• Poder Soul

    2 outubro 2017 – 6 outubro 2017

    Segunda-feira

    Leroy and The Drivers

    The sad chicken

    Duo

    Leroy Jones formou os Drivers, em Cincinnati, na companhia de Mike Chappell, Butch Yates, Reggie Cavinaugh, Jimmy Valdez e Jimmy Welch.

    A banda passou quase toda a década de 60 a tocar em vários clubes nocturnos do Ohio e de Kentucky, atingindo uma sólida reputação local, que se reflectiu em dois singles gravados para a Coral.

    Em 67, Leroy and The Drivers deslocaram-se até Chicago para gravarem uma versão do êxito de Tony Joe White “Rainy night in Georgia” com o intuito de alargarem o seu campo de acção, através de uma parceria com a agência Shaw Attractions.

    “The sad chicken”, o lado b do disco editado pela Duo, é resultado dessa sessão e o tema que lhes guardou um lugar na história.

    Gravado nos minutos que sobraram dessa famosa sessão, sem que se tivessem preparado para isso, confiando na capacidade de improviso colectivo da banda, este delirante tema que arranca com uma citação à Marcha Fúnebre de Choppin, antes de rebentar com uma poderosa linha de baixo, um certeiro lick de guitarra, um incisivo break de bateria e um robusto sax, é um dos mais emblemáticos instrumentais da cena Deep Funk.

     

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  • Poder Soul

    2 outubro 2017 – 6 outubro 2017

    Terça-feira

    Benitez and Nebula

    We are the one

    Vaya

    Um verdadeiro prodígio na guitarra, Eddie Benitez cresceu ao lado de nomes como Charlie Palmieri, Louie Ramirez, Tito Puente e de grande parte dos fabulosos Fania All-Stars.

    Em 1973, com apenas 13 anos, Benitez forma os Nebula, que durante a sua fase de maturação integraram no seu line-up nomes como Ruben Blades ou Nicky Marrero.

    Ente 76 e 77, Benitez grava dois Lps – “Night life” e “Essence of life” – ambos para a Vaya, uma das subsidiárias da decisiva Fania Records, deixando a sua marca na chamada Latin Soul, que terá em Joe Bataan o seu nome maior.

    “We are the one”, que faz parte do alinhamento do seu álbum de estreia, é, na minha opinião, o seu momento supremo.

    Uma enorme canção, temperada por uma espiritual sensibilidade jazzística, cantada em dueto por Jimmy Cruz e Nancy O’Neil, que tem sido adoptada pelos mais progressivos clubes Soul europeus, mesmo nunca tendo sido editada em sete-polegadas.

    O talento de Eddie Benitez foi, recentemente, relembrado pela nossa vizinha Vampi Soul, que se encarregou de reeditar os seus injustamente esquecidos discos.

     

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  • Poder Soul

    2 outubro 2017 – 6 outubro 2017

    Quarta-feira

    Hollis Floyd

    Black poncho is coming

    Silloh

    Nativo de Filadélfia, Hollis Floyd fez uma consistente carreira local, construindo uma sólida reputação atrás do seu órgão Hammond, entre as décadas de 60 e 70.

    Depois de, ainda muito jovem, ter formado os Medallions, com Johnny Styles, afirmando o seu enorme talento e um estilo que devia tanto ao Jazz como aos Rhythm & Blues e à Soul, muito próximo de Charles Earland, Floyd gravou quatro singles, entre 64 e 75, para editoras como a Jell, a Junior e a sua Silloh.

    “Black poncho is coming”, o seu derradeiro lançamento, foi um dos sete-polegadas que gravou para a sua própria marca e, a julgar pela informação da sua etiqueta, faria parte de um Lp que nunca viu a luz do dia.

    Este delicioso instrumental que parte da comédia para misturar uma surpreendente estrutura rítmica latina com Jazz, Soul e Blaxploitation transformou-se num clássico dos clubes Mod e Northern Soul e continua a ser uma verdadeira lufada de ar fresco quando lançado numa pista de dança.

