• Poder Soul

    14 maio 2018 – 18 maio 2018

    Segunda-feira

    June Bateman + Noble Watts

    I don’t wanta

    Clamike

    June Bateman nasceu em 1939, no Texas, mas mudou-se para Nova Iorque com os pais. Começou a cantar ainda teenager com pequenos grupos vocais como The Marquis e, entre 64 e 80, gravou uma mão cheia de singles para editoras de culto como a Arrawak, a Shaw, a Fury, a Peanut e a Enjoy.

    Noble “Thin Man” Watts nasceu em DeLand, na Florida, em 1926. Estudou saxofone na Florida A&M, onde fez parte da sua Marching Band, ao lado de Nat e Cannonball Adderley, começou o seu percurso profissional com os Griffin Brothers e, na década de 50, colaborou com nomes como Dinah Washington, Ruth Brown, Amos Milburn, Chuck Berry ou Lionel Hampton, entre outros, participou num revolucionário programa televisivo filmado no mítico Apollo, em Nova Iorque, onde teve uma residência num clube de Harlem, propriedade do boxeur Sugar Ray Robinson.

    June e Noble, cruzaram-se na Grande Maçã, casaram-se e gravaram alguns discos de peso juntos.

    “I don’t wanta”, editado em 64, primeiro pela Clamike e depois pela Arrawak e pela Sue, no Reino Unido, é o primeiro desses sete-polegadas e, na minha opinião, o seu momento de eleição.

    Um enorme cruzamento entre Rhythm & Blues e Soul que exalta a qualidade vocal de June Bateman e o talento impar de Noble Watts seja como saxofonista, seja como director de orquestra.

     

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  • Poder Soul

    14 maio 2018 – 18 maio 2018

    Terça-feira

    The Eddy Jacobs Exchange

    Pull my coat

    Columbia

    Eddy Jacobs foi um guitarrista e vocalista de Brooklyn, Nova Iorque, que teve um papel de relevo na cena Soul da cidade, durante a década de 60.

    Foi líder da banda de Wilson Pickett, gravou meia dezena de singles, entre 61 e 67, para selos como Marlu, King, Kiss-Kiss, Blue Cat e Chess e formou a banda The Eddy Jacobs Exchange, que contava com nomes de relevo, como Harry Whitaker e Leon Pendarvis, no seu line-up e editou dois discos para a Columbia, depois de ter assinado contrato com a major, por sugestão de Al Kooper.

    “Pull my coat”, gravada em 69 e escrita por Harry Whitaker, o pianista que viria a ser crucial nos mais importantes discos de Roy Ayers, é a sua maior contribuição para as pistas de dança.

    Esta poderosa e contagiante canção, descaradamente inspirada nos maiores hinos de James Brown e interpretada com uma energia e precisão que não devem nada às gravações do Padrinho da Soul, transformou-se num absoluto clássico que, além de ser um tema favorito para os B-Boys, tem alimentado cenas tão distintas como a Rare Groove, a Deep Funk ou a Soul, nas últimas quatro décadas.

    Um disco de raridade relativa que foi reeditado pela Jazzman, em 2006.

     

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    14 maio 2018 – 18 maio 2018

    Quarta-feira

    The Debonettes

    Tears

    Merry

    Allan Merry nasceu em Jackson, no Tennessee, mas foi em East St. Louis, Illinois, que fez a diferença.

    Nesta cidade separada de St. Louis pelo Mississipi, que também separa o Missouri de Illinois, conhecida pela sua histórica alta taxa de criminalidade, Merry associou-se à South End Neighborhood Opportunity Center e fundou o programa Young Disciples que, com a intenção de desviar jovens de um destino na rua num qualquer gang, acabou por estar na origem de uma consistente cena Soul, alimentando as suas pequenas editoras Yodi e Merry, hoje alvo de reverente culto.

