Por que te candidataste à Academia RTP? 
Candidatei-me como forma de aliar o meu gosto pessoal pela escrita e desenvolvimento de ideias no meio audiovisual (que, desde sempre, me fascinou) e o meu grande interesse pela área dos conteúdos. Interesse que acabei por descobrir e vir a desenvolver durante a minha curta passagem pela Televisão, enquanto assistente de imagem e eterna observadora.
Quais são os teus objectivos para a Academia RTP 4.0?
Ainda que eu me interesse muito pela área dos Conteúdos (pesquisa inclusive) e acredite que tenho alguma imaginação e sentido analítico (desenvolvido substancialmente durante a licenciatura), assim como alguma facilidade de comunicação, seja através da escrita como da fala, sinto que ainda me faltam ferramentas que me possibilitem enveredar por este ramo profissionalmente. Ou, caso já as tenha, preciso de aprender a utilizá-las da melhor forma, de modo a conseguir dar o melhor de mim pois, como trabalho colectivo que é, o resultado depende do que cada um dá de si. Posto isto, acho que a Academia RTP me pode ajudar bastante nisso: a explorar o meu potencial ao máximo e ajudar-me a encontrar o meu ponto forte, a minha mais valia, preparando-me, assim, para o mundo profissional.
Que expectativas tens para a Academia RTP 4.0?
Acredito que a minha passagem na Academia RTP irá ser tanto enriquecedora como divertida, com muito, mas muito, trabalho à mistura. Confio nos profissionais que nos irão acompanhar e encaminhar da melhor forma e penso que, juntos, conseguiremos desenvolver um excelente trabalho. Sei que irei aprender imenso e tenho esperança, acima de tudo, que esta experiência me abra portas para o futuro e/ou me proporcione novas oportunidades.
Qual a tua área preferencial?
Produção de Conteúdos
Numa era digital, cada vez mais interactiva, a criação de novos conteúdos passa por onde? 
Actualmente e, a meu ver, a criação de novos conteúdos passa por compreender o seu público-alvo e saber tirar proveito dos vários meios e plataformas de comunicação que estão ao nosso dispor, sabendo adequá-los e fundi-los de forma coerente, garantindo que um complementa e necessita do outro para que funcione. Este conceito de transmídia, a que me refiro, permite, por um lado, cativar o seu público, dando-lhe a possibilidade de interagir directamente com o produto e até, em certos casos, de fazer parte do seu desenvolvimento. Como exemplos disso posso referir o “case study” Diário de Sofia ou, mais recentemente, programas como o The Big Picture e actuais reality shows. Por outro lado, a versatilidade deste conceito e a forma criativa como chega até ao espectador pode ser suficiente para captar a sua atenção e fazê-lo tornar-se assíduo. Eu própria sou alvo do transmídia como estratégia de marketing e como tal, vou dar o meu próprio exemplo. Como grande fã das novelas brasileiras da globo, interessei-me por um teaser que vi de uma novela e acabei por ficar a vê-la até ao fim. A dada altura, num dos episódios, surge uma personagem muitíssimo carismática e completamente fora do ambiente da novela, que aparece como se estivesse à procura de algo, interage com as personagens e antes de sair “de cena” utiliza uma expressão particular que fica no ouvido: – “Haja Coração!”. Uns dias depois deparo-me com a apresentação de uma novela com aquela personagem na capa e com aquela expressão como título. Não resisti e fiquei, mais uma vez, até ao final. Sendo que, nesta novela em especial, aconteceu algo interessantíssimo e típico de transmídia: quando uma vilã desaparece num acidente de viação e todas as personagens acham que morreu, a Globo lança na web (na sua plataforma de subscrição, onde existe uma vertente gratuita) uma mini série, a que a Globo chama de spin-off, sobre aquela personagem naufragada numa ilha deserta, onde acaba por conhecer um nativo. Ora, quando esta retorna à novela, só consegue compreender realmente a sua transformação e backstory quem viu a mini série. Como este exemplo, há outros. A globo tem-no feito de forma bastante inteligente nas novelas. Até a actual Malhação começou com pequeninos excertos na web, que serviam para apresentar as personagens individualmente e que se inseriam na série. Ou seja, por curiosidade, uma pessoa ia ver um e depois outro e, claro, ficava lá. Para concluir, considero que é este o objectivo de quem cria novos conteúdos: cativar espectadores, criar um público assíduo, entusiasmando-o e fazendo-o sentir-se especial, recorrendo ao transmídia mas, sem esquecer que o produto não é melhor por se multiplicar em muitos meios de comunicação, mas sim, porque recorre aos meios que lhe são benéficos, que fazem sentido. Como se costuma dizer, quantidade nunca foi sinónimo de qualidade e, acima de tudo, o conteúdo continua a ser o mais importante.
Quais são as tuas referências literárias, cinematográficas e dramatúrgicas? (livros, autores, filmes, etc., que foram marcantes para ti)
As minhas referências são tudo o que vejo e, como tal, estão sempre em crescimento e é difícil enumerá-las todas. Ainda assim, marcaram-me muito autores como Fernando Pessoa (A Tabacaria, entre tantos outros poemas); O Sorriso aos Pés da Escada, de Henry Miller (no qual a dureza e a sensibilidade se unem de tal maneira que é impossível não marcar quem lê esta Obra); Neverwhere de Neil Gaiman (uma Obra que me inspirou imenso porque sempre me encantou a convergência entre o imaginário e a realidade, da mesma forma que me marcou Platão com a Alegoria da Caverna). Marcou-me imenso um filme de Jacques Audiard, De Rouille et D’os, posso dizer até, que foi aquele que me fez sentir cada emoção como se fosse real e que me fez pensar que se fizesse um filme, gostaria que tivesse aquela intensidade. Marcaram-me outros como o Eternal Sunshine of the Spotless Mind, de Michel Gondry, O Fabuloso destino de Amélie Poulain, de Jean Pierre Jeunet ou, mais recentemente, La La Land de Damien Chazelle. Contudo aprecio imenso o trabalho de realizadores como Martin Scorsese, Christopher Nolan, etc. Gostaria de aproveitar para me desculpar pela falta de itálicos em todas as Obras mas o programa não me permite.
Que livro (s) estás a ler neste momento? Que série (s) andas a ver? Que filmes ou peças de teatro tens muita vontade de ver brevemente?
Livro: Good Omens de Neil Gaiman e Terry Pretchett, Séries: Big Little Lies, Taboo, Game of Thrones (à espera da nova temporada)
Se fosses uma palavra, qual serias?
Turbilhão
O que é para ti a criatividade? (vá, não nos dês uma seca! Sê criativo)
Para mim, criatividade é a combinação entre uma boa dose de imaginação, outra de espontaneidade e uma mente aberta o suficiente para dar espaço a que se fundam. E, para que tal aconteça, temos que nos “desligar” um bocadinho, pensar “outside the box”, deixar fluir o que nos vai surgindo. O que eu quero dizer com isto é que, todos os dias, passamos por inúmeras situações, vemos “n” coisas que nos inspiram ou que ficam, simplesmente, na nossa memória (mesmo que, na altura, não lhes demos a devida importância). Estamos, desde muito cedo, constantemente a absorver informação e referências que, a certa altura, se vão fundir na nossa mente e gerar ideias. Isto, se nos permitirmos deixar levar. E assim nasce a criatividade.