-
Poder Soul
19 agosto 2019 – 23 agosto 2019
Segunda-feira
Williams Bros.
Ghetto boy
Jemar
É praticamente nula a informação disponível acerca dos Williams Bros. mas, juntando uma série de pistas soltas, é possível chegar algumas constatações, a principal das quais é que esta misteriosa banda terá assinado dois verdadeiros Graal Deep Funk, entre 1972 e 73.
Assim e apesar de nenhuma página da internet os relacionar, tudo indica que estes serão os mesmos quatro irmãos – Eugene, Osbert, Alexander e o lider Roscoe Jr. – que assinaram “Rap on”, o seu primeiro sete-polegadas, editado pela Twain, minúscula independente de Franklin Lakes em New Jersey, aparentemente o seu estado natal.
Editado em 73, “Ghetto boy” é o único lançamento conhecido da Jemar Records, será o derradeiro single dos Williams Bros. e aquele a que, até hoje, tive acesso.
Um explosivo e musculdado monstro Funk, capaz de destruir qualquer pista de dança que, desde que foi introduzido na cena especializada, tem levado à loucura os mais obstinados Djs e colecionadores.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
19 agosto 2019 – 23 agosto 2019
Terça-feira
K.I.C.
You don’t want my love
New Hit
Greg Rogers e Terry George eram presença habitual nos clubes nocturnos de Detroit, no fim da década de 70, enquanto Astrology quando, depois de vencerem um concurso de talento que lhes permitiu inaugurar a New Hit Records, resolveram mudar o nome para K.I.C., iniciais para Keep it Cool.
Nem o duo, nem a independente, fundada por um canadiano que havia feito fortuna a importar sestos de palha do Haiti, voltaram a editar qualquer disco, mas o seu único sete-polegadas foi suficiente para lhes garantir um lugar na história da melhor música negra.
Produzido por Ross Whitney, um conceituado produtor associado à mítica Fee Records, e com uns espantosos coros assegurados pelas Brandye, conhecido trio feminino cujas vozes enriqueceram discos de James Brown ou Dennis Coffey, entre muitos outros – “You don’t want my love” – é o lado b desse disco e um dos maiores hinos Modern Soul de que há memória.
Uma canção que roça a perfeição e que chega a atingir valores na casa dos quatro algarismos no mercado de usados, mesmo tendo sido incluída no primeiro volume da série da Z Records – “Under the influence” – assinado por Red Greg que, em vinil, também já troca de mãos por mais de uma centena.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
19 agosto 2019 – 23 agosto 2019
Quarta-feira
Ladee Luv
Real man
Ro-La
Ladee Luv foi uma misteriosa protegida de Larry Saunders, que apenas gravou este disco.
Não se sabe o que quer que seja sobre esta cantora, nem qual a sua ligação ao mítico cantor, compositor e produtor de Mobile, no Alabama, conhecido como The Prophet of Soul e pai de Ledisi que, entre 67 e 85, editou dois Lps e quase uma dezena de singles, através de marcas como a Sound of Soul, a Soul International, a Turbo ou a Juana, para além de ter sido o principal protagonista do histórico álbum “Free Angela”, disco de apoio à activista Angela Davis.
Certo é que o seu único sete-polegadas foi escrito e produzido por Larry Saunders, com quem fez um dueto no lado B, e editado pela Ro-La, pequena independente local que este terá liderado, entre 85 e 87.
Gravado em 85, mas a soar como se tivesse sido registado na década anterior – “Real man” – é um verdadeira obra-prima.
Uma enorme canção midtempo, com uns tremendos arranjos, que se transformou num ultra-disputado tesouro entre os mais progressivos Djs e colecionadores da cena Soul, desde que foi introduzida nos clubes especializados, já neste milénio.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
19 agosto 2019 – 23 agosto 2019
Quinta-feira
Tony Middleton
Tombstones for three
Maggie
Nascido em 1934, em Richmond na Virginia, Tony Middleton nunca conheceu verdadeiramente o sucesso, mas é uma lenda no seio da cena Soul especializada.
Mudou-se para Nova Iorque, com a sua mãe, no princípio dos anos 50 e, depois de se ter dedicado ao boxe amador, juntou-se ao grupo Doo Wop The 5 Willows, em 52, com quem gravaria os seus primeiros lados.
Em 59, depois de abandonar os Willows, que viria a voltar a juntar na década de 70, estreou-se em nome próprio, com um single para a Triumph e, até 76, assinou cerca de três dezenas de sete-polegadas, para selos como Bigtop, Roulette, United Artists, Philips, Abc-Paramount, Mala ou Speed, entre os quais alguns decisivos hinos do movimento Northern Soul.
Em 62 fixou-se em Paris, onde passou um par de anos, colaborou com Michel Legrand na banda sonora de “Eva” e gravou mais quatro discos, como Tony Milton, na companhia de Mickey Baker.
Gravado em 68, para a independente nova-iorquina Maggie – “Tombstones for three” – é, na minha opinião o seu mais genial momento.
Uma intensa e profunda canção Soul, contaminada pelos mais viscerais Blues, que retrata na perfeição o seu extremo talento vocal e que terá sido o último dos seus temas a ser introduzido, com estrondo, nas pistas especializadas.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
19 agosto 2019 – 23 agosto 2019
Sexta-feira
Milton Parker
Women like it harder
Closet
Este é um daqueles discos que tem tudo o que é necessário para se ter transformado num Graal da cena Northern Soul: raridade extrema, obscuridade absoluta e uma qualidade invulgar.
De facto, não se sabe praticamente nada acerca de Milton Parker, para além daquilo que o seu único disco nos diz.
Pelo seu rótulo podemos inferir que seria um misterioso artista de Los Angeles, que o escreveu, o produziu e criou a Closet Records para o editar, de acordo com aquilo que foi gravado nas suas run-out grooves, em 1970.
Seja como for, “Women like it harder” é uma verdadeira obra-prima, que leva colecionadores à loucura, desde que foi desvendada, aparentemente, durante os anos 80, e que troca de mãos sempre na casa dos milhares.
Autêntica perfeição Crossover, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação do outro mundo, que está, sem dúvida, entre as melhores canções da história da Soul.
▶️ OUVIR