• Poder Soul

    10 junho 2019 – 14 junho 2019

    Segunda-feira

    Clarence Wheeler + The Enforcers

    Right on

    Atlantic

    Em Chicago, no fim dos anos 60, Clarence Wheeler tocava com Jack McDuff ou Don Patterson, Sonny Burke colaborava com Odell Brown + The Organizers e Mahalia Jackson, George Hughes fazia a parte da secção rítmica de Sonny Criss e de Sonny Stitt e Sonny Convington voltava de uma temporarda na Costa Este, quando resolveram juntar-se para formar os Enforcers, com o objectivo de fazer o circuíto de clubes nocturnos da cidade.

    Depois de Clarence Wheeler ter convidado a importante Dj de rádio local – Merri Dee – para ver uma das suas actuações, o impacto foi tal que, num ápice, Joel Dorn foi apresentado à banda, teve acesso a uma demo e, imediatamente, lhes propôs um contrato com a Atlantic.

    Entre 70 e 71, os Enforcers gravaram dois bons Lps e, depois de uma profunda alteração do seu line-up, voltaram aos discos no fim da década, com uma formação, sem o fulgor de outrora, em que apenas se mantinha Clarence Wheeler.

    “Right on” faz parte do alinhamento do seu álbum de estreia e é, na minha opinião, o seu mais genial momento.

    Um explosivo instrumental Soul Jazz, dominado pelo orgão e pelo saxofone e pontuado por uns incisivos ad-libs vocais de um coro composto por Cissy Houston, Judy Clay e Jackie Verdell, que se transformou num clássico obrigatório da cena Rare Groove e nunca falha quando lançado numa pista de dança.

     

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  • Poder Soul

    10 junho 2019 – 14 junho 2019

    Terça-feira

    Soul One’s

    Soul pot

    Deal

    É escassa a informação disponível acerca dos Soul Ones.

    Sabe-se que eram oriundos de El Paso, no Texas, que terão sido formados, na viragem dos 60 para os 70, por Laral Phillips, Cornell Butler, Mary Allen, Buddy Gordon, Wayne Jones e um tal de Steve e que apenas editaram um sete-polegadas, que se transformou num raro e cobiçadíssimo tesouro, disputado pelos mais obstinados colecionadores da cena Deep Funk.

    Gravado em 71, nos remotos estudios locais, fundados por Calvin Boles – Yucca – e editado, no ano seguinte, pela Deal, misteriosa independente que não passou deste lançamento, “Soul pot” é um dos mais impressionantes temas Funk, produzidos naquele peculiar e proficúo estado norte-americano.

    Um visceral, pesado e altamente percussivo instrumental, acompanhado por um coros quase selvagens e uma guitarra cortante, que leva à loucura qualquer clube e que, face à insuportável raridade das reduzidíssimas cópias que restam das quinhentas que terão sido prensadas, foi alvo de vários bootlegs até, finalmente, ter sido incluído na indispensável recolha da Jazzman: “Texas Funk”.

     

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  • Poder Soul

    10 junho 2019 – 14 junho 2019

    Quarta-feira

    Nico Gomez + his Afro Percussion Inc.

    Lupita

    Omega International

    Filho de pai Holandês e de mãe Sul Americana, Nico Gomez nasceu Joseph van het Groenewoud, em Amsterdam, em 1925.

    Depois de ter passado quase toda a sua infância e juventude entre as Antilhas e Cuba e de ter começado a dominar a guitarra, regressou à Europa, em 47, fixando-se na Bélgica, onde viria a ter uma papel de relevo enquanto músico, compositor e arranjador, graças ao seu absoluto dominio da música latino-americana.

    Começou por colaborar com várias orquestras easy-listening dos Paises Baixos e viria a deixar a sua marca, na viragem dos 60 para os 70, como membro da segunda e mais decisiva incarnação dos Chakachas e enquanto Nico Gomez, pseudónio que usaria a partir daí e com o qual faria grande parte da sua carreira discográfica.

    Gravado em 71, para a Omega International, “Lupita” é um dos temas de “Ritual”, o seu melhor e mais colecionável Lp, creditado a Nico Gomez + his Afro Percussion Inc., e a sua principal contribuição para as pistas de dança especializadas.

    Uma imensa e contagiante canção Latin Soul, temperada pelo mais psicadélico Funk, que destroi qualquer clube e se transformou numa arma certeira para os mais progressivos Djs da actualidade.

     

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  • Poder Soul

    10 junho 2019 – 14 junho 2019

    Quinta-feira

    Gordon Henderson + U Convention

    The highest bidder

    Apia

    Gordon Henderson é um prestigiado músico, nativo da Dominica, o principal responsável pela “invenção” do Cadence-Lypso, um género que fundiu várias liguagens músicais das caraíbas e provocou uma autêntica revolução na região, na década de 70.

    Começou o seu percurso com várias bandas teenager que animavam concursos de talento e festas locais, antes de se mudar para Guadalupe, em 1970, e se tornar a voz principal dos históricos Les Vikings.

    Não demorou muito a formar os Exile One, banda que seria o veículo para a inovação que viria a operar e com a qual gravou uma dúzia de sólidos Lps e cerca de uma dezena de singles, entre os quais figuram alguns êxitos à escala planetária e temas de culto como “Funkie crookie”.

    Editado em 81, pela francesa Apia, “The highest bidder” faz parte do alinhamento do único álbum, homónimo, que gravou com os U Convention, projecto que fundou numa altura em que os Exile One tinham suspendido, temporariamente, a sua actividade e é um dos seus maiores hinos.

    Um grande stepper que foi adoptado pelas cenas Modern Soul e Rare Groove e que, em 2016, foi finalmente prensado em sete-polegadas, pela crucial marca londrina, especializada em música tropical – Sofrito.

     

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  • Poder Soul

    10 junho 2019 – 14 junho 2019

    Sexta-feira

    Sivuca

    Ain’t no sunshine

    Vanguard

    Compositor, arranjador, director de orquestra e multi-instrumentista, Sivuca é uma figura maior da moderna música brasileira.

    Nascido Severino Dias de Oliveira, em 1930, no estado do Paraíba, começou a tocar sanfona com apenas nove anos de idade e, ainda adolescente, teve um par de experiências em estações de Rádio de Recife, cidade onde, em 51, iniciou o seu extenso percurso discográfico, com a gravação de um 78 rotações.

    Em 55, mudou-se para o Rio de Janeiro onde formou Os Brasileiros e onde prosseguiu a sua carreira em nome próprio.

    Depois de se fixar em Nova Iorque, onde viveu entre 64 e 76, Sivuca foi director músical de Miriam Makeba e trabalhou com nomes como Harry Belafonte, Julie Andrews, Nelson Riddle, Toots Thielmans ou Paul Simon, para além dos seus conterrâneos Airto Moreira, Luiz Henrique ou Dom Um Romão, entre muitos outros decisivos artistas brasileiros.

    Regressou ao seu país natal em 77, onde continuou a deixar a sua marca até 2006, o ano da sua morte.

    Gravada em 73 e incluída no Lp, homónimo, editado pela norte-americana Vanguard – “Ain’t no sunshine” – será a sua maior contribuição para a cena especializada.

    Uma deliciosa versão do monstro de Bill Withers que funde, de forma magistral, Soul, Jazz, Samba e MPB e que foi adoptada pela emergente cena Jazz Dance britânica, nos primeiros anos da década de 80, acabando por ser reeditada, em doze-polegadas, pela London Records, em 84.

     

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