• Poder Soul

    27 janeiro 2020 – 31 janeiro 2020

    Segunda-feira

    Dionne Warwick with S.F.B. Big Band

    Love to love you, Baby

    Sender Freies Berlin

    Nascida em Orange, New Jersey, em 1940, Dionne Warwick teve uma longa e bem-sucedida carreira, que dura até aos nossos dias e que se reflectiu numa extensa discografia em que, na minha opinião, os momentos irrelevantes são muito mais do que aqueles que contam.

    Esta dotada cantora, que seguiu demasiadas vezes os caminhos mais fáceis e ligeiros, cresceu no seio de uma familia ligada ao Gospel, começou a cantar no coro da sua Igreja com apenas seis anos e, ainda adolescente, juntou-se à sua irmã Dee Dee e a sua tia Cissy Houston para formar as Gospelaires, com quem terá participado em sessões de gravação de Ben E. King e dos Drifters, antes de ser descoberta por Burt Bacharach e de assinar contrato com a Scepter, em 1962.

    Iniciou assim um percurso que a levou a ser presença regular nos tops de vendas e a ganhar meia-dúzia de Grammys, embora pouco significativos do ponto de vista artístico.

    No fim da década de 70, foi convidada a participar num programa televisivo da estação alemã Sender Freies Berlin que, desde a segunda metade dos anos 60, havia recebido a visita de nomes como Shirley Bassey, Jerry Lewis, Oscar Peterson, Marlena Shaw ou Joe Williams, entre outros, que actuavam com o acompanhamento da competente S.F.B. Big Band, dirigida pelo pianista Paul Kuhn.

    “Love to love you, Baby”, que na verdade é uma versão de “You can’t hide love”, o original de Skip Scarborough, estreado pelos Creative Source, com uma pequena citação ao famoso tema que lançou Donna Summer, foi uma das canções resultantes dessa aparição, foi editada no Lp comemorativo do programa – “Gut Gestimmt” – e é, para mim, o seu mais excepcional momento.

    Uma deliciosa fusão entre Soul e Jazz Funk, com uns belíssimos arranjos e uma grande interpretação que, em 2007, foi prensada pela Sonorama, num sete-polegadas que, rapidamente, se transformou num objecto de coleção.

     

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  • Poder Soul

    27 janeiro 2020 – 31 janeiro 2020

    Terça-feira

    Eddie Harris

    It’s all right now

    Atlantic

    Embora nem sempre devidamente reconhecido, Eddie Harris foi um dos grandes saxofonistas da história do Jazz e aquele que mais terá experimentado com as possibilidades do instrumento, através de pequenas alterações nos seus componentes, da invenção de bocais ou do seu cruzamento com a electricidade ou a electrónica.

    Nasceu em 1934, em Chicago. Começou a aprender música com apenas três anos e foi estudar para a prestigiada DuSable High School, de onde saiu a dominar o piano, o vibrafone e o clarinete, apesar de ser apaixonado pelo saxofone que viria a adoptar, depois de frequentar as Universidades de Roosevelt e do Illinois.

    Cumpriu o serviço militar na Alemanha, tendo integrado a Seventh Army Symphony Orchestra, ao lado de Don Ellis ou Cedar Walton, antes de regressar para iniciar um profícuo percurso discográfico, em 1961, que se reflectiu na gravação de algumas dezenas de importantes discos para editoras como a Vee Jay, a Columbia ou a Atlantic, entre os quais se encontram vários temas clássicos, numa bem-sucedida colaboração com Les McCann, na incorporação de linguagens como os Rhythm + Blues, a Soul ou o Funk na sua leitura singular do Jazz e na composição de standards como “Freedom Jazz dance”.

    Gravado em 76, “It’s all right now”, foi prensado em sete-polegadas e incluído no alinhamento do Lp “That is why you’re overweight” e é, na minha opinião, a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Um verdadeiro monstro Jazz Funk, com um groove irresistível, que se transformou num dos grandes hinos da cena Rare Groove e é, completamente, obrigatório em qualquer coleção de música negra.

