• Poder Soul

    24 dezembro 2018 – 28 dezembro 2018

    Segunda-feira

    Tyree Glenn Jr.

    Superbad

    Blind Man

    Nascido no Harlem e filho do célebre trombonista, que acompanhou monstros como Duke Ellington e Louis Armstrong e de quem herdou o nome, o saxofonista e cantor Tyree Glenn Jr. ajudou a aquecer a cena musical lisboeta da década 60, ao lado do seu compatriota Van Dixon e de grupos como o Thilo’s Combo ou o Trio Barroco, com quem até gravou dois Eps.

    De facto, depois de ter editado o seu primeiro single para a histórica Sue, em 1964, na companhia dos Fabulous Imperials, Tyree Glenn Jr. veio para a Europa e por cá ficou.

    Andou por Portugal, pela Itália e pelo Reino Unido, antes de fixar na Alemanha, onde ainda vive e é considerado o Grande Embaixador dos Funky Rhythm & Blues e onde, na viragem dos 70 para os 80, gravou a cerca de meia dezena de Lps que compõem a sua discografia em nome próprio. 

    Esta espantosa versão do hino de James Brown – “Superbad” – foi gravada em 81 e faz parte do alinhamento de “Mittwochs in Marl”, um disco editado pela Blind Man que reúne uma série de interessantes leituras de clássicos de música negra e que pode ser assegurado com facilidade pelo preço de uma novidade apesar de, até muito recentemente, ser pouco conhecido na cena especializada.

    Felizmente, este ano, a Tramp chamou a atenção para esta bomba Deep Funk, reeditando-a pela primeira vez em sete-polegadas, o formato de eleição da grande maioria dos Djs do género.

     

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  • Poder Soul

    24 dezembro 2018 – 28 dezembro 2018

    Terça-feira

    Gold

    What about the child

    MRC

    Avelino Pitts foi um talentoso saxofonista, produtor e compositor californiano, que assinou uma mão cheia de hinos, muitos dos quais só muito recentemente resgatados da total obscuridade. 

    Uma cuidada pesquisa associa o seu nome aos 87th Off Broadway, um extraordinário colectivo Funk, que terá estado activo nos primeiros anos da década de 70 e que não editou em vida, mas que, em 2007, foi revelado pela Ace.

    Os Welfare, que por questões legais tiveram que mudar o nome para Gold, foram mais um projecto que liderou, aquele que, através de “What about the child”, esteve na base de todas estas descobertas que o envolvem.

    Mas a surpresas não ficam por aqui…

    Quando, em 2011, a Jazzman o localiza, com o objectivo de reprensar este verdadeiro Graal editado, em 77, pela misteriosa editora de Hollywood – MRC – que também lançou um disco dos Nasty City produzido por si, que não está documentado, Avelino Pitts acabou por encontrar, perdidas num anexo da casa do pai em Las Vegas, a fitas de uma sessão esquecida que, além das canções do single, continha mais sete temas que ninguém conhecia, que acabaram por ser reunidos num Lp que lhe fez justiça três anos antes de morrer.

    Este autêntico milagre permitiu-nos constatar que “What about the child” tinha sido gravado em 74 e que tinha tido uma pequena prensagem, três anos mais tarde, com fins exclusivamente promocionais, para além de ter perpetuado um talento excepcional que, não fosse esta coincidência, corria o risco de ficar esquecido para sempre.

     

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  • Poder Soul

    24 dezembro 2018 – 28 dezembro 2018

    Quarta-feira

    The Antellects

    Love slave

    Flodavieur

    É praticamente nula a informação bibliográfica disponível acerca deste grupo vocal, que apenas gravou este sete-polegadas.

    Os Antellects serão oriundos das imediações de Los Angeles ou não fossem uma das bandas editada pela Flodavieur Records, pequena editora de Hollywood, fundada pelo empresário de sucesso Dave Polk que, durante a década de 60, gravou alguns lados altamente colecionáveis de Doo Wop, Rhythm & Blues, Soul e até Rock psicadélico.