    O movimento teve um impacto tal que, em algumas das suas apresentações, partilhavam o palco mais de trinta jovens, entre secção rítmica, secção de sopros, a fazer lembrar uma Big Band, dois grupos vocais e uma troupe de bailarinos afro.

    O trio vocal feminino The Debonettes, é um dos nomes surgidos desta iniciativa, que também lançou gente como Young Disciples & Co., Lavell Moore, Third Flight, Ames Harris Water Bag Company, Sharon Clark + The Product of Time, Dauphine Williams ou The Georgettes.

    “Tears”, editado em 69 através da Merry, é o único disco gravado pelas Debonettes e é um dos mais colecionáveis discos desta operação, aquele que, neste momento, goza de maior presença nos mais ambiciosos clubes Soul.

    Uma grande e profunda canção da mais Funky Soul, cuja edição original é quase impossível de assegurar, mas é um dos temas que se destaca na belíssima compilação da série da Numero Group – Eccentric Soul – dedicada ao legado de Allan Merry.

     

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    14 maio 2018 – 18 maio 2018

    Quinta-feira

    Satellite Band

    Rejuvenate the Fonk

    Rejuvenation

    É praticamente nula a informação bibliográfica disponível acerca desta banda de Oklahoma.

    Formada em Tulsa por Bill Belknap, George Gardner e Willie Banfield, a Sattelite Band terá estado activa nos primeiros anos da década de 80 e gravou apenas este disco, que editou numa pequena independente criada pelo próprio grupo e que lançou mais um sete-polegadas, creditado a Chappie Cannon, mas que parece ser uma segunda versão deste single.

    Escrito por Morris Rentie, Jr., cantor, compositor e produtor local, que viria a colaborar com a bem-sucedida Gap Band e formaria, com Marva King, os Answered Questions, “Rejuvenate the Fonk” foi gravado em 83 e é o lado b do único disco da Satellite Band.

    Uma grande canção Modern Soul que reflecte o melhor que o Boogie nos deu, nesta altura, misturando um beat gordo e um Groove gingão com o uso futurista dos sintetizadores, característicos do género.

    Mais um disco raro na sua edição original que a Peoples Pontencial Unlimited se encarregou de reeditar, em 2008.

     

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    14 maio 2018 – 18 maio 2018

    Sexta-feira

    LT + The Soulful Dynamics

    Crazy about you baby

    Solo

    A família Smart foi absolutamente crucial na consolidação da cena Soul de Wichita, no Kansas, de onde viriam a sair alguns talentos incontornáveis da mais obscura história da música negra.

    Depois de anos a ganhar experiência nos diversos campos da actividade artística, os oito irmãos estavam envolvidos em dois clubes – Cobra e o mítico restaurante familiar, Smart’s Palace – tinham formado os Smart Bros., a mais respeitada banda da cidade, eram donos de uma loja de discos onde se podiam encontrar os grandes êxitos ao lado das mais subterrâneas gravações e tinham criado a Solo, mítica editora independente que, embora não tenha conseguido atingir o sucesso que procurava, gravou alguns dos mais cobiçados lados da Soul e do Funk do Kansas, assinados por nomes como Theron + Darrell, Fred Williams + The Jewel Band, Chocolate Snow ou estes LT + The Soulful Dynamics.

    Liderados pelo vocalista Leroy Tucker, conhecido apenas como L.T., os Soulful Dynamics, são a primeira banda a gravar na Solo, que não recorreu à reputada secção de sopros dos irmãos Smart, que esteve na génese do seu pequeno império local, e apenas gravou este incrível double-sider.

    Gravada em 69, “Crazy about you baby” é a minha favorita das duas enormes canções prensadas neste raríssimo sete-polegadas.

    Uma verdadeira obra-prima Crossover, com uns espantosos arranjos de sopros e uma excelente interpretação vocal, que foi desvendada na recolha que a Numero Group dedicou à família Smart, na sua série Eccentric Soul, e que, já este ano, foi reeditada em single pela Athens of the North.

     

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