     

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  • Poder Soul

    27 janeiro 2020 – 31 janeiro 2020

    Quarta-feira

    Eric Lomax

    Seven the loser

    Columbia

    Eric Lomax foi um misterioso cantor que apenas gravou um disco.

    Presume-se que será nativo de Filadélfia, pelo facto da sua única gravação ter sido produzida por Billy Jackson, um importante protagonista da cena local que, entre a segunda metade dos anos 50 e o fim da década de 70, deixou a sua marca enquanto membro dos Re-Vels e dos Tymes e como colaborador da Cameo Parkway Records.

    Não se sabe mais nada…

    Ainda assim, “Seven the loser”, gravado em 1969, para a Columbia, foi o suficiente para que o seu nome ficasse  na história da melhor música negra.

    É que esta pérola Crossover uptempo, de acentuado sabor Funky, apesar de não ter sido devidamente valorizada quando foi lançada na pista de Cleethorpes, no fim dos anos 70, tem visto a sua cotação crescer exponencialmente e vindo a conquistar cada vez mais adeptos na última década e meia, sendo uma arma preferencial para os mais progressivos Djs da actual cena Soul.

     

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  • Poder Soul

    27 janeiro 2020 – 31 janeiro 2020

    Quinta-feira

    Katunga

    Bailando despacito

    RCA

    Diego e Alberto Chamorro, Rubén Alonzo, Roberto Mendez e Efrén Rodríguez formaram os Katunga em 1970, para se tornarem em estrelas maiores da cena músical Argentina.

    Regressado dos Estados Unidos e inspirado por um concerto de Santana, a que tinha assistido em Nova Iorque, Diego, o lider da banda, que havia integrado La Joven Guardia, decidiu fundar os Zandunga. O grupo gravou um single para a Polydor mas, por questões legais, teve que mudar de nome para Katunga, assinando um contrato com a RCA e gravando o seu primeiro Lp – “Indiferencia” – que marcou o início de uma carreira de mais de quatro décadas que, embora fosse dominada por alguma mediocridade ao nível músical, teve momentos inspirados e foi carregada de discos de extremo sucesso, que os levou a serem protagonistas de cinema e de televisão.

    Gravado em 72, “Bailando despacito” é o segundo sete-polegadas dos Katunga, foi incluído no Lp “Mira para arriba, mira para abajo” e é, para mim, o seu supremo momento.

    Uma verdadeira obra-prima Latin Soul, tingida pelo psicadelismo vigente, que nunca falha quando lançada numa pista de dança, por muito que o seu verdadeiro potencial ainda não tenha sido “descoberto” pela grande maioria dos Djs da cena especializada.

     

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  • Poder Soul

    27 janeiro 2020 – 31 janeiro 2020

    Sexta-feira

    The Movers

    Shanana

    Atlantic City

    Originalmente formados por Sankie Chounyane, Oupa e Norman Hlongwane e Sam Thabo, mas alvo de várias mudanças na sua formação, que incluiram Lulu Masilela, Robert Mbele, Archie Mohkaka, Peter Moteolhe, Thomas Phale, Kenneth Siphayi, Dakkie Tau, Jabu Sibumbe, L. Rhikoti, Lloyd Lelosa e David Thekwane e que foram influenciando a sua música, os Movers nasceram em Alexandra, nos arredores de Juanesburgo, na Africa do Sul, no fim da década de 60.

    Entre 69 e 81, gravaram perto de duas dezenas e meia de Lps e um sem número de singles, para marcas como a City Special, a RCA, a Black Disco ou a Atlantic City, tendo atingido bastante sucesso com a sua original fusão de Soul, Funk e Disco com linguagens locais como o Marabi Jazz, o Jive ou a Jaiva.

    Produzido pelo saxofonista de eleição David Thekwane, “Shanana” faz parte do alinhamento de “Kansas City”, o seu mais colecionável álbum, editado pela Atlantic City em 79, e é, para mim, o maior dos vários hinos que assinaram.

    Um enorme instrumental Disco Funk, dominado pelo orgão e pela guitarra, que leva os mais esclarecidos clubes ao delírio e que, felizmente, foi alvo de uma bela reedição, em 2017, através da crucial Soundway.

     

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