• Poder Soul

    13 agosto 2018 – 17 agosto 2018

    Segunda-feira

    Little Francisco Greaves

    Moving - Grooving

    Segraves

    Na segunda metade da década de 60 três irmãos panamianos – Franklin, Jaime e Francisco Greaves – não escaparam à febre dos Combos Nacionales e começaram a fazer música juntos.

    Franklin compunha e tocava, com Jaime, e Francisco emprestava a sua voz carismática às canções do irmão, assinando os discos que resultaram desta aliança familiar.

    Assim, entre 66 e 69, Little Francisco Greaves editou quatro sete-polegadas de culto: dois para a histórica Sally Ruth, um para a Segraves e outro para a Franklin, marca aparentemente criada pelo seu irmão e mentor que apenas aguentou um lançamento.

    “Moving-Grooving”, editado em 69 pela Segraves, é, na minha opinião, o momento de génio destes três irmãos.

    Um intensíssimo pedaço do mais cru, pesado e low-fi Funk, apoiado numa estrutura rítmica extremamente original, que serve de base a uma espantosa interpretação inspirada em James Brown, mas bastante mais selvagem.

    Um disco que leva à loucura qualquer pista de dança, que é quase impossível de assegurar na sua versão original e que, felizmente, foi reeditado pela Soundway, em 2009, no âmbito do terceiro volume da antologia que a editora londrina dedicou ao Panamá.

     

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  • Poder Soul

    13 agosto 2018 – 17 agosto 2018

    Terça-feira

    The Revolution of St. Vincent

    The little you say

    Wirl

    É escassa a informação bibliográfica disponível acerca de Harold “Ploomie” Lewis, que fundou os Revolution of St. Vincent no princípio dos anos 70.

    Sabe-se que gravou apenas dois singles, em 1976 – “Discoringue” e este “The little you say” – ambos editados pela mítica independente dos Barbados, Wirl Records.

    E se o primeiro é um competente tema que explora o mais moderno Calypso, que imperava naquela região das Caraíbas, “The little you say” é um dos mais cobiçados tesouros de Island Soul de que há memória.

    Esta imensa canção, que cruza de forma magistral Soul, Funk e proto-Disco com a tão característica genética tropical das Caraíbas, é um dos mais cobiçados discos da cena especializada, desde que foi desvendada no início do novo milénio. 

    Rara e avaliada em algumas centenas no seu formato original, foi incluída pela Strut na sua compilação de 2008 – “Calypsoul 70” – e reeditada em single, cinco anos mais tarde, pela italiana Record Kicks.

     

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    13 agosto 2018 – 17 agosto 2018

    Quarta-feira

    Orchestre Poly-Ritmo de Cotonou Dahomey

    It’s a vanity

    Albarika Store

    Fundada no Benin na segunda metade dos anos 60 por Melome Clement, a Orchestre Poly-Ritmo de Cotonou, embora só tenha tido reconhecimento internacional já neste milénio, foi uma das mais decisivas e profícuas bandas Africanas, tendo gravado dezenas de Lps e mais de centena e meia de singles e participado num sem número de sessões para a Albarika Store, de Porto Novo, bem como para as emblemáticas Echos Sonores du Dahomey, Aux Ecoutes ou Badmos, entre muitas outras pequenas editoras locais, onde praticou uma fusão singular entre Jazz, Latin, Funk ou Soul e ritmos tradicionais da região como o Sato ou o Sakpata.

    Gabo Brown nasceu no Togo, onde começou a sua carreira, mas em 1970 mudou-se para Cotonou, onde trabalhou com Gnonnas Pedro ou El Rego, antes de se juntar à Orchestre Poly-Ritmo de Cotonou e se deslocar a Lagos, na Nigéria, para gravar este autêntico hino Afro-Funk.

    “It’s a vanity” foi registado em 74 e editado em sete-polegadas pela Albarika Store.

    Esta espantosa canção, claramente inspirada em James Brown mas com um caracter só possível na melhor música da Africa Ocidental, é um verdadeiro Graal para os mais ambiciosos Djs e colecionadores do planeta, foi incluída no primeiro volume de “African Scream Contest”, recolha que tem o Benin e o Togo como foco e que marcou a estreia da Analog Africa e, já este ano, foi reeditada em single pela japonesa Mushi 45.

    Até 82, Gabo Brown continuou a colaborar com a Orchestre Poly-Ritmo de Cotonou que, com inevitáveis ajustes de line-up, se mantém em actividade, tendo visitado Ílhavo e Oliveira de Azemeis em Julho.

     

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    13 agosto 2018 – 17 agosto 2018

    Quinta-feira

    Banda Black Rio

    Gafieira universal

    RCA Victor

    A Banda Black Rio nasceu em 1976 depois do saxofonista Oberdan Magalhães e do trompetista Barrosinho terem ficado órfãos da sua banda – Abolição – quando Dom Salvador, o seu líder, decidiu ir viver para os Estados Unidos.

    Em pleno advento do movimento Black carioca, que fundia Jazz, Soul e Funk com as bases rítmicas do Samba, o grupo cedo se assumiu como um dos principais projectos do Rio de Janeiro tendo, entre 77 e 80, gravado três históricos e sólidos Lps: “Maria Fumaça”, para a Atlantic, e “Gafieira universal” e “Saci Pererê”, para a RCA.

    Muitas vezes comparada aos Earth, Wind + Fire e aos Kool + The Gang, pela qualidade extrema dos seus arranjos, que tinham os sopros como o seu principal motor, a Banda Black Rio, cessou a sua actividade em 85, um ano depois da morte de Oberdan Magalhães, mas, depois de serem alvo de culto deste lado do Atlântico e do seu trabalho ter sido reunido em disco pela Soul Jazz, regressou com uma formação renovada que incluí os membros originais Cláudio Stevenson e Luiz Carlos Batera e o filho de Oberdan, William Magalhães, tendo acrescentado mais dois álbuns à sua discografia.

    “Gafieira universal”, o tema que dá nome ao seu segundo Lp, gravado em 78, é, na minha opinião, aquele que melhor sintetiza a música impar que este enorme grupo nos deu.

     

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  • Poder Soul

    13 agosto 2018 – 17 agosto 2018

    Sexta-feira

    Phirpo y sus Caribes

    Comencemos

    Philips

    Tudo indica que os misteriosos Phirpo y sus Caribes, que apenas gravaram um Lp, altamente colecionável, foram um projecto de estúdio do trombonista, compositor, arranjador e líder de orquestra venezuelano Porfi Jimenez e do seu compatriota, o pianista Pablo Schneider, mas esta é uma informação que carece de confirmação.

    Seja como for, “Parrilla caliente” que foi editado originalmente na Venezuela, em 72, pela Philips que, um ano mais tarde, o lançou no mercado colombiano, é um álbum que tem levado à loucura Djs e colecionadores de todo o mundo e é um dos mais estimulantes discos de Latin Funk de que há memória, com um punhado de versões completamente surpreendentes.

    “Comencemos”, uma extraordinária leitura do clássico de Fela Kuti – “Let’s start” – é, provavelmente, a mais explosiva dessas versões que compõem dois terços deste marcante Lp que, há dois anos, teve uma reedição pirata.

    Um exemplo supremo de Funk tropical que rebenta com qualquer pista de dança e que foi prensado em sete-polegadas pela Soundway, em 2007.

     

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