Depois de, na semana passada, termos falado de como planear financeiramente um casamento, chegou a vez de falarmos como planear financeiramente a chegada de um bebé.

 

Planear Financeiramente a chegada de um bebé

Depois de 5 anos com a taxa de natalidade em quebra, o ano de 2015 apresentou o aumento da taxa de natalidade. O Instituto Ricardo Jorge, responsável pelos testes de pezinho, fez saber no início deste ano que realizou o ano passado mais 1958 testes do que em 2014.

Para um planeamento financeiro equilibrado com a chegada de um filho, e evitando sobressaltos nos orçamentos, a poupança deve começar antes da gravidez. Quando a família decide que quer ter um filho deve começar a colocar mensalmente uma parte do orçamento para o bebé. Esse valor será necessário para preparar a chegada do bebé e, também, fazer face às despesas dos primeiros meses, onde a fatura pode ser mais elevada.

E qual o valor a colocar de parte? Em 2008, foi realizado um estudo em Portugal, pelo psicólogo Eduardo Sá, que aponta para um gasto mensal que pode variar entre os 236 euros e os 678 euros por filho. Não há, naturalmente, um valor exato, uma vez que cada família terá de fazer as suas contas, pois estas dependem muito das opções tomadas. As rubricas de ensino e educação têm pesos completamente distintos caso se opte pelo sistema particular ou pelo público.

Seguro de saúde Mãe – Parto

Até 1 ano antes do bebé nascer decida se vai fazer um seguro de saúde para cobrir as despesas de parto uma vez que o período de carência destes é de no mínimo 365 dias (pode ir até 2 anos).

Se pretende ter o bebé num hospital particular: informe-se junto do seu seguro e do hospital quais os custos envolvidos, uma vez que nem todos os seguros cobrem a totalidade das despesas do parto. Tudo depende das condições da apólice que é preciso conhecer bem, pois poderá precisar de poupar para cobrir a diferença.

 

 

Planear financeiramente um bebé em 9 meses

 

1º Mês – Reorganização do orçamento

Siga o seu dinheiro – junte todos os recibos durante 1 mês – e com base em todas as suas despesas reveja todos os pontos do seu orçamento, decidindo o que vai manter e o que eliminará para substituir por despesas/gastos com o seu filho.

Se for o caso, renegoceie os seus créditos de maneira a reduzir as suas prestações.

 

2º Mês – Automatize as contas e a poupança

  1. Automatize o pagamento das suas contas uma vez que depois de nascer o seu filho terá menos tempo para se preocupar com as datas de pagamento das mesmas.
  1. Depois de definir quanto pode colocar de parte mensalmente para o bebé comece a poupar, caso não o tenha feito anteriormente. O ideal é fazê-lo automaticamente, à cabeça, transferindo o dinheiro para uma conta para esse efeito. Outra opção pode ser um mealheiro infantil – transparente ou com uma forma/desenho que lhe lembre o seu objetivo.

 

As suas despesas mensais serão mais elevadas, pelo que tenha também em conta a necessidade de criar uma almofada financeira.

 

3º Mês – Analise os benefícios sociais

Decida qual a opção pretendida para a licença parental (120 dias pagos 100% ou 150 dias pagos a 80%. No caso dos 150 dias e do pai gozar 30 dias o pagamento sobe para 83%. Há ainda a hipótese de estender até 1 ano a licença, contudo o valor pago será repartido pelos vários meses).

http://www.seg-social.pt/subsidio-parental

 

Caso não esteja a trabalhar e não tenha contribuições para a SS ou tendo contribuições não tem direito ao subsídio parental, existe o subsídio social parental.

http://www.seg-social.pt/subsidio-social-parental

 

Depois da licença de maternidade onde vai colocar o bebé? Se não tem um familiar que possa ficar gratuitamente com o bebé, analise os preços dos infantários / amas / empregada a tempo inteiro e veja se compensa pagar ou se é preferível ficar em casa (esta opção pode ser viável para quem tem mais do que um filho). Se optar por ficar em casa, também deverá avaliar os custos para a carreira profissional. A Segurança Social também comparticipa as mensalidades de amas, creches, educação pré-escolar e centros de atividades de tempos livres, desde que tenham acordo com o Estado para o efeito. O contato deve ser feito diretamente através da instituição.

http://www.seg-social.pt/documents/10152/14961/apoios_sociais_criancas_jovens

 

