• Poder Soul

    22 – 26 de Agosto

    Rudy Love + The Company Soul

    Suffering wrath

    Canyon 1970

    Parece que finalmente se irá fazer justiça a Rudy Love.

    Este nativo de Oklahoma que cresceu em Wichita, o mais velho de 17 filhos de um artista Gospel, é uma das figuras chave da Soul dos 70, sem que isso lhe seja reconhecido.

    Começou, ainda teenager, ao lado de Little Richard, escreveu canções para gente como Ray Charles e comandou, durante dez anos, a banda de Sly Stone, de quem também foi manager, tal era a confiança que o génio de Los Angeles tinha em si.

    Durante os 70, editou dois discos com a Company Soul, para a Canyon, e cinco singles e um par de Lps, na companhia da Love Family, composta maioritariamente por seus irmãos, para a Calla. Muitos destes discos são hoje objectos de coleção.

    “Suffering wrath”, editado em 70, é aquele que, neste momento, goza de maior culto. Uma extraordinária peça do melhor Funky Soul, com arranjos de Monk Higgins, que demonstra bem o seu imenso talento.

    Rudy Love voltou para Wichita depois desta fase movimentada da sua carreira e, com exceção do estatuto que foi ganhando junto dos fanáticos britânicos ligados ao Northern Soul, ficou votado ao esquecimento.

    Finalmente começa a ser reconhecido, tendo, recentemente, reativado a sua banda e partilhado o palco com George Clinton, para além de estar prestes a ver a sua vida contada no documentário que se encontra em fase de produção – “The Love Story”.

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  • Poder Soul

    22 – 26 de Agosto

    Linda Griner

    Good bye cruel world

    Motown (1962)

    Linda Griner foi descoberta por Smokey Robinson, então vice-presidente da Motown, quando assegurou a primeira parte de um concerto dos Miracles, em Washington D.C.

    Robinson ofereceu-lhe um contrato e levou-a para Detroit, onde viria a gravar “ Good bye cruel world”, para o monstro da Motor City.

    O problema é que Linda tinha apenas 15 anos, o que a impedia de poder assinar um contrato formal e, embora “Good bye cruel world” seja, na minha opinião, uma das grandes canções escritas por Smokey Robinson e um dos mais deliciosos momentos da marcante Soul Pop inventada pela Motown, Berry Gordy decidiu não manter a sua ligação à editora.

    Linda voltou aos estudos, veio a ser contratada pela Columbia, enquanto Lyn Roman, e retomou uma consistente carreira com ligações à Mercury, à Dot, à Brunswick e à Ichiban, mantendo-se em actividade até aos dias de hoje.

    “Good bye cruel world”, que tinha sido gravado em 62, acabou por ser recuperado pela comunidade Northern Soul, mais de uma década depois, para se vir a transformar num dos mais emblemáticos e colecionáveis lados da Motown, para os mais ávidos amantes da Soul europeia.

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  • Poder Soul

    22 – 26 de Agosto

    Family Tree

    Family Tree

    Anada (1976)

    Family Tree foi um projeto de um só disco, encabeçado por Sharon Brown, que viria a conhecer o sucesso seis anos mais tarde com “I specialize in love”.

    O seu único lançamento, homónimo, data de 1976 e saiu através da independente de Hollywood, Anada.

    “Family tree” é uma enorme canção Disco Funk, construída sobre um Break ultra-samplado, uma sólida linha de baixo e uns sopros certeiros, que recebem a prestação vocal completamente arrebatadora de Sharon Brown, que é também a sua autora.

    Para variar, foi Larry Levan que evitou que o tema se mantivesse na obscuridade, transformando-o num dos hinos do seu Paradise Garage, o que terá inspirado os vários re-edits ilegais de que foi alvo.

    Várias décadas depois mantem-se uma aposta certeira em qualquer clube de Disco, Funk ou Soul, tendo um lugar garantido na galeria dos maiores clássico independentes da música negra.

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  • Poder Soul

    22 – 26 de Agosto

    Dynamic Corvettes

    Keep off the grass

    Ru-Jac (1971)

    Existe uma razão para que esta banda de Maryland tenha um nome que remete para um automóvel mítico.

    Em 1964, Louis Chesley comprou uma carrinha Chevrolet para transportar o material e a banda do seu irmão, John. A banda viria a chamar-se Dynamic Corvettes e Louis ficaria o seu manager.

    Durante os anos 70, depois de percorrerem os melhores clubes do estado, os Corvettes gravaram três singles, um para a Ru-Jac e dois para a Abet, antes de se transformarem nos Deep Heat e editarem um dos maiores troféus da cena Deep Funk – uma inesperada versão de “Do it again” dos Steely Dan.

    “Keep off the grass” é o seu primeiro single, editado em 71 pela marcante editora de Baltimore, Ru-Jac.

    Este espantoso tema do mais psicadélico Funky Soul tinha como objetivo alertar para os malefícios da droga mas, talvez pelo seu som quase delirante, acabou por ser usado por activistas pro-marijuana…

    Transformou-se, há cerca de uma década, num verdadeiro enche pistas nas cenas Soul e Funk, vendo a sua procura também aumentar junto do movimento Mod, precisamente à custa da sua faceta psicadélica.

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  • Poder Soul

    22 – 26 de Agosto

    Joe Tex

    Pneumonia

    King (1956)

    Nascido em 1935, em Rogers, no Texas, Joe Tex foi uma figura de proa da Soul, enquanto se manteve em atividade.

    Aos 5 anos muda-se com a mãe para Baytown, na sequência do divórcio dos pais. Aí canta nos coros da escola e da igreja e faz pequenos números de dança e canto, enquanto ganha uns cobres a engraxar sapatos e distribuir jornais.

    Ainda no liceu, entra num concurso de talentos em Houston, onde arrebata o primeiro prémio perante a concorrência de Johnny Nash e de Hubert Laws. Além do prémio em dinheiro, ganha uma estadia em Nova Iorque, onde entra nas noites para amadores do Apollo, que vence quatro vezes seguidas.

    Em 55, depois de terminar os estudos, regressa a Grande Maçã à procura de uma oportunidade no mundo da música. Cruza-se com Arthur Prysock e acaba por assinar um contrato com a King, começando aqui uma carreira de sucesso.

    Entre 55 e 72, acumula êxitos, uns atrás dos outros, e grava um sem número de discos para editoras como a King, a Dial ou a Atlantic.

    Depois de se ter convertido ao islamismo, em 68, resolve, quatro anos mais tarde, dedicar-se a espalhar a palavra da Nação do Islão sob o nome Yusef Azziez.

    Ainda volta à música com assinalável sucesso, depois da morte de Elijah Mohammad, mas viria a falecer, em 82, na sequência de um ataque cardíaco.

    “Pneumonia”, o seu segundo single para a King, de 56, é uma das mais maravilhosas experiências de colunagem de “Fever”, de que se usou e abusou na altura.

    Um trofeu da cena Rhythm & Blues, raríssimo, que felizmente foi, recentemente, reeditado na imaculada série Jukebox Jam de Liam Large.

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