• Poder Soul

    26 novembro 2018 – 30 novembro 2018

    Segunda-feira

    Frankie Staton + Speckled Rainbow

    Bi-Centennial 1976

    Speckled Rainbow

    Nascida nos arredores de Charlotte, na Carolina do Norte, Frankie Staton começou a tocar piano e a cantar profissionalmente quando ainda andava no liceu.

    A meio da década de 70 formou os Speckled Rainbow, com que gravou o seu único disco.

    Mudou-se para Nashville em 81, e, embora não tenha parado de tocar até aos nossos dias, não voltou a deixar a sua marca na história da melhor e mais obscura música negra, tendo passado as últimas quatro décadas a actuar em restaurantes, piano bares, hotéis, eventos privados e programas televisivos tipo, Praça da Alegria, além de se ter dedicado ao estudo do Country, distinguindo-se por conseguir pôr em causa algumas verdades absolutas referentes à sua base demográfica.

    “Bi-Centennial – 1976” é o lado A do seu único sete-polegadas, um espantoso e colecionável double-sider que saiu no dia 1 de Janeiro de 76, através de uma pequena edição de autor.

    Esta espantosa canção que, por muito que celebre os duzentos anos da declaração de independência dos Estados Unidos, não deixa de levantar as questões raciais e de direitos civis que mancharam a sua história, foi, recentemente, introduzida com estrondo na cena Soul especializada, algo que Frankie Staton só descobriu porque, em 2014, veio tocar a um casamento a Manchester e havia um Dj entre os convidados.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    26 novembro 2018 – 30 novembro 2018

    Terça-feira

    The Sacred Four

    Somebody watching you

    Champ

    Oriundos do Indiana, os Sacred Four nasceram nos longínquos anos 30 do século passado e serão os principais embaixadores da cena Gospel daquele Estado.

    Depois de, na década de 40 e 50, terem gravado quase uma dezena de 78 rotações para a Bullet Records, tiveram quase vinte cinco anos se qualquer registo discográfico até que, entre 1975 e 82, gravaram dois singles e dois Lps para as independentes Champ, Beegee, J&B e T-Jaye.

    Editado pela importante editora de Johnson City, no Tennessee – Champ – “Somebody watching you” é o primeiro e mais genial disco desse profícuo período, numa altura em que a voz principal de Junior Townsend era acompanhada por James Turnbull, Jerry Barnes e Richard Davis, nos coros, Fred Hardy, no baixo, Paul Carter, na bateria, e pela dupla de guitarristas Wesley Bailey e Jimmy Smith.

    Confrontados com a pobre prensagem deste sete-polegadas, os Sacred Four resolveram incluir a canção em “The Lord will make a way”, o sólido Lp, editado pela J&B, quatro anos mais tarde, mas é o single que leva os mais ambiciosos Djs e colecionadores a cometerem autênticas loucuras.

    Esta perfeita bomba Gospel, vestida do mais cru e visceral Deep Funk, foi, finalmente, incluída no segundo volume da série da incontornável Numero Group: Good God!

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    26 novembro 2018 – 30 novembro 2018

    Quarta-feira

    Andrew Brown

    You made me suffer

    Brave

    Andrew Brown nasceu em 1937 em Jackson, no Mississippi, mas mudou-se com a família para Chicago, aos nove anos de idade.

    Começou a aprender a tocar guitarra com Earl Hooker e, com apenas onze anos, já fazia da música uma profissão, começando a animar clubes suburbanos, no início da década de 50.

    Depois de muito trabalho como sideman, que incluiu acompanhar nomes como Muddy Waters ou Howlin’ Wolf, resolveu arriscar uma carreira a solo, no princípio dos anos 60, encorajado por Al Perkins, que apadrinhou a sua estreia, em 64, através da USA Records, editora para quem gravava.

