• Poder Soul

    24 setembro 2018 – 28 setembro 2018

    Segunda-feira

    Philadelphia International All Stars

    Let’s clean up the ghetto

    Philadelphia International Records

    Fundada em 1971 por Kenneth Gamble e Leon Huff – dois músicos e compositores de excepção, que começaram a trabalhar juntos seis anos antes, nos Romeos, e que tiveram na Neptune a sua primeira aventura editorial – a Philadelphia International Records foi a mais marcante e bem-sucedida operação de música negra da década de 70, tendo colecionado hits atrás de hits e criado uma personalidade sónica que os principais artistas dos mais diversos quadrantes quiseram abraçar, de Laura Nyro a Elton John.

    Os O’jays, os Intruders, as Three Degrees, Harold Melvin + The Blues Notes, Billy Paul, Dexter Wansel, Archie Bell + The Drells ou Teddy Pendergrass foram alguns dos muitos artistas lançados pela histórica editora, que tinha no colectivo MFSB a sua banda residente e nos estúdios Sigma Sound a sua segunda casa, responsáveis pela genial mistura entre enormes orquestrações e os mais musculados ritmos, que tornou o seu som único e insuperável.

    Escrita e produzida por Gamble + Huff, arranjada por Dexter Wansel e gravada em 77, “Let’s clean up the ghetto” reuniu um espantoso cast de algumas das suas mais cintilantes estrelas, composto por Lou Rawls, Billy Paul, Archie Bell, Teddy Pendergrass, O’Jays e Dee Dee Sharp Gamble, sob a designação Philadelphia International All Stars, e é uma das suas mais imortais gravações.

    Um absoluto clássico que vive ao lado dos mais marcantes momentos de génios como Marvin Gaye, Temptations ou Curtis Mayfield na galeria do melhor que a Soul dos 70 nos deu e que nunca falha quando lançado numa pista de dança, até porque, inexplicavelmente, nunca tocou o suficiente.

     

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    24 setembro 2018 – 28 setembro 2018

    Terça-feira

    Spanky Wilson

    Kissing my love

    Westbound / BGP

    Cantora de Jazz, Funk e Soul, Spanky Wilson nasceu em Philadelphia, cresceu em Pittsburgh mas foi em Los Angeles, cidade onde se fixou depois de ter feito uma tournée nacional a acompanhar Jimmy McGriff, que iniciou a sua carreira, no fim dos anos 60.

    Estreou-se em disco em 68, depois de se ter cruzado, no circuito de clubes local, com H.B. Barnum que, num espaço de dois anos, viria a produzir os seus três primeiros Lps, para a Mother Records, marcante editora fundada por Jay Ward.

    A meio da década de 70 resolveu mudar-se para Detroit onde gravou, para a Eastbound, os últimos discos da primeira fase da sua carreira.

    Entre meados dos 80 e o princípio do novo milénio passou cerca de quinze anos a cantar Jazz nos clubes de Paris e só voltou aos discos em 2004, pelas mãos de Quantic.

    “Kissing my love”, que foi gravado em Detroit, a meio dos anos 70, numa das sessões que fez para a Eastbound, mas que permaneceu inédito até 2003, ano em que foi recuperado pela BGP, é, na minha opinião, o seu mais excepcional momento.

    Esta espantosa versão do clássico de Bill Withers, que evolui sobre um enorme break de bateria e um delicioso lick de Hammond, tem levado clubes à loucura desde que foi editada, sendo um completo mistério a razão porque não terá sido lançada na altura em que foi registada.

     

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    24 setembro 2018 – 28 setembro 2018

    Quarta-feira

    Albert King

    C.O.D.

    Coun-Tree

    Nascido Albert Nelson, em 1923, numa plantação de algodão do Mississippi, Albert King foi um dos mais admiráveis guitarristas da história dos Blues.

    Aos oito anos de idade mudou-se, com os pais e os seus doze irmãos para o Arkansas, onde construiu a sua própria guitarra, aprendeu a tocar sozinho e iniciou-se no Gospel, antes de se dedicar exclusivamente aos Blues e se juntar aos In the Groove Boys, a banda residente do clube de Osceola – T-99.

    Em 53, fixou-se em Gary, no Indiana, onde se cruzou com Willie Dixon que, um ano mais tarde, apadrinhou a sua estreia discográfica, através da Parrott, numa altura em que já havia adoptado o nome Albert King e se tinha rendido à guitarra electrica, que apelidou Lucy.

