• Poder Soul

    17 setembro 2018 – 21 setembro 2018

    Segunda-feira

    Ray Johnson and his Group

    Soul city

    Infinity

    Pianista e organista de eleição, Ray Johnson nasceu em New Orleans, em 1930.

    Apenas com quatro anos, começou a aprender a tocar com a mãe, estudou música nas Universidades de Xavier e Dillard e, no fim dos anos 40, formou o seu primeiro grupo – The Johnson Brothers Combo – com o seu irmão, o profícuo saxofonista Plas Jonhson.

    Depois de se estrearem em disco, em 1949, Ray Johnson foi para a Alemanha cumprir o serviço militar, e regressou à sua cidade natal quatro anos mais tarde, para gravar um par de discos para a Mercury, antes de se mudar para Los Angeles, em 54, onde viria a fazer toda a sua riquíssima carreira.

    Enquanto músico colaborou com Johnny Otis, participou em sessões de gravação de nomes como Sam Cooke, Nat “King” Cole, Frank Sinatra ou Rick Nelson, entre muitos outros, e fez parte da banda residente do mítico programa televisivo Shindig, tendo-se estreado a acompanhar Aretha Franklin.

    Em nome próprio iniciou a sua carreira discográfica em 55, tendo gravado mais de duas dezenas de singles para marcas de culto como a Flip, a Alladin, a RCA Victor, a Soul, a Imperial ou a Loma. 

    Gravado em 62 para a Infinity, “Soul city” é o lado b de “Kinda groovy” e, na minha opinião, a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Um contagiante instrumental Soul comandado pelo mais certeiro Hammond, com evidentes raízes Rhythm & Blues, que foi introduzido nos clubes por Keb Darge, na década de 80, transformando-se num clássico em vários quadrantes da cena retro, da Soul à Mod, passando pela Rare Groove e Deep Funk.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    17 setembro 2018 – 21 setembro 2018

    Terça-feira

    Ronnie Keaton

    Going down for the last time

    Konduko

    É praticamente nula a informação disponível acerca de Ronnie Keaton, cantora que apenas gravou este disco, em Miami na Florida.

    O mesmo não se poderá dizer acerca dos outros nomes que nele estão envolvidos. 

    King Sporty, editor e co-autor da canção, é um músico jamaicano que, antes de emigrar para Miami, nos primeiros anos da década de 70, e de criar a Tashamba e Konduko, colaborou com o mítico Studio One e compôs standards Reggae como “Buffalo soldier”, imortalizado por Bob Marley.

    Os Oceanliners, a banda que aqui acompanha Ronnie Keaton, foram um dos mais sólidos grupos da fascinante cidade da Florida, acompanharam os melhores anos Betty Wright na estrada, gravaram alguns dos maiores hinos Deep Funk daquele estado e acabaram por se transformar na Sunshine Band, que teve um êxito estrondoso, à escala planetária, com KC.

    “Going down for the last time”, editado em 1974, através da Konduko, não teve qualquer sucesso comercial mas transformou-se num disputado clássico Sister Funk.

    Uma musculada, coesa e sofisticada canção que abre com um espantoso break de bateria, usado pelos X-Ecutioners, e se constrói sobre um Groove irresistível, uns enormes arranjos e uma prestação vocal que nos faz questionar por que razão esta grande cantora não terá feito carreira.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    17 setembro 2018 – 21 setembro 2018

    Quarta-feira

    Gloria Scott

    That’s what you say

    Casablanca

    Gloria Scott nasceu em 1946, em Port Arthur no Texas, mas mudou-se para a Califórnia, ainda adolescente.

    No princípio da década de 60 começou a conviver com Sly Stone que, depois de a ter ouvido cantar, resolveu apadrinhar a sua estreia, fomentando a formação de Gloria Scott + The Tonettes, o seu primeiro grupo, que viria a gravar um single, escrito e produzido pelo excêntrico génio, em 64, para a Warner Bros.

    O grupo acabou por se desmembrar pouco depois de ter gravado o seu único disco e Gloria Scott prosseguiu uma carreira a solo, actuando regularmente no circuito de clubes nocturnos de San Francisco, antes de ser recrutada para integrar os coros da Ike + Tina Turner Revue.

    No início dos anos 70, acabou por assinar uma contrato de sete anos com Barry White, que apenas rendeu um Lp e um sete-polegadas, licenciados à Casablanca que, tal como a lenda do Sweet Soul, nunca mostrou interesse em investir na sua carreira, mantendo-a presa a um compromisso que não se reflectia em discos, o que a viria a afectar para sempre e, não fosse o estatuto de culto de que viria a gozar na cena Soul especializada, teria terminado com uma carreira que dura até aos nossos dias.

    “That’s what you say” faz parte do alinhamento de “What am I gonna do”, o sólido Lp de 74, que se transformou numa espécie de Graal para os mais exigentes colecionadores da Soul e é, na minha opinião, o seu mais genial momento.

    Uma perfeita obra-prima Crossover, produzida por Barry White e arranjada por Gene Page, que está entre as melhores canções de sempre da Soul dos 70.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    17 setembro 2018 – 21 setembro 2018

    Quinta-feira

    The Eliminators

    Loving explosion

    BRC

    Este grupo de onze elementos formado em 1963, num Liceu de Winston-Salem, na Carolina do Norte, esteve quase dez anos inactivo, antes de se voltar a reunir, no princípio da década de 70, assegurando uma sólida reputação nos palcos locais e dos estados vizinhos, o que chamou a atenção do produtor Alonzo Tucker, que lhes propôs um contrato com a subsidiária da Brunswick – BRC – que resultou num sete-polegadas e num dos mais colecionáveis Lps de música negra de que há memória.

    Gravado em 74, “Loving explosion” é um disco extraordinário, carregado de grandes canções Funk e Soul, às vezes temperadas por sensibilidades jazzísticas, de uma talentosa banda que nos remete para os melhores momentos de monstros como os Kool + The Gang ou os T.S.U. Tornados.

    O tema que emprestou o título ao álbum é uma das mais perfeitas canções Crossover daquela década e um absoluto clássico Rare Groove que, depois de ter sido prensado em single em 2013, pela Outta Sight, encontrou caminho aberto para os mais ortodoxos clubes da cena Soul especializada.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    17 setembro 2018 – 21 setembro 2018

    Sexta-feira

    Gloria Walker + The Chevelles

    You hit the spot baby

    Flaming Arrow

    Embora a Flaming Arrow, seminal editora de Eugene Davis que apadrinhou a estreia discográfica de Gloria Walker, dividisse a sua actividade entre Detroit e o estado da Georgia e esta marcante cantora tivesse gravado perto de uma dezena de singles, entre 68 e 76, alguns dos quais em Maicon, para a Federal, a sua origem permanece um mistério, assim como a sua biografia.

    Seja como for, foram várias as suas contribuições para as diferentes cenas especializadas, a exemplo do que aconteceu com a banda que aqui a acompanha – os Mighty Chevelles – de Eugene Davis, responsáveis por momentos excepcionais, protagonizados por nomes como Angela Davis ou Nancy Butts, que compõem o rico catálogo da Flaming Arrow.

    Gravado em 69, “You hit the spot baby” é o terceiro e derradeiro disco de Gloria Walker para a editora e um verdadeiro monstro Sister Funk.

    Uma enérgica, crua e visceral canção que chegou às pistas de dança na década de 90, em pleno advento do movimento Deep Funk, mas que só nos últimos anos tem vindo a ver reconhecido o seu verdadeiro alcance sendo, hoje, uma das mais certeiras armas usadas pelos Djs de referência.

     

    ▶️ OUVIR