• Poder Soul

    19 novembro 2018 – 23 novembro 2018

    Segunda-feira

    Bongi + Nelson

    Do you remember Malcolm?

    Editions Syliphone Conakry

    Nascida em 1950, na África do Sul, Bongi foi a única filha da histórica cantora Miriam Makeba.

    Em 60, juntou-se à mãe em Nova Iorque, cidade para onde esta tinha exilado um ano antes, e é na Grande Maçã que faz a sua curta e irregular carreira.

    Estreou-se em disco com apenas dezassete anos, quando o duo que formou com Judy White – Bongi + Judy – gravou dois sete-polegadas para a Buddah.

    Casou logo a seguir com o músico Nelson Lee, com quem viria a editar mais dois singles, no princípio dos anos 70, através das Editions Syliphone Conakry, importante marca da Guiné, para onde a sua mãe se havia mudado, em 68, e onde viria a ser sepultada depois de morrer, prematuramente, aos trinta e quatro anos.

    Editado em 71, “Do you remember Malcolm?” é o lado b do primeiro dos dois discos que gravou com o marido e a sua grande obra-prima.

    Produzida pela sua mãe e pelo organista George Butcher, que no seu currículo conta com colaborações com nomes como Bobby Bland, Brook Benton, Sammy Ambrose, Jimmy Ricks ou Ann Duquesnay, entre outros, esta enorme ode a Malcolm X, em formato Funky Soul, chegou, recentemente, à cena especializada através da retrospectiva de 1975 – “Miriam Makeba et Bongi” – e, depois de se constatar que havia sido prensada num sete-polegadas, transformou-se numa escolha obrigatória no seio dos mais progressivos Djs.

     

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    19 novembro 2018 – 23 novembro 2018

    Terça-feira

    Wayne Carter + Organ Twisters

    Peter in or out

    Mootrey’s Studio

    Wayne Carter, uma espécie de herói esquecido que goza de um imenso culto por parte dos amantes da mais obscura música negra, já foi alvo de destaque no Poder Soul, com “Mad mouth woman”.

    Mas a verdade é que o seu importante legado não ficou por aí…

    É que o organista, nascido em Carol County, no Tennessee, em 1936, que, com apenas quinze anos, saiu de casa para ir para a estrada, primeiro com Buster “B.W.” Morrison e depois com a Nat Story Band e a Billy Ray Band, antes de se voltar a reunir com a família, no Illinois, e de ter fundado a sua própria banda – Wayne Carter + Organ Twisters – fez uma ou duas históricas sessões no pequeno Mootrey’s Studio, no início da década de 70, das quais resultaram alguns clássicos, divididos em três singles que nunca chegaram ao mercado comercial.

    “Peter in or out” é o mais raro e cobiçado desses sete-polegadas.

    Uma poderosa obra-prima Funky Soul, gravada por um colectivo de onze músicos que permanecem incógnitos, que mostra bem o talento, acima da média, de Wayne Carter e o caracter excepcional da sua obra que, felizmente, foi recuperada pela Tramp Records.

     

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    19 novembro 2018 – 23 novembro 2018

    Quarta-feira

    Tommy Ridgley

    I want some money baby

    Johen

    Tommy Ridgley foi uma lenda da cena Rhythm & Blues de New Orleans, com uma sólida, consistente e longa carreira.

    Nasceu em 1925, aprendeu a tocar piano na Marinha, durante a Segunda Grande Guerra Mundial e, depois de regressar à sua cidade natal, limpou um concurso de talento no mítico Dew Drop Inn., revelando ser, também, um excelente cantor.

    Inspirado nos Jump Blues de Joe Turner e Roy Brown, juntou-se à Bama Band, antes de ser recrutado por Earl Anderson, e, em 1949, foi convidado pelo decisivo trompetista, produtor e director de orquestra local – Dave Bartholomew – a gravar o seu primeiro disco, para a Imperial.

    Activo até 99, o ano da sua morte, Tommy Ridgley gravou um sem número de clássicos para editoras de culto como a Atlantic, a Herald, a Ric, a Cinderella, a Blue Jay, a White Cliffs, a Ronn, a Sansu ou a Hep’Me, afirmando-se como uma figura incontornável da fértil e singular história da música negra de New Orleans.

