• Poder Soul

    2 dezembro 2019 – 6 dezembro 2019

    Segunda-feira

    Jimmy Fraser

    Of hopes and dreams and tombstones

    Columbia

    O misterioso cantor Jimmy Fraser emprestou a sua voz a este disco e, apesar do seu impacto e do seu inequívoco talento, desapareceu sem deixar rasto.

    Estavamos em 1965 e, no âmbito de uma iniciativa governamental que procurava combater o abandono escolar através da criação do “Youth Opportunity Program”, Jimmy Fraser foi convidado para cantar uma canção, escrita pela bem-sucedida compositora Joy Byers, que vinha de assinar alguns hits de Elvis Presley, Eddie Cochran, Timi Yuro, Brenda Lee ou Solomon Burke, entre outros, que procurava dar um alcance maior ao programa, indo ao encontro dos jovens através da rádio e da música que consumiam.

    “Of hopes and dreams and tombstones” teve, inicialmente, uma edição promocional em que Jimmy Fraser não era creditado mas, depois de Hurbert Humphrey, o presidente daquele serviço público, ter assinado um protocolo com a Columbia Records, o disco foi lançado no mercado com um assinalável sucesso, desta vez creditado ao talentoso cantor.

    Esta enorme e profunda canção Soul, pouco terá feito pela carreira de Jimmy Fraser, que não voltaria a editar, mas transformou-se num altamente colecionável hino da cena Northern Soul e foi alvo de uma versão dos australianos The Purple Hearts, que foi adoptada pelo movimento Mod.

     

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    2 dezembro 2019 – 6 dezembro 2019

    Terça-feira

    The Leaders

    (It’s a) Rat race (Instrumental)

    Superstar Productions

    Embora apenas tenham gravado este disco, The Leaders foram uma das bandas que ajudaram a eternizar a cena Soul de Little Rock, no Arkansas, e tornar o True Soul Recording Studio num lugar de culto.

    Foi neste estudio, fundado por Lee Anthony, em 1968, numa tentativa de recriar a dinâmica que via na Stax ou na Hi, durante as suas viagens a Memphis, à procura de discos para a sua loja – Soul Brothers – que foram gravados um sem número de hinos de nomes como Thomas East, William Stuckey, York Wilborn + The Psychedellic Six, The Right Track ou Soul Mind + Body, que iriam transformar a True Soul Records numa marca decisiva e no principal polo criativo daquela pequena cidade.

    Gravada em 71, a versão instrumental de “(It’s a) Rat race” é, na minha opinião, um dos mais extraordinários discos registados no True Soul e garantiu aos Leaders um lugar na história da mehor música negra.

    Uma verdadeira obra-prima Funky Soul que leva qualquer pista de dança ao delírio, é disputada pelos mais ambiciosos Djs e colecionadores da cena especializada e foi incluída no primeiro volume da antologia que a Now-Again dedicou ao decisivo selo de Lee Anthony.

     

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    2 dezembro 2019 – 6 dezembro 2019

    Quarta-feira

    Force / Saratoga Trunk

    Holy Moses

    Streaker / United Artists

    Não se sabe bem como é que este disco – o único gravado pela banda nova-iorquina Life Force – acabou por ser editado em França, numa versão mais longa, creditada aos Saratoga Trunk, projecto do seu produtor Lynn Barkley, que havia editado dois discos, entre 1970 e 71.

    Formados, em 72, pelo bem-sucedido engenheiro de som e produtor Frank Filipetti, que viria a colaborar com nomes como Frank Zappa, Was (not Was), Taana Gardner, Logg, Unlimited Touch, Inner Life ou Crown Heights Affair, entre muitos outros, e por Rich Bora, Steven Levee, Tommy Mandel, Terry Alverado e Bart Zizalli, os Life Force propunham-se explorar uma fusão entre Rock, Jazz e Soul e assinaram contrato com a Paramount para gravarem um Lp, que nunca viu a luz do dia.

