• Poder Soul

    23 julho 2018 – 27 julho 2018

    Segunda-feira

    Katherine Holt

    My love

    Booker

    Não se sabe praticamente nada acerca desta cantora, oriunda de New Orleans.

    Editou os seus dois únicos discos, em 1963, para a recém-formada editora de Robert Booker, um produtor nativo de Jackson, que se mudou para New Orleans nos anos 40 e que, depois de cantar em bandas de Rhythm & Blues, de ter formado o grupo Gospel feminino The Booker Singers, com quem gravou o seu primeiro disco para a Tye e de ter trabalhado na Invicta de Elgin Hychew, fundou a Booker Records e a sua associada Big Bee.

    Aparentemente gravado nos lendários estúdios de Cossimo Matassa, “My love” é o segundo e derradeiro single de Katherine Holt que, além de ser uma extraordinária cantora, escreveu a totalidade das quatro belíssimas canções que editou.

    Esta grande canção Rhythm & Blues temperada pela mais embrionária Soul, reminiscente dos mais marcantes trabalhos de Ray Charles, foi adoptada pelo movimento Mod britânico e tem vindo a ganhar um crescente protagonismo nos vários quadrantes da cena retro, garantindo a Katherine Holt o reconhecimento que merece.

    Um disco de raridade relativa que ainda pode compor as mais ambiciosas coleções sem que se tenha que cometer qualquer loucura.

     

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  • Poder Soul

    23 julho 2018 – 27 julho 2018

    Terça-feira

    Tommy Stewart

    Fulton County line

    Abraxas

    Apesar de ter assinado um dos maiores clássicos da cena Rare Groove – “Bump & Hustle Music” – o que lhe valeu um estatuto de culto junto da comunidade especializada, o talento de Tommy Stewart nunca teve o reconhecimento que devia.

    É que este grande trompetista, compositor, arranjador e produtor, nascido em 1939 em Atlanta, que nos seus anos formativos tocou com Fred Wesley e com Duke Pearson, além de ter gravado um dos mais sólidos Lps da década de 70 e de ter formado os Stevo, foi uma mais-valia nas carreiras de nomes grandes como Clarence Carter, Candy Staton, Johnny Taylor, Major Lance, Luther Ingram, Millie Jackson, Tamiko Jones ou Loleatta Holloway, bem como de marcantes artistas underground como Billy Byrd, The Whole Darn Family, The Spirit of Atlanta ou Sil Austin, entre muitos outros.

    “Fulton County line”, também faz parte do alinhamento do único Lp em nome próprio que gravou, em 76, para a Abraxas.

    Um extraordinário tema instrumental, pontuado por uns deliciosos ad-libs, que reflecte na perfeição a mestria de Tommy Stewart e a sua decisiva influência nos mais intemporais e estimulantes cruzamentos de que Soul, Funk e Disco foram alvo a meio dos anos 70.

    Raro no seu formato original, este Lp obrigatório foi reeditado pela Luv’n’Haight.

     

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  • Poder Soul

    23 julho 2018 – 27 julho 2018

    Quarta-feira

    Reuben Bell

    Superjock

    Alarm

    Nascido em 1945 em Shreveport, no Louisiana, Reuben Bell começou a cantar em clubes nocturnos locais nos primeiros anos da década de 60.

    Em 67 estreia-se em disco na decisiva Murco Records, emprestando a sua voz aos lendários Casanovas, e, até 82, grava uma dúzia de singles e um Lp para marcas como a House of Orange, a Deluxe, a Alarm ou a Port City, entre os quais figuram alguns clássicos que lhe valeram um lugar de destaque na chamada Southern Soul.

    Gravado em 75 para a Alarm, “Superjock” é, na minha opinião, o seu mais exepcional momento.

    Produzida pelo genial Wardell Quezerque, esta musculada canção Funk midtempo leva qualquer pista ao delírio e tem sido alvo de caça desenfreada desde que foi incluída em “Brainfreeze”, a decisiva mixtape assinada por Dj Shadow e Cut Chemist que converteu tantos adeptos do Hip Hop à mais refundida música negra dos 60 e 70.

    Embora as cópias originais não sejam completamente incomportáveis, a reedição do ano passado, promovida pela Trump, pode significar uma poupança de algumas dezenas.

     

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  • Poder Soul

    23 julho 2018 – 27 julho 2018

    Quinta-feira

    Skull Snaps

    All of a sudden

    GFS

    Amigos e colegas de um liceu de Maryland, Ervin Waters e Samm Culley resolveram mudar-se para Nova Iorque, em 1962, para tentarem construir uma carreira artística.

    Formaram o quarteto vocal The Diplomats e, desde a sua estreia em disco em 63 até 70, gravaram cerca de uma dezena de singles de relativo sucesso, para marcas como a Arock, a Wand, a Minit ou a Dynamo, além terem dividido palcos com estrelas como Sammy Davis Jr., Tony Bennett, Sam + Dave, Wilson Pickett, Gladys Knight + The Pips ou Jimi Hendrix.

    A meio da década de 60 Ervin e Samm resolveram começar a tocar guitarra e baixo, para tentarem compensar o desinteresse que as bandas puramente vocais começavam a ter e cruzaram-se com o baterista de eleição George Bragg na sessão de gravação do derradeiro sete-polegadas dos Diplomats, para a 3rd World.

    A imediata química sentida pelo trio acabou por ditar o fim dos Diplomats e o nascimento dos Skull Snaps, grupo mítico que, mesmo só tendo gravado um Lp e um single, entre 73 e 75, se viria a revelar decisivo para a história da música negra.

    “Now if you check my pulse it beats Skull Snaps”, afirmam os Beastie Boys em “Unite”, enfatizando a importância de uma banda que alimentou os samplers de gente como Dj Shadow, Jazzy Jeff, Eric B. + Rakim, Digable Planets ou Ol’ Dirty Bastard, entre muitos outros, e cujo único álbum, gravado em 73 para a GSF, é um verdadeiro Graal para os mais exigentes diggers e colecionadores.

    “All of a sudden” faz parte do alinhamento desse enorme disco e é a canção que foi adoptada pelos mais progressivos Djs da cena especializada, até porque, muito recentemente, se descobriu que tinha tido uma raríssima prensagem em 45 rotações.

     

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  • Poder Soul

    23 julho 2018 – 27 julho 2018

    Sexta-feira

    Caprice feat. Larnette Winston

    Candy man

    Lipford

    Caprice foi um grupo formado por Elliot Lipford e Henry Clash no princípio dos anos 80, no estado do Illinois, sobre o qual se sabe muito pouco.

    Sabe-se que foram convidados a participar no importante programa televisivo de Ed McMahon – Star Search – algo que não veio a acontecer por não terem dinheiro para a deslocação e que apenas gravaram um single, cantado por uma das vocalistas dos míticos Midnight Express, Larnette Winston.

    “Candy man” terá sido gravado em 1982 e foi, também, a única edição da Lipford, marca que terá sido criada para o efeito.

    Esta pequena maravilha Boogie midtempo, com um Groove coeso, um brilhante trabalho de sintetizador e uma belíssima interpretação de Larnette Winston, que se veio a transformar numa terapeuta de sucesso do chamado Life Coaching, tão vulgar nos Estados Unidos, transformou-se num dos mais cobiçados sete-polegadas da cena Deep Disco.

    Acabou por ser reeditada pelos grandes especialistas do género – a Peoples Potencial Unlimited – em 2006, tornando-se acessível à generalidade dos adeptos da mais obscura Soul.

     

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