• Poder Soul

    26 fevereiro 2018 – 2 março 2018

    Segunda-feira

    Spice

    Sweet Norma Jones

    Sound Gems

    Apesar do domínio absoluto da crucial Philadelphia International, de Gamble e Huff, editora que ajudou a moldar a história da moderna música negra e não só, a cena Soul daquela cidade não se resumia ao output deste gigante, havendo pequenas organizações que, à sua escala, também deixaram a sua marca para a posteridade.

    Fundada por Frank Fiorovantti e concentrando-se nos sete-polegadas, a Sound Gems foi uma dessas marcas, estando até na génese do enorme clássico de William DeVaughn “Be thankful for what you got” que, tendo sido gravado pela pequena independente, acabou por ser licenciado à subsidiária da RCA, Roxbury.

    Ao lado dos Ebb Tide, dos Cristal Motion ou de Billy Harner, os misteriosos Spice e a cantora Bunny Davis foram um dos projectos que participaram na actividade da Sound Gems, entre 74 e 85.

    O primeiro dos seus dois singles – “Sweet Norma Jones” – é uma autêntica obra-prima e a sua grande contribuição para a história.

    Gravada em 74 e produzida por John Davis, um dos actores maiores da cena de Filadélfia daquela década, esta imensa canção, extremamente futurista para o seu tempo, lançando pistas para muito do que se viria a fazer alguns anos mais tarde, é do melhor que a Soul nos ofereceu.

    Um disco que prolifera no mercado de usados, que pode ser adquirido por valores mais baixos do que qualquer novidade e que todos os amantes da Soul deveriam ter.

     

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  • Poder Soul

    26 fevereiro 2018 – 2 março 2018

    Terça-feira

    Basic Sounds of Pittsburgh

    Down beat

    Baso

    Os Basic Sounds of Pittsburgh Rhythm + Blues Band foram fundados pelo trompetista Roger Barbour, em 1965, naquela cidade da Pensilvânia e percorreram palcos de todos os Estados Unidos, durante cerca de vinte anos, tocando, principalmente, êxitos de nomes como Stevie Wonder, Al Green, Earth, Wind + Fire, Temptations, Smoky Robinson ou Gladys Knight, aos quais juntavam alguns originais.

    Apesar desta consistente actividade de palco, o sexteto, que cedo se transformou em octeto, teve um reduzidíssimo output discográfico, gravando apenas dois singles, no princípio dos anos 70, aparentemente no seu próprio selo – Baso.

    “Down beat”, o lado b da canção “Lonely little girl”, transformou-se num clássico da cena Deep Funk.

    Este poderoso instrumental, construído sobre um Groove viciante e dominado pelos sopros, mostra bem a coesão e precisão de uma banda, que não parece dever nada a monstros como os Kool + The Gang, e tem levado ao delírio as pistas de dança dos clubes especializados, desde que foi descoberto, no fim dos 90.

     

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  • Poder Soul

    26 fevereiro 2018 – 2 março 2018

    Quarta-feira

    Pure Essence

    Third rock

    Brute Force Cybernetics Records

    Não fosse o facto de ter sido samplada por RJD2, como base do seu tema de 2004 – “Clean living” – e esta obra-prima estaria ainda condenada ao esquecimento, até porque não consta do único sete-polegadas editado pelos Pure Essence, tendo apenas sido incluída, em 77, numa compilação da estação de rádio WEBN, onde a banda é creditada só como Essence.

    A partir desse momento os diggers profissionais entraram em acção e fizeram justiça a esta espantosa banda formada em Cincinnati em 1973, por Steve Tucker, Jerome Richmond, Toby Rivers, Tony Coats, Dwight Trible, Larry Middleton, Antonio Reid, and Kevin Roberson.

    “Wake up”, o seu único single, gravado em 76 para a pequena independente local, Mantra Records, foi reeditado em 2005 pela Soul Cal, num doze-polegadas que junta as duas partes da canção no lado a e incluiu “Third rock” no lado b.

    Esta canção quase perfeita, reminiscente dos melhores momentos de Sly Stone que, a par com os Funkadelic e Curtis Mayfield, era a grande fonte de inspiração da banda, pôde assim chegar aos mais apaixonados adeptos de música negra e, no ano passado, até foi alvo de uma nova reedição, pelas mãos da Athens of the North.

     

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  • Poder Soul

    26 fevereiro 2018 – 2 março 2018

    Quinta-feira

    Hannibal

    My kinda girl

    King

    James Timothy Shaw nasceu em Atlanta, em 1939.

    Depois de ter passado por alguns grupos locais, muda-se para Los Angeles, em 58, onde inicia uma longa e consistente carreira.

    Estreia-se enquanto Jimmy Shaw mas, depois de se “cruzar” com Johnny Otis, Johnny “Guitar” Watson, Larry Williams e Aki Aleong, muda o seu nome artístico para Hannibal e, mais tarde, para Mighty Hannibal e King Hannibal, tendo, nas duas décadas seguintes, gravado alguns marcantes lados para editoras de culto como a Pan World, a King, a Kent, a Shurfine, a Decca, a Josie, a Romark ou a Aware, entre outras.

    “My kinda girl”, editado em 64 pela King é um dos seus mais emblemáticos discos.

    Esta grande canção, que cruza com mestria Rhythm & Blues e Soul, transformou-se, imediatamente, num hino da cena Mod e tem, nos últimos anos, conquistado os restantes quadrantes da cena retro, a exemplo de muitos outros temas que exploram este hibrido território.

    Um disco raro mas obrigatório que, com afinco e perseverança, ainda se consegue arranjar sem cometer nenhuma loucura.

     

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  • Poder Soul

    26 fevereiro 2018 – 2 março 2018

    Sexta-feira

    The Moon People

    Hippy, skippy, moon strut (Opus #1)

    Roulette

    Tal como aconteceu com a banda que esteve na sua génese, este tema teve várias encarnações ou variações, se quisermos.

    Antes de adoptar a designação Moon People, este grupo crucial na revolução Boogaloo, operada pela comunidade latina nova-iorquina na década de 60, chamava-se The Latin Blues Band e gravou, na companhia do cantor Luis Aviles, o decisivo Lp “Take a trip pussycat”.

    Entre as várias grandes canções que compõem o alinhamento deste disco de 1968 encontra-se a versão original deste tema – “(I’ll be a) Happy man” – a única cantada.

    Ainda nesse ano, a Latin Blues Band transforma-se em Moon People e grava, para a decisiva Speed Records, mais um álbum – “Land of love” – que tem uma versão instrumental do tema, chamada “The happy soul”, que seria também prensada em sete-polegadas, desta vez com os delirantes teclados de David Cortez em overdub.

    “Hippy, skippy, moon strut”, editada em single pela Roulette em 69, é a quarta e última variação do tema e a mais explosiva nas pistas de dança.

    Mais despida e incisiva do que as anteriores, aposta tudo no Groove poderoso da sua secção rítmica que é reforçado por um notável trabalho de piano, com resultado devastadores.

    Foi samplada por Dj Premier como base instrumental daquele que será o melhor tema da questionável carreira de Christina Aguilera!

     

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