• Poder Soul

    21 janeiro 2019 – 25 janeiro 2019

    Segunda-feira

    Crystal featuring Ranches Hall

    Music

    Soundsmith

    Cantor, guitarrista, compositor, produtor, promotor e editor Henry Turner, Jr. é uma figura de relevo das cenas Rhythm& Blues, Funk e Soul de Baton Rouge, no Louisiana, que, a julgar pelas suas várias biografias oficiais, não parece valorizar a fase inicial da sua carreira, precisamente aquela que nos deu esta raríssima e ultra disputada pérola Modern Soul, assinada pela sua primeira banda – Crystal – na companhia de Ranches Hall.

    De facto, apenas a sua carreira posterior a 1983, o ano em criou a sua editora – Hit City – através da qual os Crystal gravaram o seu segundo e derradeiro sete-polegadas, e todo o seu percurso subsequente, desde a fundação dos Flavor, à inauguração do ListeningRoom ou à criação de Festivais como o Ultimate Louisiana ou o Henry Turner Jr. Day, está documentada.

    E ainda assim foi primeiro disco dos Crystal, gravado em 79 para a Soundsmith Records, aquele que lhe valeu o reconhecimento da cena especializada.

    Escrito, arranjado e produzido pelo misterioso Ranches Hall, “Music” transformou-se num cobiçado troféu para os mais obstinados Djs e colecionadores de Modern Soul e Deep Disco, estando apenas ao alcance de uns poucos eleitos, até ter sido recuperado pela Lotus Land, em 2007, juntamente com “Givingmyloveup to you”, um excelente inédito registado na mesma sessão de gravação.

     

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  • Poder Soul

    21 janeiro 2019 – 25 janeiro 2019

    Terça-feira

    The Boris Gardiner Happening

    Ghetto Funk

    Leal

    Embora não tenha o devido reconhecimento, Boris Gardiner é uma das figuras chave da moderna música jamaicana.

    Nascido em 1943, em Kingston, este excelente baixista, cantor e compositor iniciou o seu percurso na viragem dos 50 para os 60, com os Rhythm Aces, quarteto vocal liderado por Richard Ace, e, depois de começar a tocar baixo, com os Afro JamaicansRhythms de Carlos Malcolm, com quem andou pelas Bahamas, por Nova Iorque e por Toronto, tornou-se num colaborador de peso da StudioOne, participou em sessões decisivas de nomes como Byron Lee, JackieMittoo, Lee Perry e os Upsetters, Aggrovators, DerrickHarriott ou Marcia Griffiths, entre outros, formou os Broncos e, em 68, arrancou com uma sólida carreira discográfica que rendeu uma mão cheia de clássicos e hits que atravessaram o Atlântico, como “Elizabethan Reggae”.

    “Ghetto Funk” foi gravado em 73, na companhia da sua segunda banda – Happening – como parte da banda sonora original do filme “Everyniggeris a star” e é um dos seus mais geniais momentos.

    Este espantoso instrumental, que também foi prensado em sete-polegadas pela Leal Records e que conta com a marcante participação de LesleyButler, exímio organista que Gardiner havia conhecido na sua passagem por Toronto, é dos mais perfeitos exemplos do melhor que os pontuais cruzamentos da música jamaicana com a Soul e o Funk nos deram.

     

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  • Poder Soul

    21 janeiro 2019 – 25 janeiro 2019

    Quarta-feira

    Stark Reality

    Too Much Tenderness

    Now-Again

    Ainda que com origens distintas, Carl Atkins, John Abercrombie, Phil Morrison e Vinnie Johnson, andavam todos por Boston quando, em 1968, MontyStark foi desafiado, pelo canal televisivo WGHB, a assegurar a música do programa SayBrother e os chamou para formarem uma das mais singulares e desconcertantes bandas da história: StarkReality.