    Até 73, Andrew Brown gravou mais quatro singles, para a Four Brothers e a Brave, mas a sua reputação não ultrapassou as fronteiras de Chicago, algo que só aconteceu depois de algumas destas gravações terem sido incluídas nas recolhas de Blues da Windy City, que a Alligator Records fez nos 80, o que permitiu que tivesse a hipótese de gravar dois Lps.

    “You made me suffer”, gravado em 73, por sua conta e risco e editado através da minúscula Brave, é um verdadeiro Graal da cena Soul e garantiu-lhe um lugar na história da melhor música negra.

    Este maravilhoso take da canção escrita por Harold Burrage, estreada em 65, por Tyrone Davis, cruza, de forma genial, Blues, Soul e Funk e a meia-dúzia de cópias originais conhecidas trocam sempre de mãos na casa dos milhares.

    Mais uma canção impossível que se tornou disponível através do espantoso trabalho da Numero Group, que a incluiu em “Light: On the South Side”, uma espantosa edição que retrata os blues de Chicago, na década de 70, e é acompanhada por um fabuloso livro de fotografia, assinado por Michael L. Abramson.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    26 novembro 2018 – 30 novembro 2018

    Quinta-feira

    Rex Garvin + The Mighty Cravers

    You don’t need no help (you can sock it to yourself)

    WSJ Sound

    Nascido em Nova Iorque, em 1940, Rex Gravin teve uma marcante e consistente carreira, apesar de nunca ter, verdadeiramente, conhecido o sucesso.

    Músico, cantor, compositor, produtor e arranjador, aprendeu a tocar piano ainda criança e, em 54, formou The Hearts, um grupo vocal feminino para quem escrevia e arranja as canções, além de preencher o espaço do barítono.

    Em 56, começou a colaborar com a J&S Records, marca para quem compunha, fazia arranjos e dirigia bandas nas sessões de gravação e através da qual editou o seu primeiro disco, em nome próprio, em 57.

    Depois de, dois anos mais tarde ter assinado um dueto com Marie Knight, para a Carlton, fundou a sua banda – Rex Garvin + The Mighty Cravers – em 61 e, na década que se seguiu, editou um Lp e mais de uma dezena de singles para selos como Epic, Scatt, Zorro, Like ou Tower, entre os quais vários clássicos da cena retro como “Emulsified”, “Oh Yeah!”, “Sock it to ‘em J.B.” e “I gotta go now”.

    Gravada em 69, para a WSJ Sound, “You don’t need no help” é, na minha opinião a sua melhor canção.

    Este delicioso pedaço de Latin Soul que, em 77, teve um enorme take Disco dos Dynamos, que já teve o devido destaque no Poder Soul, é um tiro certeiro em qualquer pista de dança, tem vindo a ganhar um crescente protagonismo na cena especializada e, até a sonoramente pobre bootleg de que foi alvo, tem visto a sua cotação aumentar, nos últimos anos.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    26 novembro 2018 – 30 novembro 2018

    Sexta-feira

    Star Quake

    Don’t you know I love you

    Merit

    É praticamente nula a informação bibliográfica disponível acerca dos Star Quake.

    Sabemos que são oriundos de Charlotte, na Georgia, que terão estado activos nos últimos anos da década de 70 e que apenas gravaram um sete-polegadas que é, também, o único lançamento da misteriosa independente local – Merit Records – ao contrário do que regista o Discogs, que os associa a uma editora de Country, sediada em Nashville, que tinha o mesmo nome.

    “Don’t you know I love you” foi introduzido nos clubes especializados há cerca de meia-dúzia de anos e, depois de ter sido um tema bandeira de Djs de referência, como Steve “Mr. Fish” Clancy, transformou-se num verdadeiro Graal para os mais fervorosos adeptos de Modern Soul.

    Com as escassas cópias originais desta obra-prima, do mais independente e obscuro Disco, a trocarem de mãos por valores com quatro algarismos, esta foi mais uma daquelas canções impossíveis que a Athens of the North se encarregou de tornar acessível à generalidade dos amantes da melhor música negra.

     

    ▶️ OUVIR