A família tem que encontrar um novo equilíbrio, de forma a integrar o novo bebé e orientar o(s) irmão(s) mais velho(s) para o papel de irmão ou irmã mais velho(a)! E este processo nem sempre acontece automaticamente.

Não se deve preocupar com a capacidade de amar os dois da mesma maneira

A primeira gravidez é sempre uma experiência um pouco diferente das seguintes. Na primeira gravidez, vive-se o processo de descoberta intensamente, prestando muita atenção ao desenvolvimento do bebé e às alterações que o corpo vai sofrendo, seguindo-se à risca a programação das aulas de preparação para o parto.

Na segunda gravidez, todo o processo é levado de uma forma mais leve, menos séria. É claro que cada gravidez é diferente, mas, no geral, uma mãe de segunda viagem já sabe o que vai acontecer. Isto não significa que não esteja interessada, mas irá sentir-se bastante mais calma do que na primeira gravidez. No entanto, algumas mulheres podem ver isto como um motivo de preocupação quanto à sua capacidade de amar o seu segundo filho, tanto quanto ama o primeiro. Este sentimento é completamente normal. Mas é melhor acabar com estas dúvidas desde o início: todas as mães amam todos os seus filhos incondicionalmente… mas de maneiras diferentes! Quanto mais rápido a nova organização de família estiver formada, quanto mais rapidamente conseguir esquecer o medo de proteger mais um filho do que outro, mais facilmente o irmão mais velho irá sentir-se confortável com o seu novo papel.

Não esperar muito tempo de dizer ao filho da chegada do irmão

Geralmente, os pais são aconselhados a esperar até ao fim do primeiro trimestre para calmamente falar sobre a nova gravidez com o irmão mais velho e sobre um futuro irmãozinho ou irmãzinha. As crianças, no geral, são sempre muito intuitivas e sensíveis às mudanças e ao mundo que as rodeia.

Observar a mãe um pouco enjoada ou cansada pode deixar o filho mais velho preocupado. Neste caso, é melhor ponderar anunciar-se a nova gravidez um pouco mais cedo. Para além disso, esconder a gravidez do filho mais velho durante muito tempo, ele pode ouvir uma conversa ou irá ver um gesto que denunciará a situação e pode se sentir isolado e fora da felicidade dos pais.

Como se deve anunciar esta nova fase tão feliz? Da forma mais simples possível! Sem rodeios, com a seriedade necessária, mas com especial atenção para não assustar o filho. Basta dizer que se está feliz por lhe poder dar um irmãozinho ou irmãzinha, alguém com quem vai poder brincar. Não esqueça de reforçar que ele vai ter que esperar ainda alguns meses! Uma vez que, para uma criança, um período que envolva alguns meses é algo longo e abstrato; tentar relacionar o mês do nascimento do bebé com algo que ele consiga identificar (“depois do teu dia de anos”, ou “dos anos da mãe ou do pai”, ou “quando for verão”, são alguns exemplos).

Ajudar o filho mais velho a estar consciente da gravidez

A ideia de um bebé estar a crescer dentro da barriga é um conceito difícil para uma criança compreender. Para tranquilizá-lo é preciso desmistificar o que está a acontecer. Existem inúmeros livros infantis que explicam a história da gravidez e pode-se sempre personalizar cada uma destas histórias!

Mostrar o álbum de fotografias onde existam fotografias da primeira gravidez, da barriga a crescer ao longo dos meses e dos primeiros dias de vida do filho mais velho até chegar às fotografias mais recentes. Esta abordagem certamente irá chamar-lhe a atenção. Pode-se também deixá-lo sentir o bebé a mexer-se na barriga, o que ajudará o filho mais velho a estar mais envolvido e mais preparado para o seu novo papel. Dever-se-á também envolvê-lo nos preparativos para o nascimento do irmão, permitir que ele escolha uma peça de roupa, a cor do quarto, ajudar na escolha do nome, etc.

É necessário certificar-se se que não se exagera: preparar o filho mais velho para o nascimento do bebé não significa perturbá-lo com o assunto. Estar disponível para responder às suas questões é sempre melhor ideia do que levantar dúvidas ou dar respostas que ele não pediu. Mais uma vez, ao longo desta longa fase, deve-se lembrar de tranquilizar o filho mais velho de quanto a mãe e o pai gostam dele!

Procurar novas atividades em família

Quanto mais a gravidez avança, maior será o cansaço. Aos poucos, torna-se cada vez mais difícil para a mãe fazer brincadeiras ou pegar no seu filho ao colo. Claro que o pai também estará lá para assumir as atividades mais difíceis, fortalecendo a relação entre pai e filho. Enquanto que a mãe gasta as suas energias de forma diferente.

A mãe precisa de cuidar de si própria e ao mesmo tempo tentar fortalecer os laços com o seu filho mais velho. Este é o momento do filho se tornar mais independente (arrumar os brinquedos sozinho, por exemplo). É uma excelente fase para descobrirem atividades/brincadeiras mais calmas para fazerem em conjunto.

Afinal, se se explicar desde o início ao filho mais velho que está cansada para determinado tipo de brincadeiras, ele vai compreender. Nesta fase, ele pode começar por fazer atividades mais calmas, como ver um filme ou ajudar a fazer um bolo. Quanto mais o filho participar na gravidez, mais facilmente será capaz de encarar o seu novo papel.

No regresso a casa tem que se ser firme, mas atencioso

Assim como aconteceu com o primeiro filho, ter um novo bebé em casa significa o começo de uma nova vida para os pais. É possível que os primeiros dias em que os filhos viajam juntos não sejam como se idealizava. Pode demorar algum tempo até se ver gestos de proximidade e que não deve forçar a relação entre o filho mais velho e o novo bebé.

Evitar criticar o filho mais velho ou dar-lhe demasiadas ordens. Em vez disso, é importante que se incentive a aproximação e que se tranquilize constantemente de que o pai e a mãe continuam a gostar dele da mesma maneira. Quanto mais conseguir manter a sua rotina diária (refeições, banhos, jogos com a mãe e com o pai) e quanto mais tempo tentar passar só com o filho mais velho «como anteriormente», mais ele se irá sentir confortável e eventualmente mais disposto a ver a presença de um novo bebé como algo emocionante! No entanto, é fundamental que se seja muito firme quando se trata de violência física ou verbal contra o recém-nascido. O filho mais velho vai perceber desde o início quais são os limites.

Não ter medo de lhe lembrar que o seu novo amigo é um bebé frágil, como ele já foi uma vez. E lembrar sempre de dizer às visitas não só como o bebé se está a desenvolver, mas também como tem sido a reação do filho mais velho. Contar atitudes boas do filho mais velho e elogiá-lo pode ajudá-lo a ficar mais calmo, consciente e confiante para o seu novo papel como irmão mais velho.