Abono pré-natal. Mediante os rendimentos, a grávida pode ter acesso ao abono pré-natal da Segurança Social, a partir das 13 semanas de gestação, de modo a apoiar financeiramente a família com a chegada do novo membro.

http://www.seg-social.pt/abono-de-familia-pre-natal2

 

Abonos de família. Nos cálculos a fazer deve ter em consideração que a Segurança Social também concede abono de família. Informe-se se tem direito e qual seria o seu escalão para calcular o benefício (dependente dos rendimentos)

http://www.seg-social.pt/abono-de-familia-para-criancas-e-jovens

No caso das famílias monoparentais, em que a criança ou jovem vive apenas com um adulto, há uma majoração (uma % a mais sobre o valor de tabela) do abano de família.

http://www.seg-social.pt/documents/10152/14988/majoracao_montante_abono_familia_criancas_jovens

De salientar ainda que, para famílias com duas crianças o valor do abono das crianças entre os 12 e os 36 meses dobra. Para famílias com três crianças o valor triplica para aquelas que têm entre os 12 e os 36 meses.

http://www.seg-social.pt/documents/10152/14988/majoracao_montante_abono_familia_criancas_jovens

 

Há municípios que dão subsídios de incentivo à natalidade. Informe-se junto do seu município.

Se vai a caminho do terceiro filho, saiba que vai ter uma família numerosa, o que lhe permite ter algumas vantagens. Informe-se junto da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas. www.apfn.com.pt

 

4º Mês – Planeie a Mudança

Reveja também os seus hábitos de vida e comece desde já a planear as alterações nos seus horários e rotinas, no limite até pode decidir deixar de trabalhar  – faça-o a dois e veja o impacto que essa mudança terá nas suas contas e qual o orçamento que terá quando o bebé nascer.

 

5º Mês – Aconselhe-se

Antes de decidir comprar, aconselhe-se com profissionais de saúde, amigos e familiares sobre a sua real utilidade. Talvez até nem lhe faça falta ou até alguém lhe pode emprestar. Distinga entre necessidades e desejos.

Faça uma lista do que precisa comprar.

Recolha das células estaminais. Se decidir fazer, pesquise a oferta disponível no mercado e veja qual se adequa melhor. Hoje em dia já é dada a hipótese de pagar faseadamente.

 

6º Mês – Organize um chá-de-bebé

Lembre-se que os amigos e os familiares tendem, na fase final, a comprar alguns presentes para o bebé. Os chás-de-bebé que começam a ganhar terreno em Portugal são uma boa maneira para compor o enxoval dos bebés.

 

7º Mês – Compre o estritamente necessário

Depois de ter a lista, as ofertas da mesma no chá-de-bebé  e de se ter certificado que ninguém lhe poderia emprestar, comece a planear as compras. Não precisa de comprar tudo no mesmo mês, mas é importante começar. Compare preços e veja se as compras por internet podem ser vantajosas. Compare sempre antes de avançar.

Inclua já na lista de compras de supermercado alguns consumíveis como fraldas e toalhitas. Fique atento às promoções, pois podem significar avultadas poupanças.

 

8º Mês – Aproveite o tempo a 2

O casal deve aproveitar bem o tempo em conjunto até ao bebé nascer, aproveitando para fortalecer o relacionamento, uma vez que além da disponibilidade depois ser menor, os custos para programas a dois também podem ser mais elevados, sobretudo se tiverem que pagar a quem fique com a criança.

 

9º Mês – Detalhes finais – seguro de saúde do bebé e segurança social

  1. Deve equacionar se vai, ou não, avançar com a subscrição de um seguro de saúde para o bebé. Peça à sua seguradora valores para esta hipótese. Lembre-se que, se optar por ter pediatra, esta pode ser uma opção interessante. Consulte as listas dos pediatras abrangidos pelo seguro.

Se decidiu avançar com seguro, está na altura de preparar os documentos de modo a que, logo que o bebé nasça, possa fazer a entrega da documentação. Se subscrever a apólice no primeiro mês de vida do bebé não terá períodos de carência.

Informese junto da Segurança Social dos documentos a preencher e entregar para requerer os benefícios a que tem direito. Esclareça todas as dúvidas e preencha o que pode preencher, de modo a que, quando o bebé nascer, estas questões estejam já praticamente tratadas.