• Poder Soul

    29 abril 2019 – 3 maio 2019

    Segunda-feira

    Terea

    Pretty bird

    Baby Grand

    Baseada na Califórnia, a Baby Grand foi uma editora, dirigida por Ron Fair, que esteve activa entre 1977 e 79 e que, a exemplo do que acontecia com a Tiger Lilly ou a Guinness, servia como um esquema de fuga aos impostos para gente rica, que ao investir em discos destinados a dar prejuízo, conseguia avultados créditos fiscais, muito superiores áquilo que havia empatado.

    Isto significava que, se por um lado, esta marcas nada faziam para vender os seus discos, por outro, não tinham qualquer preocupação com a viabilidade comercial dos projectos que gravavam, mas apenas com a sua credibilidade artistica, o que lhes permitiu editar obras essenciais de nomes como as Jackson Sisters, Clydie King, Newban ou Disco Space Funk Band, entre outros.

    Terea, projecto da cantora e compositora de San Francisco – Sharon Robinson – que por ter medo de se ver envolvida em problemas legais, não quis assinar o disco em nome próprio, é um exemplo supremo da música sublime que estas pantanosas editoras nos deram.

    Produzido por Dennis Dreith e John Seiter, “Pretty bird” é o momento supremo do único e ultra-colecionável Lp registado por Terea, em 77, e uma verdadeira obra-prima.

    Uma enorme canção Soul, com uns espantosos e futuristas arranjos Jazzy e uma grande interpretação de uma cantora que, para além de ter sido uma das colaboradoras de eleição de Leonard Cohen, tem feito toda a sua carreira na sombra de outros artistas.

     

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    29 abril 2019 – 3 maio 2019

    Terça-feira

    Barbara Lewis

    The stars

    Enterprise

    Nascida em 1943 em Salem, no Michigan, Barbara Lewis teve uma bem-sucedida carreira, que durou toda a década de 60 e se estendeu até aos primeiros anos da de 70.

    Começou a cantar e a escrever canções com apenas nove anos e, ainda teenager, iniciou a sua carreira discográfica, apadrinhada por Ollie McLaughlin, um reputado Dj de Ann Arbor, que se viria a dedicar à produção e à edição, tendo criado independentes de culto como a Carla, a Karen, a Moira e a Ruth.

    Entre 61 e 73, Barbara Lewis editou seis Lps e mais de duas dezenas de singles, através de marcas como a Atlantic, a Enterprise, a Stax ou a Reprise, tendo assinado uma mão cheia de êxitos e de clássicos.

    Gravado em 70, para a Enterprise, como parte do alinhamento do seu derradeiro álbum – “The many grooves of Barbara Lewis” – “The stars” é, na minha opinião, o seu mais genial tema.

    Uma deliciosa canção Crossover uptempo, com uma bela produção e uns arranjos sofisticados, que tem vindo a ganhar protagonismo na cena Northern Soul, até porque, desde 2005, teve três edições em sete-polegadas: primeiro através da Sundae Soul, depois pela Kent e, recentemente, integrada numa excepcional caixa de singles da Stax.

     

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  • Poder Soul

    29 abril 2019 – 3 maio 2019

    Quarta-feira

    Carol Ford

    Run baby

    Federal

    Nativa de Cincinnatti, Carol Ford foi uma cantora que apenas gravou dois singles, na década de 60.

    Casada com Gene Redd, director de orquestra e A+R na King Records, editou um par de sete-polegadas, entre 1964 e 68, para o império discográfico de Sid Nathan, retirando-se para se dedicar à vida religiosa, tendo fundado uma Igreja e tornado-se numa importante lider das mais pobres e necessitadas comunidades de Cincinnatti.

    Apesar disso, sua ligação com a música manteve-se através do seu marido e dos seus três filhos: Gene Redd Jr. que, além de ter escrito e produzido para vários artistas, trabalhou com os Kool + The Gang, Sharon Redd, uma diva Disco que assinou alguns dos mais emblemáticos discos da Prelude e Penny Ford, a voz de “The power” dos Snap!.

    “Run baby” foi o seu primeiro disco e aquele que lhe assegurou um lugar na história.

    Uma incisiva canção que funde, de forma extremamente eficaz, Soul com Rhythm & Blues, mostra bem a potencia, a profundidade e o alcance vocal de Carol Ford e se transformou num hino nos vários quadrantes da cena retro.

     

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  • Poder Soul

    29 abril 2019 – 3 maio 2019

    Quinta-feira

    Tortilla Factory

    Cookin’

    GC Production

    Trompetista de eleição, Tony “Ham” Guerrero nasceu em San Angelo, no Texas, para se vir a tornar numa das referências da faceta músical da chamada Onda Chicana.

    Na segunda metade dos anos 60, depois de ter completado a sua formação na Berkeley School of Music, formou o seu primeiro grupo – Tejano Brass – e começou a tocar com lendas locais como os irmão Johnny e Rocky Hernandez ou Little Joe e os Latinaires, com quem viria a fundar a mítica La Familia.

    Em 1973, um grupo de dissidentes desta celebre banda, encabeçado por Tony “Ham” Guerrero e por Bobby Butler, um carismático cantor que já foi recordado no Poder Soul, resolve formar a Tortilla Factory, um dos simbolos maiores da fusão da música tradicional Chicana com o Jazz, a Soul e o Rock, que explodiu nessa altura, tendo, até ao fim da década, editado nove importantes Lps.

    “Cookin’”, um dos poucos temas dos Tortilla Factory cantados em inglês, faz parte do raro e cobiçado disco de estreia da banda, gravado em San António por Manny Guerra, que o lançou na sua GC Production, e é a sua grande contribuição para as pistas de dança especializadas.

    Uma explosiva canção Funk, carregada de referências latinas, que nunca falha quando lançada num clube e que, felizmente, foi reeditada em single, pela inevitável Athens of the North, em 2016.

     

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  • Poder Soul

    29 abril 2019 – 3 maio 2019

    Sexta-feira

    Manujothi

    Shake your body

    Manujothi

    É escassa a informação disponível acerca de Manujothi e do seu único disco.

    Sabe-se que foi um projecto de Johnny Haywood, um misterioso produtor de Anderson, na Carolina do Sul, que foi gravado em 1980, nos Sundown Sound Studios, na cidade vizinha de Greenville, e que teve uma pequeníssima edição de autor que se transformou num autêntico Graal, disputado pelos mais ambiciosos e endinheirados Djs e colecionadores.

    Não se sabe mais nada…

    Provavelmente um dos primeiros registos de Early Rap daquele Estado, “Shake your body” é uma imensa e contagiante canção, que levou à loucura os mais ferverosos adeptos Deep Disco e Modern Soul quando foi introduzida nos clubes especializados, há pouco mais de uma década.

    Raro e extremamente valioso no seu formato original, foi reeditado, em 2017, pela Soul Jazz e incluído na apelativa caixa “Boombox 45”, que a importante editora londrina acabou de lançar, no âmbito do Record Store Day deste ano.

     

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