A Maria nasceu com uma deficiência genética única no mundo e uma esperança de vida de 48 horas – mas trocou as voltas a todas as previsões pessimistas. E não apenas no que diz respeito ao desfecho do seu nascimento.

A mãe, Ana, e o pai, Jorge, poderiam fazer parte da grande percentagem de casais que vêm nascer um filho deficiente e que depois se separam. No entanto, foram perseverantes e hoje estão mais unidos do que nunca. Dezasseis anos depois, é uma evidência para esta família, da qual também fazem parte os irmãos mais novos de Maria, que venceram um enorme desafio e que a convivência diária com alguém tão especial se tornou numa lição de vida preciosa e numa fonte de amor inesgotável.

Esta é a história de Ana Rebelo, a mãe da Maria, uma mulher que teve medo, como qualquer uma de nós teria no seu lugar, mas que se deixou levar pela esperança. Uma história de vida autêntica e intensa, onde cabem preocupações, incertezas, conquistas, alegrias e muitas, muitas escolhas. Ana Rebelo é mãe de três filhos, vive em Lisboa e atualmente dirige o mercado português de uma multinacional.

É também a autora (e dinamizadora) da campanha nacional “Ativar a Inclusão” e, ainda, a mãe por detrás do blogue “A Mãe da Maria”, nome pelo qual é conhecida entre os desconhecidos desde que teve a sua primeira filha, há 16 anos.

Agradece todos os dias as transformações extraordinárias que a diferença da Maria trouxe à sua vida e à de todos lá em casa.

Ela própria diz: “a vinda da Maria mostrou-me que tenho duas hipóteses: agradecer tudo o que a vida me vai dando ou optar por queixar-me constantemente numa atitude profundamente paralisante. Escolhi ser agradecida. Tenho a certeza de que se fosse uma mãe zangada, os meus filhos também o seriam porque a minha forma de estar reflecte-se neles e, por consequência, eles respondem ao mundo da mesma maneira que eu.”

Realça que o poder da Maria está no seu abraço “não há armadura que resista a um abraço assim: a uma criança que nos trepa pernas acima, que se encaixa em nós, invadindo sem embraço o nosso espaço mais intimo e conseguindo romper todas as barreiras, até nos deixar sem chão.”

E finaliza ao dizer: “a fragilidade que encontra neste livro torna-me capaz de olhar para o mais fundo de mim e continuar a acreditar que conseguirei sempre dar a volta. Faz-me aceitar a minha vulnerabilidade e deixar de ter medo de a expor. Se em quem lê, despertar o mesmo, ficarei verdadeiramente feliz”.