• Poder Soul

    16 outubro 2017 – 20 outubro 2017

    Segunda-feira

    Ralph Weeks

    Let me do my thing

    Sally Ruth

    Um autêntico caldeirão cultural, quer pela sua localização geográfica, quer pela vaga de emigrantes que recebeu no princípio do século XX, para a construção do seu famoso canal, o Panamá teve uma fervilhante cena musical, que incorporou as mais diversas influências externas e teve o seu apogeu na viragem dos 60 para os 70, com o aparecimento dos chamados “Combos Nacionales”.

    E se muitos desses grupos se dedicaram a uma leitura muito própria de géneros caribenhos, como o Calypso ou a Descarga, ou sul-americanos, como a Cumbia, outros quiseram reproduzir a Soul e o Funk que lhes chegavam do norte.

    E nesse capítulo, os Exciters terão sido os reis.

    Num curto período, gravaram uma mão cheia de Lps e mais de dezena e meia de singles, para algumas das mais dinâmicas editoras locais, como a Panavox, a Loyola, a Sally Ruth ou a Discos Jacher, tendo assegurado o seu nome na história da música do Panamá.

    Escrita e cantada por Ralph Weeks, “Let me do my thing” faz parte do alinhamento do Lp de 72 – “Lo mejor de los Dinámicos Exciters” – e saiu em sete-polegadas, através da Sally Ruth, mas creditada ao seu interprete e autor.

    Uma enorme canção Funky Soul que não deve nada ao melhor que nos deram os Estados Unidos e leva à loucura clubes, Djs e colecionadores de todo o planeta.

    Foi incluída no primeiro volume da série que a Soundway dedicou ao Panamá e reeditada em single pela Soulful Torino.

     

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  • Poder Soul

    16 outubro 2017 – 20 outubro 2017

    Terça-feira

    Joey Irving

    Don't throw our love away

    Vincent

    O misterioso Joey Irving e a sua banda, os Just Us, são canadianos mas nenhum dos sete singles que gravaram, entre 72 e 82, saiu no seu país de origem.

    Três foram editados pela Vincent, uma marca de Rockford, no Illinois, outros três nos selos nova-iorquinos Granprix e Conquer International e, pasme-se, “There’s a man” – um monstro que, oportunamente, terá o devido destaque no Poder Soul – numa editora belga, a Baltic.

    Isto não significa que alguma vez tenham sido bem-sucedidos, apenas que não desistiram com facilidade. E ainda bem, até porque nos deixaram algumas grandes canções.

    “Don’t throw our love away”, gravada para a Vincent em 72, é uma delas.

    Cantada num surpreendente falsete sobre uma crua e enérgica base instrumental dominada por um originalíssimo órgão, é Funky Soul no seu melhor e completamente infalível numa pista de dança.

    Não sendo o disco mais raro de Joey Irving é, ainda assim, um sete-polegadas para os mais militantes e obstinados.

     

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  • Poder Soul

    16 outubro 2017 – 20 outubro 2017

    Quarta-feira

    Buddy Lamp

    My tears

    Double-L

    Buddy Lamp nasceu Willie Lee Lampkin na pequena cidade do Mississipi, Starksville, mas mudou-se para Detroit muito jovem, para se transformar num dos protagonistas de culto da riquíssima cena Soul da cidade, na década de 60.

    Começou por gravar Gospel nos anos 50, ainda antes de adoptar o seu nome artístico e, estranhamente, estreia-se na música secular, em 61, para editoras nova-iorquinas como a Gone, a Peanut, a Abc ou a Double-L, pelas mãos de Harold Logan e Lloyd Price.

    O seu sólido output discográfico incluí, ainda, gravações marcantes para as conceituadas marcas da Motor City, D-Town e Wheelsville, ou para a texana Duke, entre outras.

    “My tears”, editado em 63 pela Double-L, é, na minha, opinião o seu melhor disco.

    Um poderoso cruzamento de Rhythm & Blues e Soul que retrata bem o tremendo alcance da sua incisiva voz e o lado mais cru da Soul de Detroit que representou.

    Um clássico nas cenas Mod e Rhythm & Blues que nunca falha quando lançado numa pista de dança.

     

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  • Poder Soul

    16 outubro 2017 – 20 outubro 2017

    Quinta-feira

    The Alexander Review

    A change had better come

    Vaya

    Mark Alexander Dimond, também conhecido como Markolino, nasceu em 1950 no Lower East Side de Nova Iorque para se vir a transformar num pianista, cantor, arranjador e produtor com um papel de relevo na estimulante cena Soul latina da Grande Maçã, na viragem da década de 60 para a de 70.

    Teve o seu baptismo em estúdio no histórico Lp de Willie Colon, “The hustler”, colaborou com nomes como Hector Lavoe ou Ismael Quintana, fez parte dos Sabor e, através dos seus amigos Larry Harlow e Johnny Pacheco, fechou uma ligação com as subsidiárias da Fania – Vaya e Cotique – que rendeu três Lps, entre 72 e 75.

    Editado pela Vaya, The Alexander Review é último desses discos e o princípio do fim de um talento que acabou por não se cumprir, por ser viciado em heroína, droga que o viria a matar em 86.

    “A change had better come”, abre o lado b deste álbum e é, na minha opinião, um dos grandes hinos da melhor Funky Soul latina que marcou a história da música nova-iorquina.

    Uma canção intensa e contagiante que alimenta as pistas de dança especializadas desde os tempos da cena Rare Groove londrina, da década de 80, e que parece ser hoje mais pertinente do que nunca.

     

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  • Poder Soul

    16 outubro 2017 – 20 outubro 2017

    Sexta-feira

    Cliff Curry

    Let love come in

    Cannonball

    A Cannonball Records é uma editora italiana, liderada por Alberto Zanini, que tem desenvolvido um trabalho altamente meritório, ao dar uma nova vida a canções que foram condenadas ao esquecimento, duma forma pouco convencional.

    Grande parte das suas edições parte de frágeis maquetes ou de trabalhos inacabados, que são alvo de novos arranjos e de um respeitoso tratamento de estúdio que pretende fazer justiça ao seu potencial.

    “Let love come in” foi desvendada, aos amantes da Soul, pela Numero Group, quando descobriu uma demo que o fundador do emblemático grupo vocal de Chicago – Notations – gravou, durante uma sessão que rendeu “That girl” e “I’m for real” para a C.R.A. Records, de Illinois, e a resolver incluir na sua colectânea “Sitting in the park”.

    O charmoso e “amador” registo desta enorme canção tinha apenas guitarra, piano, percussão e a voz imensa de Clifford Curry quando foi alvo do tratamento da Cannonball.

    O resultado desta intervenção é um dos grandes discos de Modern Soul dos últimos anos, um verdadeiro enche-pistas que rapidamente tomou de assalto a cena Soul e, inevitavelmente, esgotou em poucos dias para se vir a transformar num futuro objecto de coleção.

     

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