O Perfil de Comprador/Gastador

Se as pessoas não forem conscientes do tipo de gastador que são, acabam por gastar mais do que querem e podem. Esta atitude pode levar a dificuldades financeiras se o padrão e os impulsos para pagar se tornarem muito frequentes e no limite se o padrão se tornar compulsivo. Este padrão acontece pela necessidade de satisfazer necessidades emocionais mais profundas como a falta de afeto ou reconhecimento e pode levar a situações de sobreendividamento. Assim a proposta é descobrir porque gastamos e porque gastamos demais ou de forma compulsiva, e, como equilibrar os nossos gastos de acordo com as nossas verdadeiras prioridades.

Susana Albuquerque, especialista em educação financeira, no início de cada curso de educação financeira pede “aos participantes que comecem por distinguir as suas necessidades básicas dos seus desejos e vontades”. Após este exercício, rapidamente percebem que as únicas necessidades humanas que merecem semelhante nome são “respirar, comer, beber água, dormir e ter abrigo”. Satisfeitas estas necessidades básicas, entramos na zona emocional dos desejos, que levada ao extremo pode chegar às compulsões para comprar e para gastar.

 

Que tipo de gastador é? 

1. Gastador-dinheiro-é-amor: Compra para demonstrar o seu afecto por si próprio ou para se libertar da culpa. Compra muitas vezes por impulso, em particular sob stress;
2. Gastador-não-resisto-a-uma-pechincha: Não resiste aos saldos, promoções e descontos.  Compra, na maioria das vezes, porque “vale a pena” e não porque precisa;
3. Gastador-de-estatuto: Compra para obter a aprovação do grupo, sejam os seus amigos, colegas, ou vizinhos.  Compra marcas caras e exclusivas;
4. Gastador-para-além-dos-limites: Sente uma necessidade incontrolável de comprar e fá-lo por hábito ou vício;
5. Gastador-vingador: Gasta para se vingar de alguém, para exibir o seu poder dessa forma ou para se sentir superior ao outro;
6. Gastador-jogador: Gosta de jogar com o seu dinheiro, sentindo a emoção do risco.  Faz investimentos arriscados na Bolsa, ou fora dela, podendo no limite ser um jogador profissional.

 

Porque é que nos interessa conhecer o nosso tipo de gastador?

Reconhecer o padrão permite mudá-lo, de forma suave e com persistência ao longo do tempo. As pessoas mudam, se reconhecerem que existem vantagens nisso. Além disso, conhecer o padrão permite-o reconhecer os padrões das pessoas que estão à sua volta (marido, filho ou pais), e orientar a sua comunicação e relacionamento de acordo com os mesmos, eliminando assim imensos problemas e mal-entendidos baseados no desconhecimento ou incompreensão de uma atitude e padrão em relação ao dinheiro diferente da sua.

 

Como equilibrar o padrão de gastador?

Como a decisão de gastar está intimamente ligada às emoções, o que é preciso fazer é associar novas emoções (igualmente boas) a um padrão de gastos equilibrado.

A primeira coisa a fazer é ter uma atitude amorosa para consigo próprio, não se julgando nem criticando por decisões de compras e de gastos que agora sente não terem sido as melhores. Assim, a ideia é re-capacitar-se e permitir-se desenvolver a força necessária para gerir de forma equilibrada os seus gastos. Para isso é essencial começar por tirar um tempo calmo para si, reunir todas as suas contas e fazer um orçamento familiar. Lembre-se que deve ter sempre em conta os seus objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo, quando faz o orçamento, eles são o seu Norte que lhe permitirá não perder o rumo na gestão do seu orçamento. É muito importante ter uma margem mensal para a chamada liberdade disciplinada, por forma a não ir de um padrão de gastar demais para um padrão de forreta.

 

Encontre um ponto de equilíbrio entre gastar e poupar

– Determine os dias em que irá às compras nesse mês e qual o seu limite de gastos;
– Diga simplesmente NÃO ao vendedor(a) sem medo de parecer que não tem dinheiro. Ao dizer-lhes “não”, está a dizer sim a si próprio;
– Faça uma lista de coisas que gostaria de ter e distribua pelos seus amigos como ideias para presentes no seu aniversário ou Natal;
– Evitar passar tempo em locais de tentação – centros comerciais;
– Use esta frase como um mantra: escreva-a e coloque-a ao pé do seu local de trabalho, na carteira, no espelho do carro: “Eu sou maravilhosa/fantástica/perfeita (escolha aquela em que menos acredita neste momento) independentemente do que tenho!” ou em alternativa “ eu sou suficiente”;
– Encontre e ponha em prática hábitos alternativos que lhe dêem o mesmo prazer que gastar – por exemplo dar um passeio com as suas amigas, brincar com o seu filho, ir jogar futebol, ler um livro, nadar, etc;
– Faça um diário de gratidão e escreva nele – todos os dias antes de dormir – 3 coisas boas do seu dia. A prática intencional e consciente da gratidão vai ajudá-lo a reconhecer quanto já tem na sua vida e que o mais importante, que o faz mais feliz não é aquilo que compra com dinheiro.