    Depois de se estrearem em disco, através da BigYellow, com o genérico que esteve na sua origem, os StarkReality viriam a ficar na história à custa da sua espantosa recriação das canções infantis compostas por HoagyCarmichael para o MusicShop, algumas das quais constam do seu Lp de 58 – “Havin’ a party” – transformando aqueles standards em cruzamentos geniais de Jazz, Funk e Psicadelismo movido a Fuzz que, embora tenham sido gravados para televisão, foram editados, em 70, pela AJP Records, editora fundada por AhmadJamal, para quem um ano antes gravaram seis originais que, apenas em 2003, seriam reunidos em disco, pelas mãos da Now-Again de Egon.

    Escrita por MontyStark, “Too muchtenderness” é uma dessas canções esquecidas e que canção.

    Um absoluta obra-prima construída sobre um riquíssimo backbeat Funk e umas espantosas progressões harmónicas que devem tanto ao Jazz como à Soul que recebem uma deliciosamente frágil prestação vocal que confere a esta enorme canção um caracter completamente original.

     

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  • Poder Soul

    21 janeiro 2019 – 25 janeiro 2019

    Quinta-feira

    The Montclairs

    Hey You! Don't Fight It!

    Arch

    Adoptando o nome de uma marca de cigarros local, Phil Perry, David Frye, George McLellan, Kevin Sanlin e Clifford Williams, formaram o grupo vocal TheMontclairs, na segunda metade dos anos 60, em East St. Louis no estado do Illinois.

    A sua carreira discográfica iniciou-se em 1969, com a perola que hoje vos trago e, entre 70 e 74, depois de terem sido apadrinhados por Oliver Sain, gravariam um Lp e cerca de sete singles, para marcas como a Vanessa e a Paula, entre os quais o hit Northern Soul “Hunguponyourlove”.

    Editado pela pequena independente local fundada por Nick Charles – Arch Records – e distribuído pela Stax, “HeyYou! Don’tfightit!” é o seu primeiro, mais raro e genial disco.

    Uma pequena maravilha Crossover e um exemplo supremo da melhor Harmony Soul, esta imaculada canção leva à loucura os mais fervorosos adeptos da cena especializada, chegando a trocar de mãos por valores a rondar os quatro algarimos e até a reedição de que foi alvo em 2002, através da extinta Grapevine, exige um esforço suplementar para ser assegurada.

     

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  • Poder Soul

    21 janeiro 2019 – 25 janeiro 2019

    Sexta-feira

    Luther Ingram

    Oh Baby Don't You Weep

    Kent Select

    Nascido em 1937, em Jackson no Tennessee, LutherIngram teve uma longa e bem-sucedida carreira.

    Começou a dar os primeiros passos depois de se mudar com a família para Alton no Illinois, em 47, onde formou o seu primeiro grupo, com dois irmãos e alguns vizinhos – TheMidwestCrusaders – que viria a trocar o Gospel pelos Rhythm& Blues e a rebatizar-se TheGardenias, depois de se cruzar com Ike Turner, em East St. Louis, que apadrinharia a sua estreia em disco, através da Federal, em 56.

    O disco não foi longe, a banda desmembrou-se, mas LutherIngram não desistiu e, nos primeiros anos da década de 60, foi para Nova Iorque à procura de sucesso, acabando por assinar contrato com a Decca, em 64, e por se estrear a solo no ano seguinte, dando continuidade a uma carreira que o levou a Memphis e que se reflectiu em cinco Lps e um sem número de singles, para marcas como a Smash, a Hib, a Koko ou a Profile, entre os quais êxitos absolutos como “(If LovingYou Is Wrong) I Don’tWant to BeRight” ou clássicos Northern Soul como o instrumental “ExusTrack”.

    Foi ainda co-autor de “Respectyourself”, um dos mais emblemáticos temas gravados pelos Staples Singers para a Stax, editora que distribuía a Koko, marca que acompanhou a sua melhor fase.

    Gravada em 64, em Nova Iorque, esta espantosa versão do clássico de Fred Bridges – “Baby don’tyouweep” – não saiu da fita até 2008, ano em que viu, finalmente, a luz do dia graças ao trabalho excepcional da Kent e de AdyCroasdell que, desde o inicio do milénio levava pistas à loucura com um acetato do tema.

    É, na minha opinião, o mais sublime momento de uma das grandes vozes masculinas da história da Soul.

     

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