• Poder Soul

    11 junho 2018 – 15 junho 2018

    Segunda-feira

    La Kabala

    Miami Beach

    RCA Victor

    Embora o único Lp dos La Kabala tenha sido gravado e editado, originalmente, no Peru, existem versões contraditórias em relação à origem desta obscura banda, que marcou a viragem dos 60 para os 70.

    Se, por um lado, seria óbvio que La Kabala fosse uma banda local, por outro, há quem afirme que será mexicana, até porque o Lp também foi editado lá, ou mesmo americana o que, se tivermos em conta os nomes dos compositores dos originais que constam do alinhamento do disco – Peter Krumppss e Ted Walry – não é completamente descabido.

    “Miami Beach” é um dos temas que compõem este raro e marcante longa-duração, que é um dos exemplos supremos da fusão entre a música latino-americana, a Soul e o psicadelismo e teve uma edição em sete-polegadas no Equador.

    Gravada em 1970 esta enorme canção, construída sobre um Groove imparável, com um órgão delirante pontuado por uns deliciosos ad-libs femininos, cantados em castelhano, leva qualquer pista de dança ao delírio e transformou-se num cobiçado trofeu em vários quadrantes da cultura retro, nas últimas duas décadas, seja em que formato for.

     

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  • Poder Soul

    11 junho 2018 – 15 junho 2018

    Terça-feira

    Emmitt Long

    Call me

    Donoyia

    Não existe qualquer informação bibliográfica acerca de Emmitt Long e, ao contrário do que acontece noutros casos similares, o rótulo deste disco também não nos dá qualquer pista para investigar.

    O facto de não desistir facilmente levou-me, no entanto, a descobrir um outro single da – Donoyia – a pequena independente que o editou, onde pude verificar que estaria sediada em Columbus, na Georgia, que, pela lei das probabilidades, será a cidade natal deste misterioso artista.

    “Call me”, que terá sido gravada entre o final da década de 60 e o princípio da de 70 e se manteve na completa obscuridade, até à segunda metade dos 90, quando uma das três cópias descobertas por um dealer britânico foi parar à mala de Soul Sam, que se encarregou de pôr toda a comunidade Soul em polvorosa, é o único disco editado por Emmitt Long e uma verdadeira obra-prima.

    Um pedaço de perfeição Crossover, com uma interpretação e uns arranjos imaculados que, desde que foi introduzido na cena especializada, viu a sua cotação multiplicar dez vezes e está apenas ao alcance de meia-dúzia de eleitos.

    Felizmente, Paul Weller decidiu incluí-lo no volume da série da B.B.E. – “Lost and found” – que dividiu com Keb Darge, em 2009, o que me permitiu estar aqui a partilhar esta pequena maravilha.

     

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  • Poder Soul

    11 junho 2018 – 15 junho 2018

    Quarta-feira

    Casual-T

    Hands off

    Fifty Six Hope Road

    Nem só de Ska, Rocksteady, Reggae, Dub ou Dancehall foi feita a idade de ouro da música jamaicana e este disco do quarteto Casual-T é prova disso mesmo.

    O grupo, que esteve activo no início dos anos 80 e gravou um Lp e três singles através de selos com ligação directa a Bob Marley, foi um dos mais bem-sucedidos exemplos do chamado Island Disco e deixou-nos um legado que contém alguns dos mais clássicos temas da era do Boogie, como “All out of breath” ou este “Hands off”.

    Gravado em 81, “Hands off” foi editado num sete-polegadas com a chancela da Fifty Six Hope Road, subsidiária da Tuff Gong baptizada com a morada da casa de Bob Marley e sede do seu histórico estúdio, e, um ano mais tarde, incluído no alinhamento de “Prescriptions for love”, o único e marcante álbum da banda, lançado pela Rita Marley Music.

    E se “All out of breath” foi adoptado pelos adeptos do mais meloso Modern Soul, “Hands off” transformou-se num troféu no seio dos mais ambiciosos Djs e colecionadores de Deep Disco e Boogie.

    Este tema gordo e gingão, que é sempre uma aposta certeira em qualquer pista de dança, embora não seja incomportável na sua versão original, foi incluído na compilação “Disc’O’Lypso”, uma excelente recolha das melhores expressões que o Disco e derivados tiveram nas várias ilhas das Caraíbas.

     

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  • Poder Soul

    11 junho 2018 – 15 junho 2018

    Quinta-feira

    The Wallace Brothers

    What-cha feel is what-cha get (part 1)

    Walbro

    Criados no seio de uma família de Columbus, no Ohio, composta por dez irmãos e seis irmãs, Walter, Jesse e Deforest formaram os Wallace Brothers na segunda metade da década de 60.

    Em 69, depois de terem construído uma sólida reputação e terem sido escolhidos como a banda de suporte de estrelas como Aretha Franklin e Otis Redding nas suas passagens por Columbus, tiveram uma oportunidade para gravar e editaram o primeiro dos seus dois singles, para a pequena marca local Magnetic Studios Corporation, como backing band do misterioso Bishop, onde o saxofone de Jesse Wallace, que teve aulas com Roland Kirk, claramente se destaca.

    “What-cha feel is what-cha get”, gravado em 73 e editado através de um selo familiar criado para o efeito – Walbro – foi o seu derradeiro e mais crucial sete-polegadas.

    Uma explosiva canção com o saxofone, mais uma vez, a comandar uma secção rítmica coesa, crua e cheia de músculo, que se transformou num clássico incontornável da cena Deep Funk, criada por Keb Darge e companhia, nos anos 90.

    Extremamente rara no seu formato original, foi integrada na excelente colectânea da Jazzman – “Midwest Funk” – editada em 2003.

     

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  • Poder Soul

    11 junho 2018 – 15 junho 2018

    Sexta-feira

    “Baby” Earl + The Trini-Dads

    Black slop

    S.P.Q.R.

    Earl Swanson foi um reputado saxofonista nativo de Norfolk, na Virginia, onde se tornou numa das figuras chave das cenas Rhythm & Blues e Soul locais, principalmente durante as décadas de 50 e 60.

    Começou a dar nas vistas na orquestra dos Griffin Brothers, onde conheceu Ruth Brown, com quem se casou e viria a trabalhar, e emprestou o seu talento a nomes como Little Richard, Koko Taylor ou os Church Street Five, banda de Gene “Daddy G” Barge, que esteve na base de grande parte das gravações das editoras de Frank Guida – Legrand e SPQR – contribuindo, decisivamente, para o som de artistas como Gary “U.S.” Bonds, Lenis Guess ou Jimmy Soul.

    Apesar de extremamente requisitado, apenas gravou dois singles em nome próprio: “Tiger”, em 1960, como Earl Swanson plus Six, e este “Black slop”, enquanto “Baby” Earl + The Trini-Dads, quatro anos mais tarde.

    Editado pela SPQR, este espantoso instrumental, que funde de forma surpreendente Ska, Rhythm & Blues e Soul à la New Orleans, transformou-se num hino da cena Mod que, nos últimos anos, tem vindo a conquistar terreno nos outros quadrantes da cultura retro.

     

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