• Poder Soul

    28 maio 2018 – 1 junho 2018

    Segunda-feira

    Bobby Dixon

    Woman, you made me

    Probe

    Apenas há alguns anos se juntaram as peças do puzzle e se percebeu que Bobby Dixon, Bobby Brown e Bobby Lee Fears, um dos fundadores dos Fabulous Dinos que, durante um curto período, assumiu a voz principal dos Ohio Players, eram a mesma pessoa.

    Presumivelmente oriundo de Atlanta, Bobby teve assim, entre 1962 e 72, uma consistente carreira discográfica, reflectida em cerca de uma dezena de singles de diferentes projectos, editados por marcas como a Saber, a Musicor, a King, a Verve, a Compass, a Probe, a Forward ou a Bell.

    Mesmo tendo escrito o imenso clássico imortalizado por Lee Moses – “Bad girl” – “Woman, you made me” é, na minha opinião, o seu mais genial momento, até porque tenho um fetish muito particular por intros longas e intensas como a que abre esta enorme canção.

    Gravada em 70 pela Vidalia Productions, crucial operação do enigmático Johnny Brantley que esteve por detrás de alguns dos mais históricos discos de nomes como Jimi Hendrix, Herman Hitson, Jimmy Norman, Lee Moses, Gloria Barnes ou The Chosen Few, esta crua, intensa e profunda canção, com uma estrutura peculiar, tem vindo a ganhar um crescente protagonismo na cena Soul especializada e é perfeita para abrir um set e garantir, desde logo, um pista cheia e eufórica.

     

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  • Poder Soul

    28 maio 2018 – 1 junho 2018

    Terça-feira

    Althea Spencer

    Take me baby

    AV International

    Existem duas versões de “Take me baby”, ambas de 1970, ambas editadas em marcas texanas, não se sabendo qual terá sido gravada primeiro, embora o facto de Larry Mathis ter escrito esta canção, em parceria com Vernon Garrett, me a leve a crer que a versão da ex- Buttons e Delicates – Alder Ray – que aqui acrescenta o apelido Mathis ao seu nome, provavelmente como consequência do casamento com o autor, seja a original e a de Althea Spencer seja uma cover.

    Seja como for, este take de Althea Spencer é aquele que merece um lugar na história do melhor Sister Funk de que há memória, por muito que a versão de Alder Ray Mathis, para Jetstar, não seja de se deitar fora.

    Nativa de San António, no Texas, a misteriosa Althea Spencer editou apenas dois sete-polegadas, no princípio dos anos 70, para a pequena independente local AV International, e, em poucos meses, conseguiu ir da perfeita mediocridade à mais sublime genialidade, antes de desaparecer sem deixar rasto.

    Este é o seu momento de génio e aquele que tem levado Djs e colecionadores à loucura, desde que foi introduzido nas cenas Soul e Deep Funk pelo incontornável Ian Wright.

    De extrema raridade no seu formato original é uma das grandes canções que compõem o alinhamento do segundo volume da sua recolha, “Sister Funk”.

     

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  • Poder Soul

    28 maio 2018 – 1 junho 2018

    Quarta-feira

    D.I.T.

    Long gone

    Evergreen

    Michael Thompson, Sharon e Wayne Watts, Tony Yorkshire, Warren Shaw, John Shavers, Floyd Pinkney e Rhonda Delaremore formaram a Destiny in Time Band em 1973, no seu liceu de Baltimore.

    No fim da década de 70, depois de se graduarem, dedicaram-se em exclusivo à banda, transformando-se num dos mais reputados e requisitados projectos locais de Funk e Disco.

    Estrearam-se em single em 78, através da pequena independente – Carlisle – e, logo a seguir, construíram um estúdio nas instalações de uma antiga fábrica de gelados e criaram a sua própria editora, onde, entre 80 e 83, viriam a editar os seus restantes três discos, além do histórico Lp de Norman Weeks + The Revelations, “Miracles”.

