• Poder Soul

    23 abril 2018 – 27 abril 2018

    Segunda-feira

    New Birth

    I can understand it

    RCA

    Mais do que uma banda, os New Birth foram um decisivo colectivo que nasceu de uma ideia dos ex-colaboradores da Motown – Vernon Bullock e Harvey Fuqua – e que “fundiu” grupos como os Nite-Liters, os New Sound, as Mint Julep e os Love, Peace + Happiness.

    Iniciaram a sua actividade em 1970, tiveram várias formações ao longo da sua evolução, chegando a serem compostos por dezassete elementos e, até 82, gravaram dezenas de Lps e singles para editoras como a RCA, a Buddah, a Warner Bros. ou a Ariola.

    “I can’t understand it” é uma canção clássica escrita por Bobby Womack que, além de ter sido gravada por essa verdadeira lenda da música negra, também foi registada em disco pelos seus irmãos, The Valentinos, por um obscuro grupo caribenho, radicado no Canadá, New Directions, pelos jazz-funkers britânicos Kokomo e pelos New Birth.

    Incluída em “Birth day”, o terceiro longa-duração do colectivo, editado em 72, aquela que será a mais incisiva versão desta enorme canção e que saiu em sete-polegadas, um ano mais tarde, acabou por ser decisiva na carreira dos New Birth, até porque foi a primeira vez que marcaram presença nas tabelas de vendas nacionais.

    Um clássico esquecido que pode ser comprado com algumas moedas mas que soa como muitos dos discos que valem milhares na cena especializada.

     

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  • Poder Soul

    23 abril 2018 – 27 abril 2018

    Terça-feira

    Third Membrane

    I’m getting to you baby

    House of Big Brother

    George D. Bishop, III nasceu em Asheville mas foi estudar música para a North Carolina A&T, em Greensboro, tornando-se numa figura central das cenas Rhythm & Blues e Soul da cidade.

    Em 1964, ainda teenager, juntou-se a alguns colegas para entrar num concurso de caloiros da escola e, depois da reação que provocaram, resolveu continuar com o grupo, sob a designação The Majors.

    A banda criou uma forte reputação local e transformou-se nos Mighty Majors, por sugestão de um promotor de espectáculos, ao mesmo tempo que o protagonismo de Bishop deixava de se concentrar apenas no baixo e se estendia a áreas como a composição, a produção e a edição, acabando por ser crucial na carreira de artistas como Walter Grady, fundar o seu próprio selo, Gate City Records, experimentar projectos paralelos como os Third Membrane e os Party Brothers e colaborar com Jimmy Cheek na editora de culto House of Big Brother, responsável pela descoberta da Roy Roberts Experience.

    Editado em 71, “I’m getting to you baby” é o lado b do único disco dos Third Membrane e a primeira colaboração de Bishop com Cheek para a House of Big Brother.

    Este enérgico tema Funk, apoiado nuns sopros incisivos e num órgão e numa guitarra temperados pelo psicadelismo, mantém-se na obscuridade e está à espera de ser descoberto pela grande maioria da cena Soul especializada, agora que começa a fazer parte de algumas das playlists dos mais progressivos Djs.

     

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  • Poder Soul

    23 abril 2018 – 27 abril 2018

    Quarta-feira

    Jimmy Bo Horne

    I can’t speak

    Dade

    O talento deste músico e cantor nascido em West Palm Beach, que se transformou numa figura de proa das cenas Soul, Funk e Disco de Miami, é tanto, que consegue ir do músculo cru de “Hey there Jim”, que já foi alvo de destaque no Poder Soul, à doçura sofisticada deste “I can’t speak”, passando pela energia dos seus maiores hits como “Gimme some”, “Dance across the floor”, “Spank” ou “Is it in”, com a mesma destreza.

    Essa será a principal razão para que este licenciado em Sociologia, pela Universidade Bethune-Cookman de Daytona Beach, tenha tido tanta importância na mais do que bem-sucedida operação editorial de Henry Stone, tendo, entre 69 e 80, assinado um sem número de discos para as suas marcas Dade, Dig, Alston, Drive, T.K. e Sunshine Sound, muitos dos quais foram êxitos e matéria de sampling.

    “I can’t speak”, editado pela Dade é o seu disco de estreia e o seu mais colecionável sete-polegadas.

    Esta autêntica joia Crossover, que roça a perfeição, é um daqueles discos que tem levado à loucura os mais obstinados colecionadores, atingindo valores na casa dos vários milhares no mercado de usados.

    Depois de ter tido um par de edições pirata, nas últimas duas décadas, teve finalmente uma reedição oficial, em 2011, através da Outta Sight.

     

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  • Poder Soul

    23 abril 2018 – 27 abril 2018

    Quinta-feira

    Poka-A-Dot Slim

    Trick bag

    Apollo

    Monroe Vincent nasceu em Woodville, no Mississipi, em 1919.

    Apesar de ser um talentoso cantor e de dominar a harmónica, num estilo inspirado em Sonny Boy Williamson, este bluesman que, se havia fixado em Baton Rouge, no Louisianna, apenas começou a sua carreira muito perto dos 40 anos, quando, em 56, gravou o primeiro disco da sua curta discografia, no mítico estúdio de J.D. “Jay” Miller em Crowley, e o editou na Excello, como Vincent Monroe.

    Na década que seguiu editou mais três singles: um, enquanto Mr. Calhuon, ainda em Crowley para a marca de Miller – Zynn – e dois, já em New Orleans, onde se tornaria numa presença regular dos mais refundidos clubes nocturnos, para a Instant e para a Apollo, pequenas editoras com ligação a Cossimo Matassa, como Polka Dot Slim.

    Gravada em 66, esta espantosa versão do clássico de Earl King que inspirou nomes da Soul ao Garage – “Trick bag” – é o seu derradeiro sete-polegadas e, na minha opinião, o seu momento mais especial.

    Um espantoso take de uma grande canção que, ancorado nas mais profundas raízes dos Blues do Delta do Mississipi, se revela completamente original e retrata na perfeição a personalidade singular deste misterioso artista.

     

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  • Poder Soul

    23 abril 2018 – 27 abril 2018

    Sexta-feira

    Distance

    Get, get on down

    Manna of Distance, Inc.

    Mais uma vez não existe qualquer informação disponível acerca destes Distance.

    Sabe-se que eram originários de Washington DC, que devem ter estado activos na viragem dos 70 para os 80 e que gravaram apenas um sete-polegadas que, a julgar pela designação da marca pela qual saiu, parece ser uma edição de autor.

    “Get, get on down”, foi editado em 81 pela Manna of Distance, Inc., sendo também o único lançamento deste selo, supostamente criado para o efeito.

    Introduzida nas pistas de dança especializadas por Ian Wright, já neste milénio, esta contagiante e enérgica canção, construída sobre um Groove sólido e uns sopros incisivos, com um espantoso solo de sintetizador, conquistou, imediatamente, os mais fervorosos adeptos de Funk, Disco e Soul, até porque é uma conseguida síntese das três principais linguagens da música negra da década de 70, aquelas que estiveram na génese do Boogie, que viria a dominar a primeira metade dos anos 80.

    Apesar do entusiasmo gerado, Andy Noble e outros dealers americanos localizaram, rapidamente, uma boa quantidade de cópias esquecidas, que nunca terão entrado no circuito de distribuição, tornando possível assegurar este grande disco dentro de valores razoáveis.

     

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