A anemia é uma situação clínica que resulta da diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue ou do conteúdo de hemoglobina no sangue para valores inferiores aos considerados normais.

 

Qual o papel dos Glóbulos Vermelhos na Anemia?

Existem no nosso sangue três tipos fundamentais de células: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e plaquetas. Todas estas células são formadas na medula óssea, que se situa no interior dos ossos. Os glóbulos brancos ajudam a combater as infeções e as plaquetas são essenciais para a coagulação.

Os glóbulos vermelhos contêm hemoglobina que transporta oxigénio a partir dos pulmões para todo o corpo e, inversamente, dióxido de carbono a partir dos tecidos para ser eliminado pelos pulmões.

Na anemia, os glóbulos vermelhos deixam de ser capazes de distribuir o oxigénio ao organismo de forma eficaz, causando diversos sintomas.

Para que se possam produzir glóbulos vermelhos e hemoglobina, o organismo necessita de ferro, vitamina B-12, folatos e outros nutrientes contidos na dieta.

 

Causas:

A causa mais comum de anemia é a falta de ferro. O ferro absorvido na alimentação é usado para a produção da hemoglobina dos glóbulos vermelhos e permite o transporte do oxigénio, necessário ao funcionamento de todas as células do organismo.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 25% da população mundial poderá ter algum tipo de anemia, não existindo dados concretos sobre o número de casos de anemia em Portugal.

As causas de anemia são muito variáveis. Como se referiu, a anemia ocorre sempre que o corpo humano não dispõe dos glóbulos vermelhos necessários ao seu normal funcionamento, quer por menor produção na medula óssea, quer por excessiva perda ou destruição.

– Falta de ferro

A anemia por falta de ferro é a mais comum e pode resultar de perdas por hemorragia, como acontece nas gastrites associadas ao uso de anti-inflamatórios, nas úlceras do estômago e duodeno ou em lesões cancerosas do tubo digestivo.

A anemia pode resultar também de um aumento das necessidades de ferro, como acontece na gravidez e nas fases de crescimento rápido, como a idade pré-escolar e a adolescência.

Uma outra situação bastante comum é a ocorrência de uma dieta desequilibrada e pobre em ferro, como acontece, por exemplo, nas dietas vegetarianas. As principais fontes de ferro na dieta são a carne vermelha, o peixe, alguns vegetais, o feijão e as nozes. A deficiência de vitamina B 12 e ácido fólico pode igualmente causar um quadro de anemia.

– Doenças Crónicas

Doenças crónicas, como o cancro, a infeção pelo VIH/SIDA, a artrite reumatoide, a insuficiência renal, interferem com a produção de glóbulos vermelhos e provocam anemia crónica.

Se a medula óssea deixar de produzir células teremos também um quadro de anemia. Isso pode acontecer nos linfomas, em alguns tipos de infeção ou após a utilização de alguns fármacos.

– Doenças Intestinais

Existem diversos fatores que aumentam o risco de anemia. Para lá de uma dieta pobre em ferro, vitamina B-12 e folatos, as doenças intestinais que afetem a absorção de nutrientes também aumentam a probabilidade de desenvolvimento de anemia.

– Atividade Física Intensa

A atividade física muito intensa, como a corrida, pode associar-se a anemia pela destruição dos glóbulos vermelhos causada pelo impacto repetido.

– Hereditariedade

Algumas formas de anemia podem ser hereditárias, como a anemia de células falciformes.

– Outros fatores

A menstruação, a gravidez, o alcoolismo e o uso de alguns medicamentos são outros fatores a considerar.

 

Como se manifesta a anemia?

Nas fases iniciais, a anemia tende a passar despercebida, sendo confundida com fadiga.

Nas fases mais avançadas, a fadiga associa-se a uma falta de força generalizada, palidez, dores de cabeça, irritabilidade, alterações do sono, tonturas, dificuldade de concentração, depressão, tensão

arterial baixa, ritmo cardíaco acelerado, respiração acelerada com sensação de opressão, desmaios, unhas quebradiças, perda de apetite, extremidades frias.

Se a anemia evoluir sem tratamento, ela tenderá a agravar outros problemas de saúde, como a insuficiência cardíaca, por exigir um esforço acrescido ao coração.

 

Como se diagnostica a anemia?

O diagnóstico de anemia é feito conjugando os dados da observação médica com o resultado de exames laboratoriais, onde se destacam os que avaliam os níveis e as características dos glóbulos vermelhos, hemoglobina e ferro no sangue.

Em função dos resultados desses testes, poderão ser necessários exames adicionais que permitam, identificar a causa da anemia e que podem incidir sobre o aparelho digestivo, rins, etc.

Por vezes, é necessário realizar uma colheita de medula óssea para se identificar a causa da anemia. A esse exame dá-se o nome de mielograma.

 

Como se trata a anemia?

O tratamento da anemia depende das suas causas e passa pela reposição dos níveis normais de hemoglobina e de glóbulos vermelhos.

uando se confirma, por análises ao sangue, que a anemia é provocada por insuficiência de ferro, o tratamento passará pela administração de suplementos de ferro, por via oral ou injetável. O mesmo se aplica à deficiência em vitamina B-12 que poderá ser corrigida mediante a administração de suplementos injetáveis.

A definição de uma dieta equilibrada permite, em muitos casos, reverter o processo que causou a anemia.

Se ela for provocada por perdas de sangue, será fundamental identificar a origem dessa perda e proceder ao seu tratamento.

Em anemias mais graves, poderá ser necessário recorrer a transfusões sanguíneas.

 

Como se previne a anemia?

Para a prevenção da anemia é essencial adotar uma dieta equilibrada e saudável, onde se incluam carne, peixe, frutos e vegetais de folhagem verde. A Vitamina C presente nos citrinos, kiwis e brócolos, também tem um papel importante na absorção do Ferro.

Nas fases de vida em que ocorre maior necessidade de ferro (gravidez, aleitamento, infância, adolescência), o aporte alimentar pode não ser suficiente e será importante tomar suplementos de ferro, de acordo com as recomendações médicas.