    Embora todas as sete canções que nos deixaram sejam muito acima da média, mostrando uma banda que estava talhada para outros voos, algo que acabaria por não acontecer – “Long gone” – o seu terceiro disco, gravado em 81, é, neste momento, aquele de que mais gosto.

    Uma enorme canção Disco Soul, escrita por Michael Thompson, cujos teclados contribuem decisivamente para o som emblemático do grupo, que embala qualquer pista de dança.

    A exemplo do que aconteceu com uma grande parte do material dos D.I.T. foi, já neste milénio, alvo de recuperação, pelas mãos da Past Due, que juntou, num doze-polegadas, um belo re-edit do norueguês Prins Thomas à versão original que aqui apresento.

     

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    28 maio 2018 – 1 junho 2018

    Quinta-feira

    Lorenzo Holden

    The wig

    Cee-Jam

    Lorenzo Holden nasceu em Los Angeles em 1924.

    Saxofonista de eleição, iniciou a sua carreira nos anos 40, sendo uma presença assídua nos principais clubes nocturnos da cidade onde tocava os vários estilos de Jazz vigentes e os emergentes e explosivos Rhythm & Blues.

    A sua carreira discográfica começa na década seguinte, seja em sessões de nomes de sucesso como Johnny Otis, Little Richard ou Little Esther, seja como líder de um trio ou da sua própria orquestra, com a qual grava alguns instrumentais e acompanha vozes como a de Sheryl Crowley, por exemplo, mas é nos 60 que edita os seus discos de maior culto, aqueles que lhe valeram a devoção dos mais militantes adeptos das cenas Mod e Soul.

    “The wig”, gravado em 65 para a Cee-Jam é o mais emblemático desse par de sete-polegadas que incluí “Sun dance”, editado quatro anos mais tarde pela Kent.

    Este potente e quase selvagem instrumental, que cruza com mestria Rhythm & Blues, Rock’n’Roll e Soul e vê Lorenzo Holden dominar também a flauta, transformou-se num clássico nos vários quadrantes da cultura retro e destrói qualquer pista de dança, sendo um dos temas de eleição de Djs de referência como o nova-iorquino Jonathan Toubin.

     

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    28 maio 2018 – 1 junho 2018

    Sexta-feira

    Wess + The Airedales

    There’s gonna be a revolution

    Durium

    Cantor e baixista dotado, Wess Johnson nasceu em Winston-Salem na Carolina do Norte, em 1945, mas “emigrou” para Itália no princípio da década de 60, integrado no line-up dos Airedales, banda liderada por Rocky Roberts, que começou a sua carreira nos Estados Unidos mas acabou por vingar e contruir quase toda a sua discografia na Europa, onde uma parte dos seus membros cumpriu o seu serviço militar.

    Em 67, depois de Rocky Roberts abandonar a banda, Wess assume a sua liderança e, até 72, grava meia dúzia de Lps e um sem número de singles, cujo repertório varia entre a perfeita mediocridade e a verdadeira excelência.

    Provavelmente achando que o sucesso estava a uma curta distância, Wess acaba por se juntar à cantora italiana Dori Ghezzi e, em 75, o duo consegue um terceiro lugar na Eurovisão.

    Gravada em 72, “There’s gonna be a revolution” faz parte do alinhamento do derradeiro álbum de Wess + The Airedales, teve duas edições em single um ano mais tarde – uma em Portugal e outra na Holanda – e é, ao lado de “Vehicle”, “Black out” e “Airedales Popcorn”, a sua grande contribuição para os clubes especializados.

    Uma grande canção Funky Soul, com um ligeiro aroma Pop, que tem vindo a ganhar cada vez mais espaço nas malas dos mais progressivos e descomplexados Djs e que por cá, com alguma se sorte, pode aparecer numa qualquer feira ou loja de velharias a menos de um euro.

     

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