“Esta agenda é uma homenagem às plantas e às mãos que delas têm sabido cuidar ao longo dos milénios. É mais uma tentativa de aproximação entre plantas e pessoas, medicina e planeta”, diz Fernanda sobre a agenda“Plantas medicinais, a saúde nas nossas mãos”.

O fio condutor desta agenda, a nona desde 2010 continua a ser o uso terapêutico de plantas e frutos. E porque 2018 é o ano Europeu do Património Cultural, património esse que abrange recursos do passado que assumem muitas formas e aspetos. “O conhecimento ancestral de plantas e seus usos constitui um desses valiosos aspetos que é urgente preservar para o bem da nossa saúde e da saúde do planeta terra.”

Fernanda na contracapa fala da importância das mãos e da escolha destas para o título do livro:

“São as mãos que nos acolhem quando saímos do ventre das nossas mães, da mesma forma que são as mãos que recolhem as flores, os frutos, as raízes e as sementes que a terra tão generosamente faz crescer.

São as mãos que acolhem e abraçam, que repulsam e decidem.

São as mãos e os gestos que falam a linguagem das plantas, que as seguram, as contemplam e as transformam em alimentos que nos curam e nos nutrem.

São as mãos que estabelecem laços e pontes entre os segredos da terra e o coração das pessoas.

São as mãos que espelham e refletem o deslumbramento da alma.

São as mãos que guardam histórias e sementes. São as mãos que continuam o trabalho da terra com amor e gratidão.”

Com a agenda Fernanda traz algumas plantas e frutos de Outono, agora que ele chegou, para nos falar das suas propriedades medicinais. Escolheu os seguintes:

Bétula (Betula sp Betulaceae)

São árvores bonitas e elegantes de tronco branco e luminoso. Cresce espontânea e subespontânea em zonas montanhosas do norte de Portugal continental onde é conhecida por bédolo ou vidoeiro.

Tem propriedades medicinais no tratamento da celulite, em uso externo em óleos de massagem ou compressas. Em infusão, as folhas são úteis como diuréticas, eliminando o ácido úrico e as dores reumáticas e aliviando as infeções urinárias.

Nos países nórdicos, os seus ramos são os mais usados nas saunas para “varrer” o corpo.

As suas folhas tenras podem comer-se cruas ou cozinhadas.

Bolota (Quercus spp Fagaceae)

Todos os Quercus dão frutos comestíveis, uns mais amargos que contêm maior percentagem de taninos, outros menos amargos como é o caso das variedades doces da azinheira (Q.rotundifolia), a mais amarga é a do carrasco (Q.coccifera).

As bolotas são extremamente ricas em aminoácidos essenciais como a lisina. Têm mais hidratos de carbono do que as batatas e tantos como as castanhas. As bolotas mais doces podem comer-se assadas ou cozidas. Assadas diretamente logo após a colheita é a forma como ficam mais doces.

Muito rica em vitamina A, fosforo, cálcio, potássio.

Castanheiro (Castanha sativa Fagaceae)

As castanhas fazem parte das nossas memórias de inverno, com os vendedores ambulantes a anunciar que vem aí o tempo frio e sabe bem aquecer as mãos num cartuxo de jornal com castanhas quentes e boas. As castanhas são uma cultura antiga dos povos de montanha no mediterrâneo, apesar de ser originária do médio-oriente. Foi em tempos usada no fabrico de farinha com a qual se confecionava pão.

Menos conhecido é o uso das folhas para fins medicinais. Estas podem ser usadas em infusão ou alcolatura para tratar a tosse, a diarreia, constipações, dores reumáticas e musculares e problemas de pele.

Nogueira (Juglans regia Juglandaceae)

“Na noz vê-se claramente a doutrina das assinaturas a funcionar. A teoria da autoria de Paracelso 1493-1591 diz que cada planta estará indicada para tratar a parte do corpo com o qual se assemelhe. De facto, a noz é muito recomendada em caso de fadiga mental”, diz Fernanda.

Que acrescenta que “as propriedades medicinais das folhas de nogueira são menos conhecidas mas nem por isso menos eficazes.”

As folhas são adstringentes, depurativas, expetorantes e laxantes, frescas ou secas em infusão ou decocção “recomendam-se em casos de intoxicação com metais pesados, quimioterapia ou outro tipo de intoxicações”.

Pode ainda ser utilizada externamente em lavagens ou compressas em casos de problemas de pele, eczemas, psoríase e sarna ou inflamações vaginais.