    “I want some Money baby”, gravado em 64 para a minúscula Johen Records, é um dos seus menos conhecidos clássicos mas é, na minha opinião, uma das suas maiores contribuições para as pistas de dança.

    Um enorme tema Rhythm’n’Soul, com uns irrepreensíveis arranjos à la Big Band e uma interpretação só alcance de um predestinado, que consegue fazer o pleno nos vários quadrantes da cena retro.

     

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    19 novembro 2018 – 23 novembro 2018

    Quinta-feira

    Donnie Elbert

    Along came pride

    CBS

    Donnie Elbert estaria longe de imaginar que se tornaria num herói da cena Northern Soul, quando o amor o levou a trocar os Estados Unidos por Inglaterra, em 1966.

    Nasceu em 1936, em New Orleans, mas cresceu em Buffalo, no estado de Nova Iorque.

    Ainda criança, aprendeu a tocar guitarra e piano e, com dezanove anos, formou o seu primeiro grupo – The Vibraharps – com que gravou o seu primeiro disco, em 56, antes de decidir fazer uma carreira em nome próprio que, até se mudar para este lado do Atlântico, rendeu um número razoável de bons discos para selos como DeLuxe, King, Vee-Jay, Parkway, Checker ou Gateway, para quem gravou “A little piece of leather”, canção que foi adoptada com estrondo pelos Djs de Northern Soul, chegando em 72, com a sua edição britânica, aos topes que lhe fugiram, sete anos antes.

    Gravada em 67, já no Reino Unido, para a CBS, como lado B de uma bela versão de “Get ready”, “Along came pride” é, para mim, o seu melhor momento.

    Esta grande canção, arranjada por Keith Mansfield, actor maior da Library Music britânica, com uma ligação crucial à KPM, nunca teve o reconhecimento que merece, talvez por não suficientemente rara para o snobismo que comanda o mais ortodoxo movimento Soul, mas tem vindo a conquistar o seu espaço nas mais descomplexadas pistas de dança e é uma peça obrigatória em qualquer coleção que se preze.

     

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  • Poder Soul

    19 novembro 2018 – 23 novembro 2018

    Sexta-feira

    Douglas + Lonero

    This time

    RCA

    Bobby Lonero era oriundo de New Orleans. 

    Depois de ter gravado três singles, na viragem dos 50 para os 60, formou os Prime Ministers, com quem partiu em tournée, acabando em Hollywood, onde o grupo apontou ao estrelato, ao ser adoptado pelo produtor de estrelas como Frank Sinatra ou Trini Lopez – Don Costa – que patrocionou a gravação do seu único disco, mas que morreu antes de conseguir fazer a diferença.

    Ronny Douglas foi de Nova Iorque para a Califórnia. Gravou quatro sete-polegadas no princípio da década de 60, mas acabou a tocar onde calhava.

    Foi num piano bar, em Santa Mónica, que conheceu Bobby Lonero que, depois dos restantes membros dos Prime Ministers terem resolvido regressar a New Orleans, andava a vaguear pelas praias californianas à procura de espaços onde pudesse tocar por uns trocos.  

    Assim nasceram os Douglas + Lonero, um duo que, na primeira metade dos anos 70, gravou alguns discos altamente colecionáveis.

    Em 73, gravam um dos mais extraordinários Lps ao vivo de que há memória: o raro e obscuro “Live at Charley Brown’s”, onde podemos ouvir takes do outro mundo de clássicos como “What’s going on”, “Mercy, mercy me” ou “I’m gonna love you just a little more, Baby”, aqui baptizado “Deeper and deeper”.

    Gravado em 75 para a RCA, “This time” é o lado b do derradeiro disco dos Douglas + Lonero e um verdadeiro Graal da cena Modern Soul.

    Esta obra-prima Crossover uptempo tem levado Djs e colecionadores à loucura, desde que foi introduzida na cena especializada, troca de mãos sempre acima do meio-milhar e foi reeditada, em 2017, pela Athens of the North, tornando-se acessível ao mais comum dos mortais.

     

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