número de discos em nome próprio ou com bandas que liderou, entre as quais a mítica Buddy Miles Express.

    Escrita e produzida por Johnny Bristol, com arranjos de H.B. Barnum, “I’m just a kiss away” faz parte do alinhamento do seu Lp de 74 – “All the faces of Buddy Miles” – e foi editada em sete-polegadas, de forma a tornar-se num clássico da cena Soul.

    Esta tremenda canção, onde a característica guitarra com wah wah convive com uns arranjos altamente sofisticados, é, na minha opinião, um dos momentos mais excepcionais da recheada carreira de Buddy Miles e a prova irrefutável de que, além de um baterista de elite, foi um tremendo cantor.

     

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    29 outubro 2018 – 2 novembro 2018

    Quinta-feira

    American Dairy Association of Mississippi

    Milk (The Basic)

    A.D.A.M.

    Este disco é um exemplo supremo de que a militante actividade de um Digger pode desvendar grandes temas vindos das mais inesperadas fontes.

    Creditada à American Dairy Association of Mississippi, ninguém sabe, na realidade, quem é que compôs, tocou e gravou esta verdadeira pérola Funk, desvendada na crucial mixtape – “Product Placement” – assinada por Dj Shadow e Cut Chemist.

    Sabe-se que terá sido editada em 1969, como parte de uma campanha destinada a incentivar o consumo de leite, e gravada em Jackson, nos estúdios da Malaco Records, importante companhia local fundada por Tommy Couch e Mitchell Malouf que, nos anos 70, lançou discos marcantes de nomes como Dorothy Moore, Eddie Floyd, Jewel Bass ou Kim Morrison.

    Esta grande canção, eminentemente instrumental, que arranca com uma poderosa linha de baixo e se constrói sobre uma bateria incisiva, um órgão sujo, uma guitarra arranhada e uns panfletários ad-libs vocais, transformou-se numa espécie de Graal do movimento Deep Funk.

    Sendo a edição original praticamente impossível de localizar, a reedição de que foi alvo em 2002, através da Jazzman, é autêntico serviço público.

     

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  • Poder Soul

    29 outubro 2018 – 2 novembro 2018

    Sexta-feira

    Otis Clay

    The only way is up

    Echo

    Otis Clay nasceu em 1942, no Mississippi, no seio de uma família com fortes raízes musicais.

    Depois de ter integrado vários grupos Gospel como os Voices of Hope, Christian Travelers, Golden Jubilaires, Holy Wonders, Pilgrim Harmonizers, Gospel Songbirds ou Sensational Nightingales, no princípio dos anos 60, decidiu dedicar-se, em exclusivo, à música secular, em Chicago, a cidade que o viria a adoptar.

    Estreou-se em disco em 65 e, nas cinco décadas que se seguiram, gravou algumas dezenas de Lps e singles para editoras como a One-Derful, a Cotillion, a Dakar, a Hi ou a sua Echo, entre outras, tendo trabalhado com produtores chave como Syl Johnson ou Willie Mitchell.

    Gravado em 1980 e editado através do seu próprio selo – Echo Records – “The only way is up” é o seu momento mais épico.

    A versão original desta canção, que acabou por ser imortalizada por Yazz, produzida pelos Coldcut, num take que não lhe chega aos calcanhares, é um verdadeiro monstro Modern Soul, que mostra bem o enorme talento vocal de Otis Clay e leva ao delírio qualquer pista de dança, seja em que contexto for.

    Um disco de alguma raridade, que pede uma reedição urgente, de forma a ter o alcance que merece.

     

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