Esta semana na rubrica Agora, o Dinheiro, falamos sobre a influência dos pais na gestão do dinheiro dos filhos. Em tempo de férias escolares da Páscoa, este é um tema que pode juntar miúdos e graúdos em redor do televisor.

A influência dos pais na gestão do dinheiro

 

Os Estudos mais recentes sobre o papel dos Pais na educação financeira dos seus filhos revelou que existem diferenças entre a forma como mães e pais abordam a educação financeira dos seus filhos: enquanto as mulheres falam mais com as crianças sobre os assuntos do dinheiro, os homens, na maior parte das vezes, apenas dão apoio financeiro, financiam a família ou os filhos, mas falam muito menos ou nada sobre os tais assuntos financeiros. Outro aspeto curioso é os pais estão mais dispostos a ajudar os filhos a comprar um carro, por exemplo, do que a poupar para a sua própria reforma.

Por outro lado, os especialistas no desenvolvimento infantil referem que nada tem mais impacto na vida de uma criança do que o comportamento dos pais. De nada vale ensinar a fazer se, na altura de colocar em prática, os pais têm um comportamento antagónico ao seu discurso. Em suma, tem de haver uma coerência entre o que se diz e o que se faz.

E na educação financeira não é diferente! Punir uma criança porque não fez como lhe dissemos não vale de muito, se temos um comportamento contraditório. O ditado “Faz o que eu digo e não faças o que eu faço” tem pouco ou nenhum efeito prático.

Todos nós nos lembramos de expressões ou atitudes e comportamentos dos nossos pais e avós relativamente ao dinheiro. E, se nos lembramos, é porque nos marcaram, independentemente de estarmos, ou não, de acordo com todas elas.

Estudos internacionais demonstram que, por um lado, a maioria do que aprendemos sobre dinheiro é em casa, com os nossos pais. Por outro, a forma como os pais se relacionam com o dinheiro tem influência direta na forma como ensinam financeiramente as crianças.

Se recuarmos à infância, lembramo-nos que a poupança é um exemplo clássico dos valores que nos foram transmitidos pelos nossos progenitores na área financeira. Durante anos o país viveu para o aforro e todos nós ouvimos frequentemente em casa expressões como “O dinheiro não é de quem o ganha, mas de quem o poupa” ou “Grão a grão enche a galinha o papo”. Independentemente das expressões, fomos, e bem, incitados a poupar. E devemos manter esta tradição junto dos nossos filhos. É crucial manter a poupança, pois dá-nos estabilidade e segurança financeira.

Mas a educação financeira não se esgota na poupança, pelo que é fundamental mostrar bons comportamentos em relação ao cumprimento dos prazos definidos para pagamento. E aqui pode ser de uma simples conta da água, como de uma prestação de um crédito. É crucial mostrar que cumprimos as nossas obrigações financeiras.

 

Como influenciar financeiramente os filhos

 

  • Falar sobre dinheiro – falem abertamente sobre dinheiro (antes é necessário que os próprios adultos o façam e que estejam de acordo sobre os valores que querem transmitir aos filhos) e partilhem experiências (os pais podem dar exemplos do que aconteceu com a sua primeira semanada/mesada/ordenado). Nem todas as experiências têm de ser positivas. A partilha de experiências menos positivas também pode ser interessante, no sentido de os levar a refletir e aprender com os erros cometidos pelos próprios pais.
  • Incitar à poupança – comece pelos mealheiros. Mais tarde, leve-o a depositar as suas poupanças no banco, falando das vantagens. Pode mostrar um extrato da sua conta no banco ou das suas contas-poupança e mostrar o que já ganhou em juros.
  • Cumprir as obrigações – pague a tempo e horas as suas contas e a semanada ou mesada ensinando através do exemplo.
  • Levar a criança às compras – o momento da ida às compras é uma grande oportunidade para a educação financeira dos seus filhos. Leve-os às compras, ensine-o a cumprir a lista de compras e o orçamento estipulado, analisem o que é caro e o que é barato, ensine-o a analisar os preços.
  • Objetivos e orçamento – Envolva os seus filhos nos objetivos financeiros da família e acompanhem o seu cumprimento. Tão importante como partilhar o orçamento é a revisão das despesas em conjunto, para ensinar como fazer, pode definir com a criança um orçamento para a sua festa de aniversário e ir monitorizando os gastos de modo a respeitarem o limite de gastos. Isto permite ensiná-la a fazer e gerir um orçamento.
  • Permita que o seu filho assuma o controlo – para isso atribua semanadas e mesadas!
  • Aproximação ao sistema financeiro – há medida que o seu filho vai tendo maturidade, pode envolvê-lo na aprendizagem sobre o sistema financeiro. Uma ida ao multibanco, a chegada de um extrato bancário, uma visita à agência do seu banco podem ser excelentes momentos para falar de produtos financeiros e do próprio sistema bancário. À medida que os anos vão passando o nível profundidade da informação partilhada deve ir aumentando.
  • Aumentar os rendimentos – se está a desenvolver algum trabalho para aumento dos rendimentos, explique à criança porque é importante fazê-lo. Muito provavelmente tem menos tempo para ela criança, mas em vez de se recriminar por isso, explique-lhe que tomou esta decisão para alcançar os objetivos xx e yy. Este é um exemplo muito positivo, pois incute o espírito empreendedor na criança. Mas lembre-se que o dinheiro deverá ser sempre um veículo de realização pessoal e não um fim em si mesmo!
  • Dê ao seu filho oportunidades de ele ganhar o seu próprio dinheiro – apoie iniciativas que ele tenha espontaneamente e estimule outras, por exemplo lendo-lhe a história “Pai Rico, Pai Pobre” ou Os 7 hábitos das Crianças Felizes”.