    Desde aí até 92, o ano da sua morte, desenvolveu um estilo muito próprio que influenciou nomes que vão de Jimi Hendrix a Eric Clapton, viveu em St. Louis e em Memphis e gravou algumas dezenas de singles e Lps para marcas como a Bobbin, a King ou a Stax, naquela que seria a sua mais profícua relação.

    Gravado em 64 para a pequena editora de St. Louis, Coun-Tree, “C.O.D.” já anunciava o som dos Rhythm & Blues tingidos pela Soul, que esteve na base do sucesso das suas gravações da Stax, e é um dos seus mais contagiantes discos.

    Uma canção que, nas últimas décadas, tem alimentado pistas de dança em vertentes distintas da cultura retro, do movimento Mod à cena Soul, e deve constar de qualquer coleção que se preze, até porque se mantem extremamente acessível.

     

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    24 setembro 2018 – 28 setembro 2018

    Quinta-feira

    Duralcha

    Ghet-to Funk

    Microtronics Sound

    Stanley Saunders, Doug Kelly, Bobby Moody, Terry Bullock, Alfred Burton Jr., Jonathan Eubanks, Michael Meeks, Craig Beaumont e Larry Knight formaram os Duracha num Liceu de Durham, na Carolina do Norte, a meio dos anos 70.

    O seu nome deveria ser um acrónimo de Durham, Raleigh e Chapel Hill, três cidades vizinhas da região de Piedmont de onde os membros da banda eram nativos, mas um erro de impressão no rótulo do seu único sete-polegadas acabou por transformá-los em Duralcha.

    “Ghet-to funk” foi gravado em 76 para a Microtronics Sound, pequena independente fundada pelo seu produtor – E. W. McCuller – também responsável por dirigir a Black Experience Band no mítico “The road”, e, embora não tivesse garantido qualquer futuro aos Duralcha que, nesse mesmo ano, se separam, fruto da ida dos seus membros para diferentes universidades, assegurou-lhes um lugar na história.

    Este sólido e coeso instrumental construído sobre um break inconfundível que sustenta um Groove contagiante e uns sopros lancinantes transformou-se num absoluto hino da cena Deep Funk, é um disputado troféu para os mais exigentes colecionadores e faz parte de algumas das mais representativas recolhas do género, do segundo volume da série da B.B.E. – Funk Spectrum – à espantosa caixa de singles Eccentric Soul: Omnibus, vol. 1, editada pela Numero Group.

     

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    24 setembro 2018 – 28 setembro 2018

    Sexta-feira

    Willie West + The High Society Brothers

    The devil gives me everything except what I need

    Timmion

    Nascido em 1942, a alguns quilómetros de New Orleans, Willie West nunca teve sucesso, nunca foi devidamente reconhecido mas nunca desistiu do seu imenso talento, sendo um verdadeiro sobrevivente da Soul.

    Com quinze anos, inspirado pelos Rhythm & Blues e pelo Rock’n’Roll que começavam a dominar as rádios e as jukeboxes, formou os Sharks, a sua primeira banda que, quatro anos mais tarde o acompanharia na sua estreia em disco para a Rustone Records, como Little Wille West, iniciando um primeiro ciclo de gravações que, até 75, rendeu mais de uma dezena de sólidos singles para marcas como a Frisco, a Deesu, a Josie ou a Warner Bros, entre os quais o ultra-colecionável “Willie knows how”.

    A meio da década de 70, a falta de sucesso dos seus discos fez com que a perspectiva de continuar a gravar fosse praticamente nula mas, ainda assim, Willie West manteve-se actividade – primeiro com os Renegades, banda que incluía Aaron e Charles Neville no seu line-up, depois com os Meters, onde ajudou a suprir a saída de Art e Cyril Neville e finalmente nos palcos dos clubes da zona de Bourbon Street, onde nunca lhe faltou trabalho.

    Acabou por voltar a estúdio no fim do anterior milénio, gravando quatro álbuns em New Orleans, antes de se mudar para os arredores de Minneapolis e de ser “recuperado” pela espantosa editora finlandesa Timmion Records, com que tem trabalhado regularmente desde 2009, juntando o seu imenso talento vocal ao apuro de músicos que serão o expoente máximo da Soul clássica europeia.

    “The devil gives me everything except what I need” é o primeiro single dessa maravilhosa associação e um dos seus mais extraordinários momentos.

    Uma enorme e profunda canção Soul que mostra que, aos 65 anos, Willie West ainda conservava toda a sua capacidade e que não foi a falta de talento que o impediu de ter um lugar entre os maiores.

     

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