    Tão acessível como qualquer single acabado de ser editado, este é mais um grande disco que contraria a sensação de que só aquilo que é caro é que é bom.

     

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  • Poder Soul

    2 outubro 2017 – 6 outubro 2017

    Quinta-feira

    Nelson Sanders

    This love is here to stay

    La Beat

    Nelson Sanders nasceu em 1948, na pequena cidade de Bessemer, no Alabama, e passou grande parte da sua vida na estrada, a conduzir, profissionalmente, um camião de mercadorias.

    Ainda assim, na segunda metade dos anos 60, conseguiu gravar quatro singles para editoras como a Petcol, a La Beat ou a sua associada Rambler, que fazem parte da história da vibrante e decisiva cena Soul independente de Detroit.

    “This love is here to stay” é o seu segundo disco e foi gravado, em 66, para a mítica marca de Lou Beatty – La Beat – responsável pelo lançamento de alguns dos mais colecionáveis sete-polegadas da Motor City, reunindo no seu catalogo, construído em apenas dois anos, gravações de culto de nomes como Al Williams, The Masqueraders ou Lester Tipton.

    Esta grande canção retrata, na perfeição, o profundo e visceral talento vocal de Nelson Sanders, bem como a faceta mais crua e incisiva da música negra made in Detroit, por oposição à Soul quase aveludada, de apelo Pop da Motown e suas seguidoras, e é uma arma certeira nos mais esclarecidos clubes.

    Não sendo, nem de longe nem de perto, um dos mais incomportáveis discos da cobiçada La Beat, é um single para os mais militantes e obstinados.

     

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  • Poder Soul

    2 outubro 2017 – 6 outubro 2017

    Sexta-feira

    Family Underground

    Nowhere to run

    Hollygrove

    Existem histórias tão improváveis que dão gosto contar. Esta é uma dessas…

    Roland Treaudo e Manuel Herrera Jr. conheceram-se num liceu do bairro de New Orleans, Hollygrove, em 1965. Depois de terem tido uma curta passagem pelos Delltones formaram, com alguns dos seus colegas, os Fabulous Fantoms, com quem atingiram bastante notoriedade, chegando a abrir concertos para estrelas como Lou Rawls, The Commodores, Etta James, Bobby Womack ou Jackie Wilson. Só que, mesmo tendo feito algumas gravações com o notável Cosmo Matassa, a banda acabou por se separar, no princípio dos 70, depois de não ter conseguido fechar qualquer contrato discográfico.

    Roland e Manuel não desistiram e, em 74, formaram os Family Underground com os irmãos Winston e Parker Shy, Milton Lewis, Arthur Bell e Thomas Mitchell, sendo-lhes imediatamente oferecida uma residência semanal num clube reservado a negros, o Whitey’s Devil’s Den, onde depressa fidelizaram algumas centenas de fiéis, ao domingo à noite.

    Entre essa marcante residência e as frequentes tours que faziam em estados como Texas, Mississipi, Alabama, Georgia e Flórida, foi pouco o tempo que restou aos Family Underground para traduzirem a sua actividade em disco.

    “Nowhere to run” é uma das pérolas de “Once in a lifetime”, projecto de um álbum gravado em 79 nos estúdios Ultrasonic, que foi recusado pela Capitol e pela Motown e cujas fitas estiveram perdidas nas mãos de Eddie Stewart, um editor independente com ligações ao Hip Hop, durante quase duas décadas e meia.

    Foram finalmente resgatadas à sua viúva, mesmo antes de New Orleans ter sido assolada pelo Katrina, para serem editadas, em 2005, pela Hollygrove, marca que visa a preservação da herança musical desta apaixonante cidade americana.

    Assim sobreviveu um grande disco de Modern Soul e se perpetuou o imenso talento e resiliência de Roland Treaudo e Manuel Herrera Jr.

     

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