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Poder Soul
28 outubro 2019 – 1 novembro 2019
Segunda-feira
Chakachas
Stories
Blue Elephant
No fim dos anos 50, o percussionista, compositor e lider de orquestra Gaston Bogaert decidiu juntar uma série de músicos de sessão Belgas, para formar os Chakachas e explorar os territórios da música latino-americana e afro-cubana.
Depois de se estrear, com um single, em 58, a banda editou uma bem-sucedida série de discos, onde predominava o easy-listening e a exótica, até ter sofrido uma decisiva reformulação, a meio da década de 60, onde o Funk e a música negra passaram a ter um papel de relevo e que esteve na génese do seu maior hino – “Jungle fever” – gravado em 1970.
Nos anos que se seguiram, os Chakachas originaram uma série de projectos satélite como El Chicles, Super Funk Special ou Soul Sensation Orchestra, que viriam a assinar vários clássicos da cena especializada.
Editado em 72, pela Blue Elephant – “Stories” – pode até ser uma espécie de sequela de “Jungle fever”, mas é, para mim, o mais excepcional momento dos Chakachas.
Um esplêndido quasi-instrumental, que cruza Funk e Latin Soul com uma visão músical eminentemente cinemática, que se transformou num clássico da cena Rare Groove e que é completamente obrigatório em qualquer coleção que se preze.
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Poder Soul
28 outubro 2019 – 1 novembro 2019
Terça-feira
The True Pages of Life
Truth and love
Creative Funk / Record Shack
É praticamente nula a informação disponível acerca desta banda e deste disco.
Pistas soltas dizem-nos que os True Pages of Life seriam nova-iorquinos, liderados pelo teclista Leslie Dorsey, que mais tarde se juntaria aos Mystic Merlin, e que fariam parte da sua formação o guitarrista Terri Allen e o baixista Zaire Blackshire.
Em 1976, gravaram um tema para a Creative Funk, marcante independente fundada pelos irmãos Gary e Deek DeBarry, que também dirigiram a Adelia, cuja edição foi congelada e que apenas foi prensado num histórico acetato que foi desvendado, com estrondo, na cena Soul europeia.
“Truth and love” viu a luz do dia quarenta anos mais tarde, quando foi, finalmente, editado pela austriaca Record Shack.
Uma verdadeira obra-prima Soul, temperada pelo Jazz, que está entre a melhor música negra registada nos anos 70, que não se percebe porque é que foi arquivada e que pode agora gozar do reconhecimento que merece.
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Poder Soul
28 outubro 2019 – 1 novembro 2019
Quarta-feira
HE3 Project
Make it sweet
Family Groove
Herman Eberitzsch III é um talentoso, mas quase esquecido, compositor, arranjador e pianista, nativo de São Francisco que, na década 70, organizou uma série sessões de gravação que apenas seriam desvendadas cerca de três décadas e meia mais tarde.
Conhecido pelos seus pares como “Funky Knuckles”, Herman registou nessas fitas, então ignoradas pelas editoras e armazenadas na cave de sua casa, a sua original visão da Soul Psicadélica e do Jazz de Fusão que marcou a efervescência artistica vivida pela cidade, nessa época, para além de ter colaborado com Lee Oskar, Esther Phillips, Steve Marshall, Lillian Alexander, Linda Tillery ou Coke Escovedo e os seus Azteca.
Todo o seu espólio acabou por ser recuperado pela Family Groove que, entre 2009 e 2012, prensou três Lps e uma mão cheia de singles, com todo o material gravado por Herman, enquanto HE3 Project.
Editado em sete-polegadas, “Make it sweet” foi o primeiro desses lançamentos e, na minha opinião, um dos mais significativos.
Um fabuloso take da canção que Herman escreveu para o Lp de estreia de Coke Escovedo, que supera em muito a versão que conheciamos até aqui, apesar de ter sido gravado exactamente com os mesmos músicos e no mesmo histórico estúdio de Wally Heider.
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Poder Soul
28 outubro 2019 – 1 novembro 2019
Quinta-feira
Don Pierce
This funky thing
Majesty
Sabe-se muito pouco acerca de Don Pierce.
Sabe-se que seria nativo da Califórnia, que esteve activo durante os anos 60 e no princípio dos 70, que fez toda a sua carreira em colaboração com Larry Johnson, um músico, compositor e produtor de Hollywood, que trabalhou com gente como Rex Garvin, Garlon Davis, Ruby Jean, The Bel-Aires, The Del-Reys, The Crossfires, The Essence ou James Wesley Smith e que, entre 64 e 72, gravou quatro singles para as independentes locais Token, Majesty e Angel Town.
Gravado em 1968, para a Majesty – “This funky thing” – é, provavelmente, a sua maior contribuição para as pistas de dança, por muito que “Spook-a-delic”, o instrumental prensado no lado B deste sete-polegadas, também seja uma aposta certeira.
Uma potente e musculada canção que se transformou num clássico absoluto da cena Deep Funk e cujo demolidor break de abertura foi usado por nomes chave do Hip Hop, como Dj Shadow, Cut Chemist e Q-Bert.
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Poder Soul
28 outubro 2019 – 1 novembro 2019
Sexta-feira
Phillips Sisters
Where did you stay last night
Romark
Tudo indica que as Phillips Sisters seriam protegidas de Kent Harris, o decisivo compositor e produtor nascido em Oklahoma e criado em San Diego que, nas décadas de 50 e 60, viria a ter um papel de relevo nas cenas Rhythm & Blues e Soul da Costa Oeste.
Os seus três singles, gravados entre 1962 e 64, têm todos a marca deste artista que tinha gravado enquanto Boogaloo e, depois de se terem estreado através da DRA, foram elas que inauguraram a histórica Romark Records, editora fundada por Harris, em 63, que nos deu hinos imortais de nomes como Ty Karim, Donoman, Towana + The Total Destruction ou os Lon-Genes.
“Where did you stay last night”, foi o segundo sete-polegadas que gravaram para a Romark e o seu derradeiro e, de longe, mais genial disco.
Uma incisiva e enérgica canção que cruza, de forma magistral, Soul e Rhythm & Blues, que arrasa com qualquer clube e que se transformou num ultra-disputado troféu entre os mais abastados Djs e colecionadores dos vários quadrantes da cena retro.
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