• Poder Soul

    24 – 28 de Outubro

    Jae Mason

    Let it out

    Buddah

    Pode parecer estranho, mas se “Let it out” tivesse sido editado em sete-polegadas seria, certamente, um hino nas pistas da cena Soul.

    Integrada no alinhamento de “Tender man”, o segundo dos três Lps que Jae Mason gravou a meio dos 70, esta enorme canção acabou por surgir nos clubes, na viragem dos 80 para os 90, pelas mãos dos activistas do Rare Groove e do Acid Jazz, sem que tenha sido adoptada pela ortodoxa comunidade onde encaixaria na perfeição.

    Tudo isto parece ainda mais estranho, quando constatamos que um dos seus quatro singles, “Please the crowd”, acabou por vingar nos clubes Soul, apesar de ser infinitamente inferior a “Let it out”.

    “Tender man”, foi gravado em 1975 para a Buddah, que terá apostado forte em Jae Mason, para o abandonar pouco depois, acabando por ditar o fim da sua curta carreira, e o transformar num nome lembrado apenas pelos mais irrequietos diggers e pelos produtores de Hip Hop, como 9th Wonder, que o samplou mais do que uma vez.

    “Let it out” continua mais pertinente do que nunca e, quando testado numa pista de dança, é irresistível.

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  • Poder Soul

    24 – 28 de Outubro

    Eddie Kirk

    Monkey tonight

    King

    Eddie Kirkland nasceu na Jamaica, cresceu no Alabama, combateu na Segunda Guerra Mundial e conheceu John Lee Hooker em Detroit para se tornar no segundo guitarrista da sua banda, no fim dos anos 40.

    Acompanhou Hooker até 62, altura em que assumiu, por um curto período, a liderança da banda de Otis Redding, encurtando o seu nome para Eddie Kirk.

    Em nome próprio inicia a sua carreira discográfica em 53, pelas mãos de Sid Nathan, e põe-lhe um fim em 2010, um ano antes da sua morte.

    São vários os discos que editou que são alvo de culto. Principalmente singles, gravados nos anos 60, para marcas como a Volt, a King ou a Fortune.

    “Monkey tonight”, gravada para a King, em 64, é provavelmente sua maior canção, até porque os hinos Rhythm & Blues “The hawg” ou “The grunt”, embora sejam inigualáveis, não serão exactamente canções.

    Um cruzamento perfeito entre R&B e Soul, com uma profundidade interpretativa que só os eleitos conseguem, “Monkey tonight” é um disco altamente colecionável, que arrasa qualquer clube e que foi incluído no segundo volume da série Hipshakers, editada pela Vampi Soul e assinada por Matt Weingarden a.k.a. Mr. Fine Wine.

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  • Poder Soul

    24 – 28 de Outubro

    The Majestics

    Funky chick

    Morsound

    “Funky chick” é um dos mais míticos instrumentais da cena Deep Funk, um dos seus mais raros e cobiçados trofeus e uma das poucas canções que saltou dos clubes especializados para a televisão, quando foi usada como tema de uma campanha da Kentucky Fried Chicken, há uns anos atrás.

    Editado em 69, “Funky chick” é o único lançamento selo texano Morsound, fundado pelo pai do guitarrista e produtor E. H. Moore, e também o único disco dos Majestics.

    Todos os elementos da banda, liderada pelo baixista Gray, eram ainda alunos de liceu, quando gravaram este brutal hino e, apesar do seu mentor ter recordado algumas décadas mais tarde, que sendo jovens e tendo os olhos postos neles, achavam que estavam destinados a ser estrelas e a chegar aos grandes palcos, não tiveram qualquer futuro.

    Como resultado do seu fracasso, as 500 cópias prensadas de “Funky chick” transformaram-se num tesouro disputado por todos os adeptos do mais independente Funk, atingindo valores incomportáveis no mercado de usados.

    Foi reeditado pela subsidiária da Jazzman, Funk 45, em 2003, e incluído na marcante compilação “Texas Funk”, um ano antes.

  • Poder Soul

    24 – 28 de Outubro

    Cosmos Universal Band

    Third eye

    Api Atteiram

    Mais um Graal da cena Soul, “Third eye” dos Cosmos Universal Band é mais um daqueles discos que das escassas vezes que troca de mãos atinge valores à volta do par de milhares.

    E mais uma vez, à sua extrema raridade corresponde a ausência total de informação, mesmo depois de Andy Noble ter localizado os compositores da canção – Clyde e Curtis Stozier – o que permitiu que a Cultures of Soul reeditasse o disco.

    Esta pérola foi gravada em Marietta, na Georgia, presumivelmente a meio dos anos 70, para ficar condenada à total obscuridade durante duas décadas e meia.

    Introduzida na cena Soul europeia há poucos mais de dez anos, por Butch, “Third eye” gerou imediatamente a loucura dos mais competitivos Djs e colecionadores, até porque a sua mistura de Funk e Soul low-fi e aquele marcante lick de sopros, obedeciam na perfeição às tendências vigentes. O problema é que as cópias descobertas foram tão poucas, que apenas a meia dúzia mais astuta e endinheirada teve acesso ao cobiçado sete-polegadas.

    Em 2011, a Cultures of Soul encarregou-se de corrigir a situação…

  • Poder Soul

    24 – 28 de Outubro

    Pazazz

    So hard to find

    In-Roads

    Os Pazazz evoluíram dos Zanzibar, grupo fundado em 74, por Tony Castellanos e Tim Boyton, em Miami, embora o pretexto fosse uma residência num hotel de Fort Lauderdale, que até acabou na gravação de um Lp.

    Os Zanzibar continuaram a fazer o circuito de hotéis da Florida, com a sua mistura de Soul e Pop de feição Jazzy, ou não fossem todos brancos.

    No fim da década de 70, quando tocavam em cruzeiros, resolvem alterar o seu nome para Pazazz, com a inclusão do baterista Al Varon no seu line-up.

    “So hard to find”, gravado em 79, e editado pelo seu próprio selo, In-Roads, é o único disco da banda, que cessaria a sua actividade dois anos mais tarde.

    Descontente com a qualidade da prensagem das primeiras quinhentas cópias, o grupo resolveu fabricar mais quinhentas, tentando corrigir a situação e chegar ao mercado com um lançamento apelativo, que até capa tinha. Mas tudo veio igual e os Pazazz abortaram a edição do sete-polegadas, optando pela sua oferta aos seguidores dos concertos da banda.

    O disco foi descoberto, duas décadas mais tarde por Mike Vegh, um colecionador de L.A. que resolveu localizar Castellanos e comprar-lhe as restantes cópias esquecidas do disco.

    Esta deliciosa peça de Funky Disco invade as pistas dos clubes especializados, o original dispara no mercado de usados e, nos últimos anos acaba por ser re-editada duas vezes – primeiro, em 2008, pela Soulplex, com uma releitura de 7 Samurai, e no ano passado foi a vez de Kenny Dope nos dar a conhecer a sua remistura, num maxi com a chancela da Soul Cal e da Kay-Dee.