    Depois de terem sido abandonados pela major, sem que tenham editado o que quer que fosse, gravaram um só single, em 74, antes de se separarem.

    Escrito por Frank Filipetti, “Holy Moses” teve uma pequena edição promocional, através da misteriosa Streaker Records que, além de ter a mesma canção prensada nos dois lados, foi acidentalmente creditada aos Force e, no ano seguinte, sairia em França, através da United Artists, desta vez atribuída, indevidamente, aos Saratoga Trunk.

    Seja como for, ambas as versões desta autêntica pérola Blue-eyed Soul, tingida pelo Gospel, transformaram-se nuns dos mais disputados discos da cena especializada depois de, muito recentemente, terem sido desvendadas por Dave Thorley.

     

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    2 dezembro 2019 – 6 dezembro 2019

    Quinta-feira

    HerMone + The Boys in the Band

    We are the boys in the band

    The Great Record Company

    Tudo indica que este HerMone é, na realidade, Herman Griffin, o cantor nativo de Selma, no Alabama, que, depois de ter começado o seu percurso profissional em Detroit, onde gravou para a Anna, para a Motown e para a Double-L e foi casado com as estrela Mary Wells, se fixou em Cincinnati, no Ohio, em 1966, para assinar os seus mais marcantes discos.

    Até aos primeiros anos da década de 70, além de ter colaborado com o grupo da sua segunda mulher – The Charmaines – e com Diane Lewis, Andrea Henry ou Larry Banks, editou uma mão cheia de sete-polegadas, através de marcas como a Mercury, a Spring e a Magic Touch, em nome próprio, como Herman Lewis e na companhia dos Boys in the Band, grupo que também tinha ligações à Motor City e a Nova Iorque.

    Gravado para a pequena independente de Beachwood, The Great Record Co., como música de um filme fícticio chamado Punk – “We are the boys in the band” é, na minha opinião, a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Um autêntico monstro Funk, contaminado pelo mais cru Disco, introduzido na cena especializada por Ian Wright, que leva os mais esclarecidos clubes ao delírio e é disputado pelos mais progressivos Djs da actualidade.

     

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    2 dezembro 2019 – 6 dezembro 2019

    Sexta-feira

    Curtis Wiggins

    You can’t buy love with money

    Palm

    Curtis Wiggins foi um cantor nativo de Louisville, no Kentucky, sobre o qual se sabe muito pouco.

    Aparentemente, começou a cantar ao lado de Phillip Mitchell, num grupo chamado Checkmates, com quem terá gravado um 45 rotações para a pequena independente local Halt, que não está documentado, e ganho um concurso local, em 1963, cujo prémio – gravar um disco para a Correc-Tone, produzido por Harvey Fuqua, em Detroit – lhe fugiria através de uma jogada de bastidores do conceituado produtor da Motor City, que quis beneficiar a banda de uma sobrinha: The Fabulons.

    Ainda assim, Curtis Wiggins terá continuado a trabalhar com o seu amigo Phillip Mitchell e, depois de terem tocado em quase todos os estados do Sul, integrados na banda de Big Tiny Kennedy, ter-se-ão fixado em Muscle Shoals. Mas se Phillip Mitchell arrancou para uma sólida e marcante carreira, como cantor mas, acima de tudo enquanto compositor, Curtis Wiggins viu as suas expectativas goradas e voltou para a sua cidade natal para trabalhar no circuito de clubes nocturnos.

    Foi um desses clubes  – o Joe’s Palm Room, fundado por Joseph B. Hammond – que financiou e editou, através da sua Palm Records, os dois sete-polegadas que nos deixou.

    Gravado em 75, na companhia da banda residente do clube, “You can’t buy love with money” é o primeiro desses singles e, para mim, o seu supremo momento.

    Uma deliciosa canção Sweet Soul, com uns arranjos e uma interpretação superlativos, que está entre o melhor do género e reflecte, na perfeição, o imenso talento deste artista que merecia outra sorte.

     

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