    Gravado em 1967, “Love slave” é o seu único disco e um dos mais raros e cobiçados singles do movimento Northern Soul.

    É que não são conhecidas mais do que uma dezena de cópias originais deste hino, introduzido na cena especializada nos anos 90, por Dj Shifty, um dos activistas do lendário 100 Club, em Londres, o que faz com que, das poucas vezes que sejam transacionadas, troquem de mãos por valores acima dos cinco mil euros.

    O facto de ter sido reeditado pela Kent, em 2011, num split que, no lado oposto, tem uma ainda maior raridade dos Ravins, e de ter sido incluída na banda sonora do questionável “Northern Soul – The Movie”, permitiu que ficasse acessível à generalidade dos aficionados.

     

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    24 dezembro 2018 – 28 dezembro 2018

    Quinta-feira

    Bobby Marchan

    Funny style

    Dial

    Bobby Marchan nasceu em 1930, em Youngstown no Ohio, para vir a ser um dos mais carismáticos actores da singular cena musical de New Orleans, para onde se mudou, em 53, depois de ter actuado com o seu colectivo Drag – Powder Box Revue – no mítico Dew Drop Inn.

    Na década de 50, foi MC no Club Tijuana, onde actuava transvestido, estreou-se em disco, em 54, através da Alladin, foi contratado pela Ace, por um Johnny Vincent convencido que ele era uma mulher, assumiu a voz principal dos Clowns, a banda de Huey “Piano” Smith, e, em 59, iniciou uma relação com a Fire, que lhe trouxe o seu primeiro hit – “There is something on your mind” – canção que o levou à liderança do top de Rhythm & Blues, em 1960.

    A partir daí arrancou para uma consistente e longa carreira discográfica, da qual resultaram algumas dezenas de singles para marcas decisivas como a Volt, a Dial, a Cameo, a Gamble, a Fury ou a Sansu, até que, em 83, fundou uma companhia que se dedicou a descobrir talento na área do Hip Hop, ajudando a criar a Cash Money Records.

    Gravado em 65 para a Dial, “Funny style” é, na minha opinião, o maior dos vários clássicos que nos deixou.

    Uma bomba Soul temperada, em iguais doses, por Rock’n’Roll e Rhythm & Blues, que leva ao delírio as pistas de dança dos mais ambiciosos clubes das várias fações da cena retro.

     

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  • Poder Soul

    24 dezembro 2018 – 28 dezembro 2018

    Sexta-feira

    Elaine + Ellen

    Fill me up

    Lance

    É escassa a informação disponível acerca da dupla Elaine + Ellen mas, a julgar pela fotografia da capa do seu único Lp e pelas poucas pistas que os seus dois restantes singles nos dão, tudo leva a crer que seriam duas irmãs gémeas que teram sido recrutadas pelo importante produtor de Chicago – Donald Burnside – para darem corpo a mais um dos vários projectos que liderou na viragem dos 70 para os 80 e que lhe conferiram um estatuto de culto junto dos amantes do Boogie.

    A carreira de Burnside começou no princípio dos anos 70 e, até ao advento do Disco que ditou a fase mais criativa da sua carreira, colaborou com projectos como Odyssey ou Soul Unlimited para selos como Hi ou Flame.

    Em 78 começou a trabalhar para a histórica editora de Rinder and Lewis – AVI Records – sendo decisivo em clássicos assinados pelos Air Power ou Captain Sky e, nos primeiros anos da década de 80, este talentoso compositor, produtor e mago dos teclados, esteve associado a alguns dos mais significativos discos da cena Boogie da Windy City de nomes como os Ocie III, os Superior Movement ou as First Love, entre outros, acabando até por ser protagonista nos primeiros anos do House.

    Gravado em 79 para a pequena Lance e licenciado, um ano mais tarde, à Ovation, “Fill me up” é a sua grande contribuição para as cenas Disco e Modern Soul.

    Esta enorme canção, que pode ser assegurada por uma bagatela em qualquer um dos seus formatos originais, é um tiro certeiro sempre que lançada numa pista de dança e um clássico obrigatório em qualquer coleção que se preze.

     

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