• Poder Soul

    15 julho 2019 – 19 julho 2019

    Segunda-feira

    Dan Greer

    Love is the message

    Beale Street

    Se não tivesse concentrado a grande fatia do seu talento a produzir discos e a escrever canções para outros artistas, talvez Dan Greer fosse reconhecido como um dos grandes nomes da rica cena Soul de Memphis.

    Nascido em Holly Springs, no Mississippi, mudou-se, com a mãe, para Memphis, no príncipio dos anos 50, tendo crescido ao lado de nomes que viriam a deixar a sua marca, como William Bell, Maurice White ou os irmãos Percy e Spencer Wiggins.

    A meio dos anos 60, depois de ter formado uma dupla com George Jackson, com quem gravaria um single, começou a colaborar com a Goldwax, compondo para alguns dos seus mais decisivos artistas, como James Carr ou os Ovations, e iniciando um percurso profissional, que o levou a colaborar em discos chave de gente como Junior Parker, Danny White, Barbara Brown ou The Minits, entre outros, e a assumir o papel de A+R na decisiva Sound of Memphis.

    Mesmo tendo dedicado quase todo o seu tempo e energia aos seus pares, Dan Greer ainda conseguiu gravar um reduzido, mas notável, número de discos, entre 65 e 82.

    Editado em 82, na sua Beale Street Records, “Love is the message” é, na minha opinião, o mais genial desses discos.

    Um enorme cruzamento entre Gospel e Modern Soul, que nos últimos anos se transformou num verdadeiro Graal da cena Deep Disco.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    15 julho 2019 – 19 julho 2019

    Terça-feira

    Los Vampiros de Enrique Olivarez

    Arriba tipo

    Discos Vampiros

    Nativo de Stockton, na Califórnia, o ainda teenager Enrique Olivarez já se tinha juntado ao seu irmão Al, ao seu primo Tony e a Tom Marcelo, Mike Gitthens, Dave Lopez, Tony Rabago, Rick Burila, Joe Cordova e Herman Huerta, há três anos, quando a sua banda foi baptizada – Los Vampiros – em 1967, pelo apresentador do programa televisivo local “Fresno Latino”.

    Cerca de dois anos depois, com apenas 21 anos, o lider deste grupo de culto resolveu investir as suas poupanças, marcar um par de sessões de gravação no Studio C, criar a sua própria editora e lançar um Lp e três sete-polegadas que, não tendo o efeito desejado, se transformaram em objectos altamente colecionáveis, nos quais constam alguns verdadeiros hinos da cena Deep Funk.

    “Arriba tipo”, uma das canções de “Para ti”, o único álbum do colectivo e dos Discos Vampiros, é um desses hinos.

    Um contagiante instrumental que funde, de forma magistral e aparentemente acidental, Funk com as raízes chicanas deste espantoso grupo.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    15 julho 2019 – 19 julho 2019

    Quarta-feira

    LaVern Baker

    Love me right

    Atlantic

    Delores Evans nasceu em Chicago, em 1929.

    Começou a cantar nos clubes nocturnos da Windy City, a meio dos anos 40, como Little Miss Sharecropper, o pseudónimo que usou na sua estreia em disco, em 1951.

    Depois de gravar um 78 rotações para a Okeh, enquanto Bea Baker, assumiu, finalmente, o nome que a viria a imortalizar, em 52, quando teve uma passagem pela banda de Todd Rhodes.

    LaVern Baker assinou contrato com a Atlantic em 53, para se transformar numa das maiores referências femininas dos Rhythm & Blues e, nas quatro décadas e meia que se seguiram, assinou cerca de dez álbuns e várias dezenas de singles, entre os quais se encontram um sem número de êxitos e de absolutos clássicos, maioritáriamente registados nas décadas de 50 e 60, aquelas que representam o auge da sua carreira.

    Gravado em 56 – “Love me right” – é, para mim, um dos seus maiores hinos.

    Uma imensa canção Rhythm + Blues, escrita por Bobby Darin e Don Kirshner, interpretada por uma enorme voz e uma das grandes referências da geração que viu nascer a Soul, que se transformou num clássico das cenas Mod e Popcorn e é obrigatória em qualquer coleção que se preze.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    15 julho 2019 – 19 julho 2019

    Quinta-feira

    Martha Starr

    No part time love for me

    Thelma

    Nascida em 1945, em Greenville, na Carolina do Sul, Martha Starr cresceu na companhia da avó e da irmã mais velha e começou a cantar num coro Gospel, com apenas 12 anos de idade.

    Em 1964, depois da morte da sua avó, mudou-se para Detroit, onde trabalhou na Ford, ao mesmo tempo que começou a cantar em bares e clubes nocturnos.

    Conheceu Dennis Edwards, com que viria a manter uma curta relação, que a levou cruzar-se com algumas das figuras chave da cena Soul da Motor City, acabando por gravar três singles para a emblemática Thelma Record Co. – marca fundada por uma irmã de Berry Gordy, que nos deu discos de culto de nomes como Emanuel Lasky ou Rose Baptiste – em 1966.

    Não sendo certo que tenha regressado à Carolina do Sul, foi lá que gravou os seus derradeiros sete-polegadas, entre 71 e 72: dois na companhia de Moses Dillard, para a Awake e a Shout, e um para Charray, que apenas foi prensado num acetato, cobiçado por muitos, mas assegurado por um par de colecionadores.

    “No part time love for me” não é o seu maior hino, no seio do movimento Northern Soul, nem o mais raro dos seus discos na Thelma, mas é, na minha opinião, aquele que melhor resistiu à passagem do tempo e que se mantém, hoje, tão pertinente como quando foi introduzido na pista do Wigan Casino.

    Um imensa e enérgica canção, que figura entre o melhor que riquíssima e decisiva cena Soul de Detroit nos ofereceu, na década de 60.

     

    ▶️ OUVIR

  • Poder Soul

    15 julho 2019 – 19 julho 2019

    Sexta-feira

    4th Kingdom

    Gotta get to you

    Congress of Racial Equality

    4th Kingdom foi um projecto do Bronx sobre o qual se sabe muito pouco.

    Sabe-se que esteve activo nos primeiros anos da década de 70, que gravou dois singles, entre 72 e 73, e que envolveu nomes importantes da Soul nova-iorquina como J.R. Bailey a.k.a. Chuck Wood, que como cantor fez parte de grupos vocais como os Cadillacs ou os Darts, além de ter assinado o hino “Seven days too long” e de ter composto temas para gente como Ben E. King, Esther Phillips ou os Main Ingredient, entre muitos outros; o seu parceiro Ken Williams, um profícuo compositor, que viu as suas canções serem interpretadas por nomes como Peaches + Herb, Joe Simon, Inez Foxx ou as Shirelles, só para citar alguns; Bill Moore, o mítico produtor e fundador dos selos de culto Janion, Elmcor e Leo Mini e os seus protegidos Brother Soul, a espantosa backing band dos 4th Kingdom.

    Editado em 72, pela misteriosa Congress of Racial Equality, e reprensado pela Janion – “Gotta get to you” – é o primeiro dos seus dois sete-polegadas e o seu mais genial momento.

    Uma verdadeira obra-prima Sweet Soul que tem vindo a conquistar um crescente protagonismo na mais progressiva cena especializada e que aguarda por uma reedição para se transformar num absoluto clássico.

     

    ▶️ OUVIR